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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Números Jornalísticos

Gosto de exercitar o olhar crítico. Vejo-o como uma característica fundamental de um pesquisador. Jogar esse olhar para as cenas cotidianas, pode inclusive ser considerado um papel social do acadêmico. A mídia ultimamente tem sido o alvo de meus olhares. Na semana passada, aconteceu algo que me chamou atenção por perceber imprecisões em matérias jornalísticas nos dois grande jornais da cidade em um mesmo dia. O Diário do Nordeste colocou em sua primeira página o seguinte cabeçalho “Detran flagra 40 motoristas embriagados por dia no CE”. Minha primeira reação foi a de pensar: puxa! Que número cabalístico esse 40! Nem mais nem menos? Será que o pessoal do DETRAN para de multar quando o número chega a 40? Quando se lê a matéria, conclui-se que havia imprecisão como eu já esperava. Aliás, não há somente imprecisão, há muita confusão. Os números são os mais diversos e mesmo a média de 40 por dia, que assumi que era o que o jornalista queria informar, não se consegue identificar. Foram 1238 condutores multados desde janeiro, o que dá uma média de 62 por dia. Vejam a matéria aqui e entendam o que quiserem (ou puderem). No mesmo dia o Jornal O Povo, noticiou que “Só 0,05% dos cearenses investe em ações”. Veja a matéria aqui. Outra notícia que imediatamente me saltou os olhos. Sabedor de que boa parte das aplicações financeiras feita pelos bancos contempla alguma parte em investimento em ações, achei estranho um número tão insignificante. Nesse caso, a própria editora de economia do jornal me esclareceu que havia um engano na matéria. O correto seria referenciar-se aos investimentos diretos feitos pelos cidadãos na bolsa de valores. Esse dois exemplos são lamentáveis porque acho que o uso de dados e números é uma das estratégias que mais deve ser perseguida pelos meios de comunicação. Se contrapõem à matérias que buscam generalizar conceitos só com base em exemplos e depoimentos de pessoas (o que infelizmente é bem comum hoje em dia). Pode ter sido só coincidência.

Um comentário:

Mário Aragão disse...

Não. Não é coincidência, acontece esse erro em muitas matérias, querem usar do "imprenssionalismo" (desculpem-me a invenção do trocadilho) e arredondam ou distorcem mesmo os números. É fato, e triste.

Agora, já que falamos em números, gostaria de saber para onde vai tamanha arrecadação, que com certeza inchou nos últimos meses, depois da Lei Seca?