A Internet através da Web tem mudado gradativamente a forma de se viver em sociedade ao proporcionar, dentre outras coisas, novas formas de interação entre as pessoas, negócios inovadores e que permitem inovar também na relação dos cidadãos com os governos. Para que isso ocorra em plenitude, há que se criar uma nova postura governamental no trato da informação pública que deve ser fundamentada na transparência e participação.
Em se tratando de Segurança Pública, transparência e publicidade de dados sobre a criminalidade são pontos nevrálgicos dos governos brasileiros. As informações sobre onde, quando e porque ocorrem crimes são tratadas equivocadamente como sigilosas. A Grã-Bretanha, um dos países mais avançados no conceito de Governo Aberto, é um bom exemplo de como mudanças nessa postura têm sido feitas. Lá a Polícia abriu, aos cidadãos, todas as ocorrências criminais com a exata localização geográfica e horário de onde ocorrem. Nos EUA o mesmo ocorre. As polícias americanas perceberam que quanto mais as pessoas entenderem o que está acontecendo no seu bairro, mais elas podem ajudar.
Abrir-se à sociedade siginifica estabelecer canais de diálogo franco e proativo. Embora difícil, pois é uma mudança cultural, isso é recompensador, porque trata-se de um meio para se obter credibilidade da população e fortalecimento da participação. As pessoas estarão dispostas a participar, se confiarem no governo e nas informações que lhes são postas à disposição. Não é o que acontece atualmente no Brasil onde o que se vê são constantes dúvidas quanto à credibilidade das estatísticas oficiais. Últimas estimativas feitas no País, mostram que mais de 50% dos roubos e furtos em grandes cidades não são nem comunicados à Polícia.
Aqui no Brasil, começamos um projeto de pesquisa que deu origem a um site inovador chamado Wikicrimes(http://www.wikicrimes.org). Trata-se de um espaço de utilidade pública que permite o acesso e registro de ocorrências criminais pelo próprio cidadão no computador diretamente em um mapa digitalizado. Hoje WikiCrimes coleta dados sobre crimes de diversas fontes o que levou o surgimento de vários serviços públicos úteis aos cidadãos. É possível, por exemplo, saber, a partir de um smartphone, sobre a quantidade de crimes que ocorreram na região que a pessoa se encontra. Mais de 10.000 brasileiros já se inscreveram no site.
Fiz correspondências aos Secretários de Segurança Pública de todos os Estados solicitando que ponham seus dados em WikiCrimes para benefício da população. Não consegui sensibilizá-los ainda. Reforço aqui esse convite. Quero convidar a todos aqueles que mantêm dados oficiais sobre a criminalidade (que vale lembrar: são públicos) aprisionados em seus bancos de dados, para que os libertem. Eles serão o vetor transmissor de uma relação de parceria com a sociedade que tende a ser muito frutífera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário