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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Chame-me, se puder



Não chego a pensar que a privatização do sistema de telefonia ocorrido anos atrás tenha sido prejudicial ao País. Lembro-me de que ter uma linha telefônica era privilégio de poucos e se tratava de um investimento tão valioso como ter um imóvel. Impossível imaginar a inserção brasileira no mundo atual de Internet e telecomunicações globais se não houvesse mudança naquele contexto. Isso não pode nos impedir de questionar o que está errado no modelo atual de telefonia, em especial o da telefonia móvel.

O nível de saturação do sistema chegou a um ponto sem precedentes. Um ponto que só deixa-nos, nós clientes com nossos cada vez mais modernos telefones celulares, a apelar para a chacota e as piadas. Não há mais como suportar o péssimo serviço ofertado pelas  operadoras de telefonia móvel.

Recentemente depois de muito penar com uma operadora peregrinei entre outras só para confirmar o que já sabia. A qualidade do serviço é sofrível em todos os níveis e em todas as operadoras. A péssima qualidade do serviço de transmissão de voz e dados se alia a não menos ruim qualidade do serviço de atendimento aos clientes. Serviços de call center e os de atendimento nas lojas com longas esperas e pouco eficazes são a regra. Cheguei a passar pela absurda situação de nem conseguir me inscrever numa operadora a qual já era cliente de telefonia fixa. Faltavam dados cadastrais, disseram-me. Não entrei onde já estava dentro. Só rindo mesmo.

Transmissão de voz e dados é cada vez mais crucial no cotidiano de nossas vidas e tornou-se estratégico para o desenvolvimento de um País. Alie-se a isso a explosão da demanda impulsionada pelo maior poder aquisitivo do brasileiro. Essa combinação torna impossível tratar o tema como sendo exclusivamente de interesses privados. No momento atual, somente a concorrência, que deveria ser a mola mestra para melhorar a prestação dos serviços, não parece conseguir produzir a resposta que os clientes requerem.

A fragilidade dos serviços prestados expõe igualmente as deficiências do Estado no seu papel de regulador, fiscalizador e indutor. A despeito dos esforços demostrados pela ANATEL com algumas ações pontuais de punição às operadoras como foi o caso com a TIM recentemente, não me parece que ela tenha sido capaz de provocar muitas mudanças no que está posto. Algo mais tem que ser feito urgente.  A situação atual é uma grande piada, mas de mau gosto.

* artigo publicado na coluna Opinião do Jornal O Povo de hoje

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