Aaai, aaai, ai, ai, tá chegando a hora!
Vivemos de crise em crise na Segurança Pública. Parece que nos acostumamos com elas. Crises que matam inocentes, vitimizam permanentemente minorias, escravizam cidadãos de bem e dizimam jovens. Mesmo assim não somos capazes de prover mudanças consistentes para a área. Está sendo necessário que os próprios responsáveis por resolver esses e todos os outros problemas de segurança e que vivem na cruel realidade gritem em alto e bom tom: NÃO DÁ MAIS. As greves e as ações irresponsáveis, marginais e descontroladas dos policiais não podem ser vistas simplesmente como luta por salario. É algo maior.
Durante a greve aqui no Ceará, escrevi sobre o quanto os governadores estão reféns das forças de segurança, em especial da PM, e do quanto as reformas da polícia requerem atuação do governo federal. Não deveria nos surpreender as crises atuais que eclodem justamente na época em que nosso País festeja a alegria.
Talvez a última reforma a ser feita pós-ditadura seja a de nossas forças de segurança. Hoje em dia elas estão disformes, acéfalas e perdidas. Não as queremos mais militares, da forma como sempre foram, mas não determinamos como devem sê-las. As diretrizes mínimas de respeito aos direitos humanos são compartilhadas pela maioria, mas são minimalistas e soam ingênuas quando vistas isoladamente. Há muito mais a ser feito.
O que caracteriza uma verdadeira reforma nas policias? Qual o modelo de gestão deve ser implantado? Como substituiremos os dogmas militares de disciplina absoluta e amor a pátria, quase cego, por algo que seja tão forte e que permita atuações corajosas, disciplinadas e respeitosas em situações de confronto que infelizmente não são exceções na nossa sociedade tão violenta? Como avaliar a produtividade das forças de segurança? Como monitorar, investigar e punir os desvios? Como requalificar e educar o contingente atual e o novo que entra? Por fim, quanto estamos dispostos a pagar por esta conta e, em particular, aos agentes de segurança?
As greves atuais tem que ser o derradeiro estopim. Crise maior só uma guerra civil. A elite brasileira não pode mais se esconder. O governo federal tem que tomar uma posição. Os governadores têm que se unir e pressionar o Congresso Nacional. Precisamos de um pacto nacional amplo como os que fizemos quando do combate à economia frágil. Já chegou a hora (e passa rápido).
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