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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Meus votos ao novo prefeito


Passada a disputa, o concreto agora é que Roberto Claudio vai ter que arregaçar as mangas e trabalhar muito. Se não bastasse o desafio de ser prefeito de uma cidade cheia de problemas e desigualdades, será ainda o prefeito da Copa. Um desafio que traz consigo boas oportunidades.

Oportunidades como as que já vêm sendo discutidas pela mídia, sociedade organizada e governo de cunho econômico, de mobilidade urbana e de infraestrutura básica. Queria, no entanto, discorrer sobre uma não menos relevante: a oportunidade de gerar uma corrente de participação do cidadão fortalezense. Eleições acirradas movimentam a paixão dos eleitores e por isso mesmo os fazem se engajar. A Copa de Futebol é um ingrediente a mais nesse contexto. Cabe ao novo prefeito aproveitar a oportunidade e criar condições para que o engajamento persista e mais do que isso contagie a todos.

Creio que sua primeira tarefa é dar mostras aos fortalezenses que tem  identidade própria. Mais do que apadrinhado por um ou outro, ele é agora credenciado por mais da metade dos eleitores fortalezenses.  Isso é que vai contar daqui pra frente. Será isso que permitirá que escape dos estereótipos de rejeição que predominaram nessa eleição. Tem que ser o prefeito de todos.

Tenho escrito sobre o papel do homem público na tarefa de liderar um movimento de melhoria de postura do cidadão em relação à cidade. Precisamos de um animador, um educador social, enfim, um líder. Roberto Claudio terá a sua oportunidade para fazer isso. A campanha e a vitória serviram para mostrar que ele tem luz própria. Afinal, se estamos a falar de oportunidades, não podemos deixar de reconhecer que ele aproveitou a que lhe apareceu. Nem todos conseguem ver o cavalo selado. Menos ainda são os que nele montam. Espero que consiga elevar o nível da política municipal, da administração pública e que consiga criar  esse senso de engajamento.

* Artigo publicado no O Povo de hoje na coluna Opinião



domingo, 21 de outubro de 2012

E os vencedores são ...


Independente do resultado das eleições na semana que vem, creio já ser possível apontar os vencedores. Um deles é Heitor Ferrer. Trata-se de um vencedor não só pela expressiva votação que obteve, mas especialmente pela forma como não conseguiu ir ao segundo turno. Não ganhou, mas levou algo que não é fácil de conseguir na política: credibilidade.

De quebra ganhou muito espaço na mídia. Primeiro pela forma como perdeu, supostamente decorrente das falhas nas pesquisas, o que ecoou significativamente. Depois, usou bem sua intuição quando decidiu não apoiar nenhum dos dois candidatos ao segundo turno. Acabou conseguindo tanta notoriedade como se estivesse na disputa. No segundo turno, se falou mais de Heitor do que dos candidatos.

O outro vencedor foi Luizianne Lins. Ela, quer gostem ou não de sua administração,  demonstrou pela segunda vez que tem um feeling político sem igual. Já está na história da política cearense. Não da forma como Maria Luiza Fontenele pelo pioneirismo, mas pela liderança.  Não bastasse a forma com foi eleita pela primeira vez, contra tudo e contra todos (inclusive Lula), ela voltou a arriscar quando lançou o candidato isoladamente. Apostou alto. Se deu bem.

Os Ferreira Gomes tinham preparado todo o terreno para ocupar o espaço de centro-esquerda. Cooptaram os petistas mais entusiasmados por cargos e ávidos por chegar logo ao poder. Luizianne percebeu toda a manobra. O que estava em jogo era mais do que a eleição municipal deste ano. Tratava-se, na verdade, da disputa pela hegemonia política no Estado. Ah se suas decisões administrativas fossem tão acertadas quanto as políticas ! 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Não quero perder meu voto


Escutei recentemente a frase que é título desta crônica com uma frequência que me surpreendeu. Fez-me refletir. 
A circunstância das eleições municipais na Capital, onde vários candidatos tinham boas intenções de voto, fez com que muitos fortalezenses decidissem seu voto por um critério que a meu ver soa, no mínimo, estranho: votar no mais provável a ganhar, pois afinal “não queriam perder o seu voto”.
Quero esclarecer primeiramente que acho que a grande vitória de todos os eleitores é a de possuir o poder do voto e de usá-lo como considerar correto. Por isso não me agrada discutir o mérito da escolha por um ou outro candidato. Não critico nem mesmo a opção pela não-escolha via voto nulo ou branco (embora particularmente nunca opte por ela). 
No entanto, considerar que o voto bom é aquele dado a quem supostamente tem mais chance de ganhar parece-me equivocado. Afinal, não estamos falando de aposta em uma corrida de cavalos, não? Seria isso fruto de nossa sociedade 
competitiva em que temos sempre que nos mostrar vitoriosos? Talvez, mas o cenário vivido em Fortaleza continha um agravante. 
Estive com frequência rodeado por pessoas que consideravam Heitor Férrer (PDT) o melhor candidato, mas mesmo assim não declaravam que votariam nele porque achavam que ele não iria ganhar. Pois é, ele não ganhou. Não se saberá jamais se teria ido ao segundo turno se esses eleitores tivessem agido diferente. Espero que o resultado final da apuração os tenha feito refletir sobre sua postura.
Afinal, pensar que é possível saber o vencedor antes da eleição é dar valor demais às pesquisas e valor de menos ao candidato e ao próprio voto. Resta-me racionalizar: o exercício da democracia se aprende na prática e nós brasileiros temos ainda pouca experiência. Que o episódio dessa nossa eleição sirva-nos como aula a não ser esquecida do que deve ser um voto vitorioso. 
* artigo publicado na coluna Opinião do jornal O Povo de hoje

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ninguém Segura os Smartphones

O gráfico abaixo, anunciado como uma boa notícia, dá uma clara dimensão do que está ocorrendo hoje na Web. Ele mostra o incremento do tráfego da Internet em telefones celulares. Atualmente ele já é 10% do total. Em breve será maior do que o acesso por meio de PCs.

Moral da história: para que seja mesmo uma boa notícia para nós, profissionais de Informática, temos que desenvolver para celular moçada !


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Tecnologia e Segurança Pública

Abaixo o vídeo com minha palestra realizada em São Paulo há alguns dias onde falo sobre Segurança Pública e Tecnologia da Informação. A apresentação fez parte de um seminário coordenado por Luis Nassif do portal Dinheiro Vivo.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Os Seios da Princesa, Paparazzi e Internet: Um mistura explosiva


Qual manchete vende mais? o cachorro mordeu o homem ou o homem mordeu o cachorro? Essa pergunta anedótica ilustra o quanto a mídia precisa chamar a atenção de seus leitores. Os eventos incomuns constituem excelente oportunidade para isso.

O topless, prática das mulheres não usarem a parte superior do biquíni nas praias, é extremamente comum na Europa. Os anos 60, marcados pelos movimentos de liberdade feminista na Europa, foram a época de início da prática de topless nas praias europeias, prática que persiste até hoje, embora em declínio.

Essa semana pensei nesse tema ao ler sobre o impacto causado pela matéria de um jornal sensacionalista francês que mostrou fotos da esposa do príncipe William da Inglaterra em topless durante as férias de verão. Mais do que o abuso da privacidade da princesa que foi perseguida por um Paparazo em um castelo privado e que usando câmeras com potente zoom conseguiu capta-la, o que me atraiu na história foi a perspectiva da disseminação do sensacionalismo via Internet.

Sempre houve gente bisbilhotando a vida das celebridades com o objetivo de exploração comercial, pelo simples fato de que vende. Nesses nossos tempos de veiculação rápida e global da informação  isso tem componentes mais agudos. Dentre eles o choque cultural. É aí que insiro a questão do topless. Embora comum na Europa, tem sua aceitação variada de país a país. Alguns como o nosso, é curioso, meio fetiche, meio desafiador, mas, não chega a ser agressivo. No entanto, há aqueles em que tal prática é vista de forma muito pejorativa, agressiva mesmo.

Celebridades como o príncipe e a princesa não podem mais ter comportamento condizente somente com a cultura deles. Precisam ser politicamente corretos com um mundo que cada vez mais se radicaliza. Deve ser frustrante. É muita proibição. Mas a busca por audiência que era monopolizada pelos meios de comunicação oligárquicos, agora tornou-se paranoia de todo pequeno produtor de conteúdo na Web. Enfim, tem muito mais gente querendo explorar as mordidas dos homens nos cachorros. São sinais de nossos tempos.

sábado, 6 de outubro de 2012

Professores e Startups: zona de conforto deslocada


O breve artigo do Prof. Michael Stonebraker na ACM Communications deste mês trouxe uma mensagem que merece compartilhamento. Stonebraker é professor e pesquisador do MIT e um dos pioneiros nas pesquisas em banco de dados relacionais. Atualmente faz pesquisas sobre como explorar eficientemente “big data”. Com o aumento exponencial dos dispositivos de coleta de dados nas nossas vidas, já produzimos mais de 1.8 zetabytes de dados por ano. Isso preencheria 57.5 bilhões de iPads de 32 Gigabytes.

Mas não é a pesquisa de Prof. Stonebraker que me chamou mais atenção, foi sua atuação como empreendedor. Já fundou e vendeu várias startups e continua investindo seu tempo em criar novas empresas e novas ideias. Abaixo segue sua mensagem:

“ Se um professor/cientista só publica papers na universidade, tem pouca chance de ver suas ideias se tornarem realidade, pois é difícil haver transferência tecnológica. Se ele procura uma grande empresa para vender suas ideias, muito dificilmente as terá comprada. A saída é fazer uma startup e tentar por si". 

Ter a coragem de deslocar a zona de conforto que se forma na carreira tradicional de pesquisa acadêmica não é nada fácil.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Educação vai às ruas


Ao ler uma recente matéria do O POVO sobre como o lixo depositado nas ruas gera poluição nas praias, vi-me impelido a retornar à questão da cultura cidadã. A matéria ressaltava que a ação inadequada do cidadão ao sujar a cidade provocava dano em um dos maiores bens públicos que o próprio cidadão tem o direito de desfrutar: as praias. A Praia do Futuro, bastião do turismo cearense, era a vítima da ocasião e estava imprópria a banho.
Quero aqui enfatizar o papel educacional destinado ao poder público que vai além da sala de aula. A postura dos cidadãos no seu cotidiano pode e deve ser educada. Usar a criatividade em campanhas de conscientização é a melhor estratégia educacional que se pode querer. Mostrar as consequências de atos que aparentemente não causam danos diretos ao cidadão é uma dessas estratégias. Não é incomum ver as próprias pessoas que sujam as ruas reclamarem da falta de limpeza das praias.  Elas não se veem como causadoras do problema.
O grande desafio para tornar essas campanhas efetivas é fazer com que sejam apropriadas pelo cidadão. Precisam gerar o sentimento de contágio. As pessoas têm que se sentir impelidas em participar, pois devem começar a perceber que os outros estão participando. Alguns mais céticos poderiam dizer que nossos governantes não sabem fazer isso. Digo que sabem, sim. O fazem muito bem quando querem se eleger. A mesma dinâmica usada durante uma eleição que visa criar um movimento em torno de uma ideia ou de um nome de um candidato deve ser usada durante o governo.
Prestemos bem atenção aos candidatos durante a campanha. Em especial na forma tenaz e perseverante que terão para conseguir nosso voto. Peçamos para que sejam puxadores de uma grande campanha chamada “educação vai às ruas”, usando, para começar as altas verbas de publicidade que possuem. Seria um excelente começo para contagiar a sociedade. A nós cabe reagir proativamente. Afinal se chegamos a pensar que os governos pensam que somos idiotas, cabe-nos deixar de agir como se fossemos.
* Artigo publicado na coluna Opinião do O Povo de hoje.