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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mensagens criptografadas e Sigilosas na Policia

Surpreendeu-me fortemente uma matéria do Jornal O Povo desta semana que discorria sobre mudanças no sistema de rádio-comunicação da Policia Federal. Nessa matéria, o jornalista descreve o novo sistema digital de transmissão digital e que permite enviar mensagens criptografadas.

Para os menos habitués com os termos técnicos, a criptografia é a técnica de confundir uma mensagem de forma que a mesma não possa ser inteligível por outro que não o(s) receptor(es) visados pelo destinatário. A técnica de criptografia é muito usada em meios militares, pois mensagens sigilosas capturadas pelos inimigos podem causar um grande estrago. O cinema é rico de filmes em que a temática foi tratada.

Mas o que mesmo me surpreendeu? O fato de que a Secretaria de Segurança, segundo o secretário-executivo da SSPDS, estar querendo comprar um sistema similar, que seja digital e permita criptografia. Na verdade, não é o interesse de adquirir um novo sistema que me surpreende, mas o fato de que a cúpula da Secretaria de Segurança não sabe que o sistema que eles têm hoje já é digital e que permite inclusive a comunicação com mensagens criptografadas. Vejam o que é dito na matéria:

Joel Brasil(secretário-executico da SSPDS) avalia a tecnologia Tetrapol ID como “muito boa”. De acordo com ele, o modelo é seguro por trabalhar de forma digital. O sistema de hoje é analógico.

O sistema de rádio da SSPDS foi comprado há cerca de dez anos, é digital e já na época comportava a possibilidade de enviar mensagens criptografadas. Esse mesmo sistema fornece um conjunto de ferramentas para evitar interceptação de mensagens. Olhe que não dá nem para dizer que o pessoal que hoje está na SSPDS não sabe disso, pois o atual diretor do CIOPS foi um dos que participou do processo de implantação do sistema.

Além dessa falta de informação preocupante, devo dizer ainda que na minha passagem pela SSPDC (antiga SSPDS), percebi que dentre as vulnerabilidades que permitem vazamento de informação sigilosa, a arapongagem da escuta de ondas de rádio é uma das menos adotadas pelos bandidos. Há outras alternativas bem mais simples e menos onerosa que vão desde comprar informações diretamente de policiais e funcionários como usar o próprio rádio do policial por um certo momento. Todas essas formas estão ligadas ao elo fraco na cadeia de Segurança: gente. Evitar que esses vazamentos ocorram com acompanhamento, gestão, fiscalização e capacitação é um desafio bem mais complexo do que comprar equipamentos.

Por fim, vale a pena mencionar a fragilidade da matéria. Frente a informação governamental, cabia pelo menos procurar entender um pouco mais sobre o sistema de comunicação hoje existente. O título da matéria "Estado adotará Comunicação Segura” deixa dúvidas se essa comunicação hoje é insegura. Caso seja, não vejo indícios de que é por limitações técnicas do sistema de comunicação atual.