Vou reproduzir uma piada que escutei do Prof. Tarcísio
Pequeno recentemente e que não me sai da cabeça. Ela tem muito a ver com o
mundo de empreendedorismo digital que, junto com alunos e desbravadores,
descubro.
“Um grupo de pessoas observava caranguejos em água fervendo na panela quando um deles percebeu que um caranguejo estava a escapar de destino tão cruel. Havia conseguido atingir a beirada da panela o que lhe permitiria dar um impulso e fugir da mesma. Alertado por um dos observadores de que um dos caranguejos estava a escapar, aquele que promovia o evento culinário disse tranquilamente – não se preocupe esses caranguejos são cearenses. Paralelamente a esse comentário, aquele que fez o alerta, observou que outros caranguejos haviam puxado o que estava por fugir.”.
Se tal piada representa ou não a cultura cearense, difícil de garantir.
Certamente pode-se trocar os cearenses por outras categorias e/ou
nacionalidades dependendo do contexto ou interesse. O que creio ser interessante ressaltar é
que nesses nossos tempos de empreendedorismo na Internet, em sendo verdade, tal
comportamento traz prejuízos incalculáveis.
Boa parte de novos empreendimentos na Internet requerem
viralização para serem bem sucedidos. Ou seja, precisam que as pessoas se
engajem e se motivem a divulgar, a disseminar e a trabalhar pela causa. Requerem igualmente a formação de comunidades virtuais envoltas em modelos de negócio que se baseiam em situações de ganha-ganha. As
razões de tal engajamento podem ser devidas a motivações intrínsecas (de caráter
individual) ou extrínsecas (fatores externos). Por outro lado, razões para o
não engajamento como inveja, preconceitos ou competição predatória são destrutivas e mesmo catastróficas aos empreendedores. Geram situações de perde-perde.
Já não vivemos em um ambiente onde viralizar coisas seja
fácil, pois não temos conectividade e reputação suficientemente impactantes
como em outros lugares do planeta. Por exemplo, tudo que é lançado no MIT,
Havard, Vale do Silício e similares é notícia, se espalha com incrível rapidez
e nós mesmos cearenses nos apressamos a retuitar, postar no Facebook e divulgar
com ânsia e orgulho como se fizéssemos parte daquela realização. Tudo do que
não precisamos é de um sentimento de que se for iniciativa daqui, temos que
puxar para dentro da panela. O “nem tu, nem eu” vai nos deixar fervendo e escalpelando. Afinal, será que somos assim mesmo?