Deparei-me pensando sobre banheiros, eleições e política. Antes que o caro leitor relacione isso tudo com mau odor e derivações (o que, aliás, seria uma inferência mais do que justificada) deixem-me esclarecer.
Ao acompanhar o noticiário sobre o que está sendo chamado de escândalo dos banheiros, li uma matéria sobre como se portaram a maioria dos deputados estaduais quanto à questão. Barraram a abertura de uma CPI, relativizaram tudo e decidiram que nada daquilo era com eles. Na matéria havia uma foto de deputados com quem cheguei a me identificar um dia e até, reconheço, forneci meus votos. Numa época, não muito longínqua (pelo menos gosto de pensar assim) em que defendiam ética, espírito público e uma nova forma de fazer política. Hoje eles são governo. E não é pouco não. São governo municipal, estadual e federal. Conheceram o poder. Defendem tudo que deles vêm. Não têm limites.
Viro a página do jornal. Leio outra matéria. Desta vez veicula-se a forma com as lideranças políticas se articulam para apresentar os candidatos à eleição municipal. Os que detêm o poder se organizam para manter o status quo. Cada um com seu pedaço, tudo dominado. Me pergunto: mas será que isso não os incomoda mesmo? Seria somente a nossa (minha e deles, mais minha obviamente) ingenuidade de jovens que nos fez acreditar no propagado outrora?
O escândalo dos banheiros além do mérito em si, escancara, à fossa aberta, a situação de nossa política. E aí, começo a achar que não há mesmo outra relação mais significativa do que o fedor.
Tout d’un coup torno-me um otimista. Lembro-me que as eleições municipais chegarão em breve e o fortalezense já demonstrou em outros momentos que não coaduna com jogo de cartas marcadas.
* Artigo publicado na coluna Opinião hoje no Jornal O Povo
* Artigo publicado na coluna Opinião hoje no Jornal O Povo
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