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quarta-feira, 20 de março de 2013

Onde estão os criminologistas?


Como a (in)segurança pública nunca sai de pauta no Brasil,  vejo  com frequência a mídia em busca de especialistas, para opinar sobre temas relacionados. Instado por uma repórter a definir qual seria o perfil do especialista que poderia apropriadamente falar sobre uma pergunta relacionada à dinâmica do crime na cidade de Fortaleza, vi-me nesta reflexão que aqui compartilho com o leitor.

Embora ainda com certa timidez, a Academia participa hoje do debate sobre Segurança Pública no Brasil. A faceta multidisciplinar do problema requer uma visão ampla que envolve fatores ligados à violência (sociologia/psicologia), à legislação(direito), à concentração de renda (economia), à ética(filosofia), à estrutura urbana (arquitetura e urbanismo) e ao tratamento da informação (informática), para exemplificar alguns. Temos vários grupos de pesquisa que estudam a Segurança Pública por esses e outros vieses Brasil afora, que somados aos Policiais Militares com formação específica nas suas academias, podem muito bem serem considerados especialistas.

A despeito da riqueza que é a produção de conhecimento advindo de todas essas áreas, creio que carecemos de uma formação específica presente na maioria dos países desenvolvidos: a de criminologista. Esses países possuem tanto graduação como mestrado e até doutorado em criminologia.  

Ouso ir além nesta reflexão: não é somente na produção de conhecimento que criminologistas nos fazem falta.  O mercado de trabalho também precisa deles. Creio haver muito espaço nas Polícias Civis para empregá-los. Afinal, se estamos de acordo que precisamos de uma polícia que faz mais investigação e usa  mais inteligência, não seria esse o perfil desejado para um delegado, por exemplo ? A formação exclusivamente legalista é a ideal para a polícia investigativa que precisamos?

Essas perguntas nos levam a refletir sobre a própria forma de atuação das Polícias Civis, submersas em atividades cartoriais como emissão de boletins de ocorrência e feitura de inquéritos intermináveis, os quais são,  geralmente, refeitos na Justiça. Este sim me parece um debate importante. Com a palavra: os especialistas !

* Artigo publicado no O Povo ontem na coluna Opinião

3 comentários:

Leonardo Sá disse...

Meu caro Vasco, escrevi um texto dialogando e respondendo ao teu texto. Intitula-se Onde estão as autoridades? Abraço. http://crimeviolenciasegurancapublica.blogspot.com.br/2013/03/onde-estao-as-autoridades.html

Vasco Furtado disse...

Excelente o texto de Leonardo. Recomendo

Unknown disse...

Policiólogo...