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quarta-feira, 31 de janeiro de 2007
Fórum Nacional de Segurança Pública
Estou participando com grande satisfação do Fórum Nacional de Segurança Pública. Um grupo eclético e com muitas competências de todo o País. Minha experiência de oito anos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para Segurança Pública levou-me a ser convidado a participar e apresentar opiniões em um assunto tão complexo. Recentemente estive trocando emails com membros do fórum sobre o quanto algumas polícias no Brasil têm avançado em um aspecto importante para a melhoria de suas atividades: o desenvolvimento gerencial. Trata-se de uma verdadeira mudança cultural que está se buscando colocar em prática nas organizações policiais. Busca-se realizar atividades de forma mais planejada, com definição de indicadores e acompanhamento dos mesmos. Em minhas mensagens, relatei como a tecnologia da informação é agente importante neste processo de mudança cultural e de como isso foi e está sendo usado no Ceará. Enfatizo que a tecnologia por ela mesma não é suficiente. Não se trata de se ter computadores mais modernos e sofisticados. Há que se ter a visão de que o fundamental é a gestão da informação e de como isto pode ajudar a atingir os objetivos de controlar a criminalidade. A qualificação de pessoal em gestão dentro das academias de polícia já está em andamento em alguns estados. Creio que essa iniciativa poderia ser seguida por mais instituições públicas. Afinal todos nós precisamos do propalado choque de gestão. Em breve estarei divulgando o site do Fórum que está em construção.
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terça-feira, 30 de janeiro de 2007
Ensino Universitário e Ciência: Mea Culpa
Prosseguindo sobre o aspecto do reconhecimento da sociedade à pesquisa científica, queria tocar num ponto que considero essencial. Refere-se a nossa própria postura, professores universitários, no que tange ao ensino da ciência e do seu papel na sociedade e no futuro de um país. Em quatro ou mesmo cinco anos de um curso de graduação na universidade, tiramos algum tempo para ensinar algo sobre a pesquisa científica aos nossos alunos? Pelo menos informações básicas que os motivem a aprofundar conhecimento ou pelo menos os façam reconhecer sua importância. Parece-me que não fazemos muito isso. Tenho dado palestras sobre o assunto e não me surpreende mais, escutar dos alunos que não sabem nem o que é mestrado e muito menos a diferença para o doutorado. Nem sabem o que é uma tese. Não têm uma definição clara do que vem a ser e nem como se faz pesquisa científica. E por aí vai. Aqueles que se engajam em programas de iniciação científica (que são uma minoria) têm a possibilidade de conhecer mais. Os outros ficam totalmente ignorantes. Qual a conseqüência disto? Quando se tornarem empresários, trabalhadores públicos, profissionais liberais, enfim quando abraçarem sua profissão, eles terão dificuldade de reconhecer o valor de um cientista. Serão presas fáceis para os estereótipos pejorativos. Não é preciso procurar muito para encontrar um cidadão que considera que um cientista é um cara alienado, meio doido, tipo a foto famosa do Einstein descabelado e com língua pra fora. Como querer fazer cooperação Empresa-Universidade num contexto desses? Mea Culpa.
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sábado, 27 de janeiro de 2007
A Relação da Academia com a Sociedade
Um aspecto que me atrai particularmente na sociedade americana, que já tinha observado na sociedade francesa quando vivi quatro anos durante o doutorado, é que ela tem uma clara percepção da importância da pesquisa científica no bem estar da sociedade. Ser um pesquisador ou professor universitário que desenvolve pesquisa é uma profissão extremamente reconhecida. O cidadão comum tem uma percepção de que a ciência tem um papel importante na vida dele e na vida dos seus filhos. Mesmo se essa percepção é superficial e não há conhecimento profundo sobre os meandros do conhecimento cientifico, há reconhecimento. Presenciei várias iniciativas de jornadas “portas abertas”, onde a universidade convida a sociedade para conhecer o que ela está fazendo. Normalmente é um dia em que os pesquisadores e professores demonstram seus trabalhos e explicam o que estão fazendo para as pessoas “comuns”. O mais interessante é que eles conseguem explicar os assuntos os mais diversos e complexos de forma didática e divertida. As crianças adoram. É emocionante! Evidentemente que este não é o único fator para criar o reconhecimento, mas acho emblemático.
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A Pesquisa em Informática
Em se tratando da experiência americana no que se refere ao contexto da pesquisa em Informática, que é o que estou fazendo aqui, provoca-me sentimentos antagônicos. Se por um lado aumenta minha motivação por estar percebendo que aprendo mais cada dia. Por outro lado dá um enorme desânimo ao perceber o quanto estamos em desvantagem no Brasil. O ambiente de pesquisa aqui é extremamente rico e dinâmico. As duas mais conceituadas universidades são Stanford e Berkley que nutrem uma saudável rivalidade. Acho que a rivalidade é mais de Berkley com Stanford. Pois Stanford prefere nutrir a rivalidade com o MIT (no lado leste, em Boston) para se considerar a melhor Instituição tecnológica dos EUA. Alem das universidades, todas as grandes empresas de informática estão aqui: IBM, Google, Microsoft, Apple, SAP, HP, só para citar algumas. Todas essas empresas desenvolvem pesquisa internamente ou em conjunto com as universidades. Já dá pra perceber por que então há tanto dinamismo. Toda semana recebo a programação de palestras que ocorrem na região. Imagine um círculo de aproximadamente 20 Km2 com centro em Cupertino. Acesso fácil em torno de 15 a 30 minutos. São em torno de 20 palestras por semana! Gente do mundo todo que expõe suas idéias, as mais novas. O aprendizado é por osmose. Não precisa fazer força. A palavra-chave é interação. Conte sua idéia, argumente, fortaleça-a através da discussão. Aqui vai uma primeira questão a refletir. Porque interagimos tão pouco no Brasil? E no Ceará, então? Vivemos encastelados fazendo nossas pesquisas como se fossem para nos mesmos. Será que é por medo de se expor? O fato de sermos menores (em numero) deveria ser um fator que fortalecesse a interação, é mais fácil de se conhecer. Tenho algumas opiniões do que dificulta isso. Discorrerei em outro momento. Por enquanto deixo a pergunta no ar.
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Experiência Americana
Estou há mais de 10 meses vivendo no coração do Vale do Silício na Califórnia, na cidade de Cupertino. Alguns poucos quilômetros da Universidade de Stanford, onde faço meu pós-doutorado no Knowledge System Laboratory (KSL). Considero que já tenho um pouco de background para refletir sobre o que estou chamando de a experiência americana. Por esta razão escreverei alguns textos sobre como vejo a vida aqui. Detalhe: a Califórnia é riquíssima. Se fosse um país seria mais rico que o próprio EUA e a região do Vale do Silício é o centro de produção desta riqueza: onde se encontra a indústria de informática. Este contexto pode fazer-me um pouco tendencioso nas minhas opiniões. Dêem um desconto.
Vamos ver o que vai dar
Decidi criar meu blog. Depois de algum tempo relutando se deveria fazê-lo, decidi começar. Vários fatores me fizeram relutar. Creio que minhas dúvidas são as de muitos outros ao iniciar: será que alguém vai ler? Será que terei fôlego para manter a interação? Terei fôlego para mantê-lo atualizado? Custou um pouco para perceber que estas perguntas não tem muito sentido. Não tenho obrigação com ninguém, e por isso mesmo não tenho obrigação de mantê-lo atualizado nem de responder a todos que me interroguem. Além disso não me cobro ter coerência em tudo o que digo, nem estar correto sempre. Escreverei com o nobre sentimento de puder dizer o que sinto e o que penso. Sem ambições, nem pretensões. Só pelo prazer de falar e quiçá de conversar. Vamos ver no que vai dar.
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