Volto ao tema da inovação que já foi objeto de algumas reflexões aqui e aqui. Lembro, primeiramente, que a FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico do Estado do Ceará) está com três editais de subvenção econômica para empresas em aberto.
Participei, semana passada, de várias reuniões em que empresários cearenses expuseram suas dúvidas, queixas e dificuldades para fazer inovação. Algumas dúvidas e problemas foram mencionados e que achei merecerem reflexões.
Outro questionamento comum é sobre a necessidade de se ter um pesquisador na equipe técnica. Não é obrigatório contar com um pesquisador na equipe, mas é salutar que isso ocorra. Pesquisadores normalmente tem o perfil para responder a uma das perguntas que mais atormenta o empresário: “Essa ideia é inovadora?”. Como pesquisadores são obrigados a estarem na fronteira do conhecimento, eles têm naturalmente a visão do que pode se constituir uma inovação. Evidente que isso não exime o feeling que os empresários têm sobre se a ideia dá dinheiro.
Quase todos se queixam que é muito pouco tempo par fazer um projeto e mesmo para achar colaboradores. Se a postura das empresas for a de reação à editais de fomento, essa queixa vai continuar a ocorrer. Muitas vezes algumas empresas pedem-me indicações de colegas pesquisadores para assinar projetos que já estão preparados. Querem doutores de aluguel! Impossível isso acabar bem. Inovar é um processo que deve estar internalizado nas organizações e a cooperação com a academia deve ocorrer independentemente de um edital específico. Os pesquisadores devem conhecer as potencialidades da empresa e os problemas que as impedem de crescer. Só assim conseguirão vislumbrar oportunidades. Quem ainda não começou a se preparar já está atrasado. O Brasil acordou para a inovação e não há nada que indique que isso vai se acabar logo.
Outros dois aspectos mais pontuais e que se referem à feitura dos projetos são os seguintes. Algumas empresas apresentam projetos de inovação com pouca ou nenhuma relação com o que ela tem expertise ou experiência. É preciso lembrar que os avaliadores vão buscar verificar se a Empresa tem condição de desenvolver o projeto. A experiência demonstrada na área que se propõe o projeto é determinante para ser bem avaliado.
Muitos projetos apresentam valores para aquisição de equipamento e insumos muito elevados e sofrem cortes bruscos. É preciso compreender que a subvenção visa subsidiar o processo de inovação e não o processo de produção. É comum a apresentação de propostas em que os equipamentos e muitas vezes os insumos são em volume injustificáveis para a inovação. Por exemplo, se para desenvolver a inovação é preciso comprar um insumo, espera-se que o volume necessário para isso seja somente em escala para uso em laboratório. Depois da inovação feita, cabe ao empresário buscar outros recursos para comprar os insumos em volume em escala industrial.
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