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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Cooper Atrapalha o Trânsito: Continuamos Estragando Boas Idéias
Uma matéria do Diário do Nordeste de 28 de janeiro com o mesmo título da primeira parte do título deste texto chamou-me atenção (clique aqui para ver a matéria ). De início, o próprio título da matéria me causou espanto. Numa cidade onde os pedestres nunca têm a prioridade, o título em questão é no mínimo inusitado. Podem os coopistas ser os causadores de tamanha façanha? O inverso me soaria mais natural. É o trânsito desregulado da cidade que não permite a prática de ciclismo, nem de corridas sem que o praticante arrisque sua vida. O corpo da matéria descrevia que alguns motoristas se queixavam pelo fato da prefeitura destinar um espaço na Avenida Beira-mar das 5 as 8 da manhã para os coopistas. Ao fazer isso, o espaço para os veículos foi reduzido e engarrafamentos passaram a ocorrer frequentemente. Como sou freqüentador casual desse espaço pelas manhãs, pude testemunhar os problemas. Como muitas das coisas no nosso País, trata-se de mais um exemplo de boa idéia e péssima implementação. É claro que destinar um espaço público ao cidadão para prática do esporte é uma boa idéia e trata-se de iniciativa louvável (vejam o exemplo de Paris que mencionei aqui). Mas ao fazer da forma atual, a Prefeitura arrisca estragar mais uma boa idéia (outros dois textos sobre estrago de idéias está aqui e aqui). A iniciativa requer um pouquinho de planejamento e ação interdisciplinar (não muito!). Há dois problemas cruciais no trânsito da Beira-mar: o estacionamento de carros da Avenida e a parada de ônibus de turismo. Os dois problemas podem ser resolvidos com um pouco de engenharia de trânsito e capacidade de articulação com o setor de turismo. Não se admite que cada ônibus de turismo tenha que obrigatoriamente parar na porta de cada hotel da orla. Porque não criar espaços próprios para paradas dos ônibus na própria avenida (ao se restringir o estacionamento de veículos de passeio nessas áreas se ganharia espaço para tal). Porque não destinar outros espaços para os ônibus nas vias de acesso a Beira-Mar? Porque não negociar como setor hoteleiro e com as agências de viagem um pequeno escalonamento de horário para o embarque e desembarque de passageiros visto que o fluxo é muito concentrado em alguns horários durante o dia? E principalmente,porque não colocar agentes de trânsito para coordenar o trânsito e educar os transeuntes e motoristas nos horários de engarrafamento: Normalmente isso só é necessário em períodos curtíssimos (no caso da manhã, o problema se concentra entre 7 e 8 da manhã). Não quero ser exaustivo nas soluções até porque não sou especialista em engenharia de trânsito, mas me parece claro que há alternativas, não muito complicadas, para que todos se sintam atendidos e respeitados. Agora, sem uma ação integrada e planejada, decididamente, não dá. Vejam o que disse o secretário de esportes sobre o assunto. “O que aconteceu é que muitos guias de turismo e pessoas ligadas à hotelaria se sentiram incomodados porque os ônibus não podem mais estacionar no meio da via. Até porque isso é proibido pela Código Nacional de Trânsito”. Não podem, mas o fazem, secretário, o fazem diariamente e é por isso que o problema ocorre. Criar o hábito de parar no meio da rua para recuperar os hóspedes é um desrespeito às leis, sim, mas infelizmente os órgãos responsáveis não estão presentes para repreender os abusos. É preciso entender que uma cidade bela e turística significa uma cidade onde as regras são seguidas e as instituições são respeitadas por buscarem resguardar o interesse da coletividade. Isso não estamos vendo na Beira-mar. Aliás os problemas mencionados ocorrem à noite também mesmo sem haver espaço reservado para os coopistas.
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