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quarta-feira, 2 de maio de 2012

As Belas Calçadas de Fortaleza


A matéria do jornal O Povo sobre uma pesquisa feita pelo Mobilize Brasil em que as calçadas de Fortaleza são consideradas pelos entrevistados como as melhores do Brasil vem a calhar, no momento em que começaremos a falar de eleições e consequentemente de pesquisas e de como as mesmas são apropriadas pela mídia.

A pesquisa foi feita por uma OSCIP(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), fundada em 2003, e que atua nas áreas de educação, cultura e cidadania, chamada Associação Abaporu, organização sem fins lucrativos que lançou o projeto Mobilize Brasil. Não pude conseguir maiores detalhes sobre a OSCIP.

Surpreendente me foi a forma como o jornal O Povo lançou a material sem contestar sua validade da mesma ou nem mesmo perguntar sobre os detalhes metodológicos que pudessem apoiar uma análise um pouco mais elaborada de quem tivesse interesse de saber como os resultados foram obtidos.

Concluir que Fortaleza tem as melhores calçadas do País é um contrassenso tão forte que logo a notícia virou piada nas redes sociais. Achei que a estóia ia parar por aí mesmo, mas quando li o artigo da prefeita Luizianne Lins se vangloriando das calçadas da cidade e usando a pesquisa em questão, decidi participar da conversa. Para começar escrevi ao portal Mobilize Brasil para pedir maiores informações. Enviei a seguinte mensagem:

“Bom dia,
Queria parabeniza-los pela iniciativa de olhar as calçadas brasileiras, mas temo que a estratégia que vocês adotaram acabe piorando o que já está. A pesquisa que fizeram em algumas calçadas em algumas cidades e que são certamente não podem ser consideradas representativas da condição de todas as calçadas de uma cidade, deixa-nos(cidadãos preocupados com a questão) a mercê de "interpretações" (para não dizer manipulações) dos governos. Estarei escrevendo um artigo no jornal sobre a questão e queria que vocês me dessem mais detalhes sobre a metodologia usada para a escolha das ruas e quantidade das mesmas. Quem deu as notas? Os entrevistadores eram os mesmos? Qual a margem de erro em função de interpretações ou erros de coleta?  Qual a validade de se comparar as cidades? Podemos dizer, como disse a prefeita no jornal e que causou enorme espanto e virou piada dos fortalezenses, que Fortaleza tem as melhores cidades do Brasil?”.

Após uma resposta, me posicionarei. Me parece claro que as pesquisas devem ser compreendidas em sua amplitude e detalhe para podermos dizer que elas realmente expressam. Acho que os meios de comunicação também devem começar a fazer esse exercício.

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