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segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Excessiva-qualificação
Vou chamar aqui de excessiva-qualificação quando uma pessoa tem uma qualificação acima daquela necessária para realizar suas atividades profissionais. Mas será que isso ocorre com frequencia? Não temos sempre ouvido falar de que o que ocorre é a falta mão de obra qualificada para ocupar cargos vagos no mercado? Claro que dependendo do País e do contexto, isso ocorre em diferentes proporções. Durante meu doutorado na França, há dez anos atrás, já convivi com esse fenômeno. Meus colegas franceses recém doutores não encontravam trabalho em universidades ou em empresas que faziam pesquisa e aí acabavam por se ocupar em atividades que exigiam minimamente de sua qualificação. Na Europa, havia (e ainda há) muito PhD disponível e o contexto de recessão que sempre rondou o Velho Mundo torna o processo de excessiva-qualificação um problema real. Evidente que, como já disse em textos anteriores (acesse aqui), a capacitação para pesquisa traz, além da qualificação técnica, uma formação adjacente que é ampla e útil para a resolução de problemas em geral, o que, sem sobra de dúvidas, pode ser aproveitada pelo mercado de diversas formas. Não há dúvida, no entanto, que isso nem sempre é simples de ser conseguido. Vale ressaltar que excessiva-qualificação não se refere somente a PhDs ou pessoas que estudaram muito. É algo bem mais abrangente. Semana passada estive conversando com algumas pessoas da Polícia Militar e da Guarda Municipal e vi claramente esse fenômeno presente. A febre de concursos públicos para cargos com salários atraentes e a estabilidade inerentes ao Serviço Público leva uma legião cada vez maior de pessoas com qualificação acima da necessária para o cargo a assumir cargos que lhes exigem bem menos daquilo que podem dar. Conversei com soldados e patrulheiros municipais que estavam extremamente desmotivados porque se achavam mal aproveitados nos seus trabalhos. Tinham que fazer nada motivadoras rondas de patrulha em prédios públicos ou em ruas e avenidas e só. Eles achavam que podiam render muito mais em outros setores e em outras atividades e que não eram percebidos. Tinham mágoas de suas Instituições. Quando lhes alertei que suas Instituições talvez necessitassem de gente para fazer exatamente o que lhes eram solicitados, percebi que passaram a compreender claramente que estavam em situação de excessiva-qualificação. Alguma receita? Não por mim. Os gerentes e as próprias pessoas que se encontram em situação de excessiva-qualificação devem buscar trilhar seus caminhos. E ainda, por favor, me entendam. Não estou querendo dizer que qualificações podem ser excessivas e que não devemos buscar tê-las. Na verdade, minha intenção foi só de introduzir o problema porque quero refletir sobre a relação entre Excessiva-qualificação e Crowdsourcing em um próximo texto. Confiram!
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