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quarta-feira, 6 de maio de 2009

Exames de Detecção de Câncer de Próstata Salvam Vidas?

Extremamente interessante a reação de algumas pessoas quando descrevo o estudo científico publicado no New England Journal of Medicine e divulgado no caderno de saúde do New York Times(NYT). Antes de refletir sobre as diferentes reações, deixem-me resumir o que compreendi do estudo. Ressalto que se trata de um assunto que não é minha especialidade e por isso mesmo não possuo conhecimento sobre o estado da arte na área. Novos estudos que se contrapõem a esse que vou descrever podem surgir, mas atualmente o estudo em questão parece ser bem atual. A fonte principal em que baseei minha interpretação foi a matéria do NYT com o título “Prostate Test Found to Save Few Lives” (Descoberto que teste de câncer de próstata salva poucas vidas). São dois os estudos que mostram que fazer testes anuais que buscam identificar a existência de tumores, como o teste de PSA, salva poucas vidas e levam a riscos e tratamentos desnecessários a uma grande quantidade de homens. Vou buscar resumir o que dizem os estudos.Para maiores informações consultem diretamente a matéria do NYT aqui. Os testes, ditos de detecção, como toque, PSA e, em último caso, biópsia, visam indicar se uma pessoa tem um tumor. O que dizem os especialistas é que na maioria de casos de câncer de próstata, os tumores tendem a crescer muito lentamente (ou não crescer) e não constituem uma ameaça a vida dos pacientes. Para o caso dos tumores que crescem rapidamente, mesmo que se faça diagnóstico cedo, a probabilidade de se salvar vidas é pequena. Os estudos — um na Europa e outro nos EUA — foram considerados pelo médico chefe da Sociedade Americana de Câncer como os mais importantes na história da saúde masculina. As conclusões do estudo europeu indicam que, dentro de um intervalo de dez anos, para cada vida salva com o tratamento cirúrgico em função dos testes, 48 homens tiveram tratamento desnecessário. Dito outramente, suponha que alguém faça um teste de PSA hoje e depois uma biópsia revela que essa pessoa tem câncer, o que a leva ao tratamento. Há uma chance em 50 que, em 2019, ele tenha tido a vida salva pelo tratamento. Por outro lado, há 49 chances em 50 que a pessoa tenha sido tratada desnecessariamente para um câncer que não ameaçaria sua vida. Na verdade, na medicina, essa postura, digamos conservadora, ocorre em muitos outros problemas. O problema é que os efeitos colaterais do tratamento do câncer de próstata, apesar dos avanços, ainda são muito traumáticos. Ele pode levar a impotência, incontinência e algumas vezes a dores na hora de defecar ou diarréia crônica quando radiação é feita. A matéria do NYT coleta depoimentos de vários médicos que dizem o quanto o estudo é importante porque ele permite informar os pacientes da validade de se fazer anualmente os testes de detecção com dados concretos, coisa até então inexistente.
Um dos estudos envolveu 182 mil homens em sete países europeus; o outro aproximadamente 77 mil homens em 10 centros médicos nos EUA. Em ambos, os participantes foram randomicamente selecionados para fazer ou não o teste preventivo. Os dois grupos foram seguidos por mais de uma década. Comparações entre o grupo que fazia os exames preventivos e o grupo dos que não faziam mostraram que as vidas salvas, por se fazer os testes de detecção, foram pouquíssimas. No estudo europeu, nos primeiros sete anos, não houve nenhuma melhoria no grupo dos que fizeram os testes. No americano houve uma redução de 13% na taxa de mortalidade no grupo dos que não fizeram os testes! Em 1990, quando os estudos começaram, se acreditava que os testes de detecção reduziriam o número de mortes em 50%. Houve muito debate e crítica ao estudo, pois se dizia antiético fazer com que algumas pessoas não se submetessem aos mesmos. Na Europa esse problema não existiu muito, pois a política pública de boa parte dos países da Comunidade Européia não prevê a realização dos testes de detecção. O fato é que a redução de 50% não veio a ocorrer, o que de certa forma ratifica os estudos. O estudo americano ainda vai continuar a acontecer e os participantes serão acompanhados. Talvez em um prazo mais elástico haja uma mudança nas conclusões que hoje estão sendo tiradas. Os avanços nos métodos cirúrgicos para que se reduza os efeitos colaterais também devem ser considerados. De qualquer forma, as conclusões dos resultados desses estudos certamente forçarão as autoridades mundiais de saúde a refletir o impacto das mesmas na política pública de muitos países. Em um próximo texto vou refletir um pouco sobre a reação das pessoas ao serem apresentadas a esse estudo.

Um comentário:

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