Semana passada, recebi uma singela, mas muito gratificante homenagem do CIOPS de Fortaleza. Na verdade, agora deve ser dito a CIOPS, pois se tornou Coordenação Integrada Operacional de Segurança. Fui homenageado pelos serviços prestados e por ter sido idealizador do projeto. Difícil esquecer o sentimento de desafio que foi a implantação do projeto. No dia 22 de Janeiro de 1999, quando ”viramos a chave” foram alguns meses de adrenalina pura. O termo virar a chave vem do fato de que os links da TELEMAR tinham que ser desviados para os telefones antigos do COPOM da Polícia Militar para os do CIOPS (então Centro e não Coordenação). A população não podia ficar nem um segundo sem atendimento e a mudança tinha que ser feita de forma totalmente transparente. Detalhe: após a virada de chave não tinha mais volta. Embora tenhamos tido intensamente planejado aquele momento, era impossível antever tudo, daquilo que era um projeto pioneiro no Brasil. Foram algumas noites sem dormir com uma equipe aguerrida dentre os quais menciono Coronel Gondim (PM), Major Sólon(BM) e Delegado Róscio além da Amiga e analista de sistemas da ETICE Lúcia Pompeu. Chegada a estabilidade, tornou-se uma referência e visitantes de quase todos os Estados vieram visitar a experiência e copiá-la. Hoje a maioria deles possui um CIOPS nos mesmos moldes. De fato, o modelo CIOPS, embora novo no Brasil, já vinha sendo adotado nos países desenvolvidos há algum tempo. Lamento muito que durante esses dez anos o CIOPS tenha ainda enfrentado tanta desinformação da mídia e mesmo de algumas autoridades. Ainda na semana passada o editorial do Diário do Nordeste deu crédito a consultoria de Bratton pela criação do CIOPS !
A Ciops é fruto do único diagnóstico de qualidade, realizado por consultoria norte-americana, contratada para sugerir a modernização da Segurança Pública no Ceará.
Creio que a carência do sistema de Segurança Pública na época (que era bem maior do que hoje) fez criar o sentimento de que o CIOPS seria o remédio para todos os males. Isso não é verdade, mas um programa persistente de redução da violência em áreas urbanas não pode existir sem uma central de atendimento de emergência eficiente. Antes da existência do CIOPS não havia nenhum sistema de coletas das ocorrências criminais. O telefone 190 estava constantemente ocupado e o atendimento era lento e impossível de ser gerenciado. Repito aqui o que já disse em outros textos em que falei sobre o CIOPS: a existência de um completo sistema de informação com registro de todas as etapas do atendimento é o ponto alto do projeto. Pauta-se assim pela transparência no atendimento, capacidade de planejamento e acompanhamento e medição de produtividade. Evidente que tudo isso de per si não é suficiente para dizer que a qualidade do atendimento é de alto nível. A questão gerencial, qualificação de pessoal e, sobretudo, a estrutura operacional de atendimento na rua da Polícia serão sempre desafios a serem vencidos e darão pano para críticas. É importante, no entanto, compreender o papel do CIOPS para poder criticá-lo de forma a não cometer injustiças com aqueles que nele trabalham, mas principalmente com a Instituição.
Um comentário:
Vasco, somente hoje li esse seu texto, mas a homenagem foi bem merecida, parabéns. Abraço
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