Zorba, O Grego é um filme clássico onde o não menos clássico
Anthony Quinn (mexicano J)
dança o Sirtaki em uma praia de um pequeno vilarejo da belíssima ilha de Creta.
Recentemente, encontrei um Flash Mob,
produzido pela comunidade grega em Ottawa, CA, em que a música e a dança
encantam o público na rua. Vejam-no abaixo e comparem com a clássica cena do
filme.Opa!
Eduardo Giannetti escreveu um livro de título Auto-engano. Trata-se de refletir sobre a hábito humano de mentir para si mesmo o tempo todo. Vejam abaixo o que é dito no resumo do livro
Mentimos para nós o tempo todo: adiantamos o despertador para não perder a hora, acreditamos nas juras da pessoa amada, só levamos realmente a sério os argumentos que sustentam nossas crenças. Além disso, temos a nosso próprio respeito uma opinião que quase nunca coincide com a extensão de nossos defeitos e qualidades. Sem o auto-engano, a vida seria excessivamente dolorosa e desprovida de encanto. Abandonados a ele, entretanto, perdemos a dimensão que nos reúne às outras pessoas e possibilita a convivência social.
Nos últimos dias, com a derrota da Seleção, lembrei-me com frequencia desse termo. Recebo diariamente textos que relacionam a derrota brasileira com todo tipo de mazela de nossa sociedade e do nosso País. Dizem, em geral, que a derrota brasileira é reflexo de nossa sociedade pobre de valores pautado no trabalho, na honestidade e coisa e tal.
Neles(nos textos) é patente o auto-engano. É incrível como as pessoas que bradam só vêem o problema nos outros. Dito de outra forma a la Giannetti "temos a nosso próprio respeito uma opinião que nunca coincide com a extensão de nossos defeitos".
Descobrimos que o País precisa de educação embora não percebamos a nossa própria falta de educação em atos simples do dia a dia, percebemos que o Brasil precisa de honestidade, sem conseguir perceber nossas práticas habitualmente desonestas, percebemos que o País precisa de comportamento cívico e social, como se nossos hábitos deletérios e danosos à vida comunitária não existissem e assim adiante.
Esse festival de auto-engano é talvez um dos primeiros problemas a resolver para que possamos ter um País diferente. Seremos capazes de perceber e mudar?
As fotos abaixo são de como ficaram os dois quadros que emolduram as medalhas que conquistei na minha vida de esportista. São 61 medalhas que agora estão em lugar de destaque no escritório de minha casa. A maioria delas referentes a campeonatos de basquete, embora haja uma variedade razoável.
As medalhas contam um pouco de minha trajetória e valem meu orgulho. Alguns momentos memoráveis em competições nacionais e estaduais. Confesso aqui no entanto que o que mais me motivou a preparar os quadros e a escrever esse texto foi o fato de que elas só existem ainda, porque meu pai as guardou durante esses cerca de 40 anos.
Nunca fui muito ligado em colecioná-las. Durante um certo tempo, lembro que tinha receio de que parecesse esnobe. Depois, com o passar do tempo, esse descaso foi mesmo fruto de minha ignorância histórico-cultural. Dias atrás, quando as vi na casa de meu pai, caiu a ficha. Era um pouco de minha história. Conquistadas, literalmente, com meu suor.
Meu pai teve a sabedoria e a paciência de guarda-las. Creio que ele sabia que minha ignorância havia de ser passageira. Este post é assim uma forma de agradece-lo pela guarda e pelo ensinamento.
Percebo que
alguns filmes que nem estão cotados como top
podem me tocar de forma marcante. Fiquei pensando se poderia descrever o que
então caracterizaria esse meu gosto. São filmes despretensiosos a princípio, mas
que, vão gradativamente me surpreendendo. Possuem quase sempre uma temática
relacionada às minhas pesquisas sobre o impacto da tecnologia na vida das
pessoas. Dois exemplos que merecem menção: Julie e Julia e, mais recentemente, A Vida Secreta de Walter Mitty.
Julie e Juliaretrata a vida
de Julia Child, autora de livros de culinária e uma das pioneiras a explorar o
tema da gastronomia e das receitas culinárias na televisão norte-americana e de
Julie Powell uma tele-atendente do ramo de seguros que decide escrever um blog
sobre o principal livro de Julia. A vida das duas protagonistas é descrita de
forma intercalada.
O filme me encantou porque retrata de forma leve e descompromissada as
diferenças do mundo da comunicação do final do século XX para o mundo deste
início de século. O filme apresenta conceitos chave da economia digital de
nossos dias. Em especial, ele exemplifica ainda o que significa cognitive
surplus e remix.
Cognitive Surplus foi lançado
por Clay Shirky em sua palestra na Conferência Web 2.0 em San Francisco. Ele acredita
que as pessoas vão cada vez mais usar o tempo que têm disponível para realizar
atividades que lhe interessam “cognitivamente”, i.e. que lhes acrescentem
conhecimento, cultura ou meramente prazer. Julie, no filme, faz exatamente
isso. Precisa se realizar, o que o trabalho rotineiro decididamente não lhe
permite, e para isto resolve escrever um blog.
O segundo conceito, o de Remix, foi lançado
por Lawrence Lessig em seu livro de mesmo nome . Lessig
é um advogado que em seu livro desconstrói o conceito de direitos autorais (copyright) tal como ele é hoje. Ele
advoga por uma reformulação das idéias de base do conceito e um de seus
argumentos repousa na, cada vez maisfrequente,
capacidade das pessoas de renovar (remixar?)
produtos com diferentes abordagens, apelos e normalmente em uma mídia
digital.
No filme, Julie, em seu blog, faz exatamente
isso. Ela explora o livro de Julia e tenta reproduzir as receitas lá descritas.
É uma espécie de revisitação das receitas e dos desafios de reproduzi-las. Não
quero descrever todo o filme, mas basta salientar que as diferenças do sistema
de marketing e publicidade dos
trabalhos das duas também está presente no filme. Mesmo para os que não estão
muito afeitos à tecnologia, recomendo o filme mesmo que somente pela versátil
atuação de Meryl Streep ao interpretar Julia.
Já A
Vida Secreta de Walter Mitty me conquistou mais ainda. Trata-se de um remake
do Homem de oito vidasproduzido em 1947 com Danny Kaye e Virginia Mayo. A nova versão produzida pelo
filho do produtor da versão original Samuel Goldwin Jr. tem Ben Stiler como
diretor e ele mesmo atua como Walter Mitty. Walter é um sujeito sonhador e responsável pelo departamento de arquivo e
revelação da tradicional revista Life.
A revista deixará de ter uma versão
impressa para ter apenas conteúdo online e aí começa uma história com enredo
divertido e com dois aspectos que me chamaram fortemente a atenção.
Novamente vem à
tona os impactos provocados pela Era Digital. Walter está em vias de ser
despedido, muito embora tenha trabalhado com afinco para a Empresa durante
longos anos, simplesmente porque sua função, a de revelar fotografias, deixará
de existir. Aliás, quem no futuro conhecerá alguém que revelava fotografias?
Outro fato
revelador (com o perdão do trocadilho) dessa nossa Era é a relação de Walter
com um atendente da e-harmony, um
site destinado a encontrar namorados(as). Walter, por ser alguém de vida
simples e pacata, tem um perfil muito pouco atrativo. Nesses nossos dias de
superexposição midiática, redes sociais e etc. estamos a todo momento buscando
nosso momento de celebridade. Um artigo no Facebook contando nossas aventuras e
que recebe vários curtir é uma massagem forte no ego, não? Walter, no entanto,
tem pouca possibilidade de contar algo a ser curtido, a ser invejado, a ser
compartilhado. Ele tem tão pouco a contar, é, por isso, pouco atraente (so boring)
Mas por que não
contar seus sonhos? Eles lhe parecem tão reais! Aliás, mesmo para o espectador
é difícil distinguir o que é sonho e o que é realidade na vida de Walter. Aqui
para nós, mentir em perfis virtual não é nada muito extraordinários, não?
Pesquisas sobre a veracidade do que se diz em sites de encontros e namoros
mostram que as pessoas tendem a ser bem benevolentes consigo mesmas. As pessoas
são sempre “um pouquinho” mais bonitas, inteligentes, despojadas, enfim, são aquilo
que querem ser. Walter conseguiu isso?
Sem querer contar
mais sobre o filme, não posso, no entanto, deixar de mencionar os efeitos
visuais, os cenários e a fotografia que formam outros grandes méritos do filme.
Para finalizar, não poderia deixar de escrever sobre a ótima
trilha sonora, em especial, a mixagem feita em Space Oddity do grande David Bowie (já havia postado outra ótima
dele aqui) com
a própria atriz Kristen Wiig. Escutem-na abaixo e tenham também uma breve ideia
da belíssima fotografia.
Alguns me perguntaram sobre o que achei da pesquisa da ONG mexicana veiculada recentemente no Fantástico. Há um ano, tinha escrito no Blog sobre o ranking de criminalidade da referida ONG. Ele já indicava a posição crítica de Fortaleza (dizia que era a 13a. mais violenta do mundo). Veja aqui o que escrevi na ocasião. Em resumo, tinha exposto os erros da pesquisa e da veiculação acrítica feita pelo O Povo. Um ano depois os erros da pesquisa e da forma como foi exposta, desta feita pela Globo, persistem.
Enfim, tanto a pesquisa como a matéria do Fantástico são imprecisas, mas o fato é que a sensação de insegurança chegou a um nível que tornou a discussão técnica um detalhe. Detalhe este que os fortalezenses não estão nem mais interessados em discutir.
Tudo isso é lamentável. Mostra um estado de descrença e de indignação que não me parece levar a nenhuma medida efetivamente positiva. As manifestações nas redes sociais e por vezes dos cidadãos nas ruas estão cheias de clichés e soluções mágicas que servem mais para demonstrar nossos preconceitos do que outra coisa.
Queria muito que toda essa indignação pudesse nos levar para uma pauta concreta de melhorias no setor. Vamos ver se isso ocorrerá no debate eleitoral que se aproxima. Confesso que não estou muito confiante.