Ao ler a notícia sobre a, ufa!, inauguração de parte do
metrô de Fortaleza lembrei que tratava-se de uma obra iniciada em 1999. Treze
anos foram necessários para que viesse a trazer benefícios aos cidadãos. Não pude
deixar de relaciona-la ao Plano Estadual de Segurança Pública lançado àquela
mesma época.
A demora na inauguração do Metrô de Fortaleza é
indubitavelmente um símbolo do fracasso da política cearense e do descaso do
governo federal. Nada justifica tanto tempo a não ser uma enorme
desconsideração pelas causas do Estado. O término da obra, no entanto, pode
servir de exemplo positivo devido a um aspecto que aqui quero explorar. Por
mais que tenha demorado, os diferentes governos que passaram e o atual tinham
trilhos a seguir e o fizeram. Havia um projeto, uma obra em andamento e um
objetivo claro a se atingir. Desde o governo Tasso Jereissati até o atual
governo, passando pelo governo de Lúcio Alcântara, cada um deu sua
contribuição.
Na Segurança Pública infelizmente os trilhos definidos em
1999 não foram suficientes para guiar os governos anteriores. Esse á um dos
problemas da área. Ela nunca é tratada como algo supragovernamental. Cada
governo que entra quer lançar sua solução e assim, tome ideia “inovadora”.
Hoje vejo que o plano de 1999 tinha suas limitações, mas não
porque o que propunha era errado. Tinha no entanto uma visão exclusivamente
centrada na visão da Polícia sobre Segurança. Os aspectos preventivos e a
participação da comunidade tinham sido contemplados com a formação de Conselhos
Comunitários de Defesa Social, mas isso é claramente limitante. Esses aspectos
têm que ser tratados numa escala mais abrangente pelo próprio Governo do Estado
em articulação com outras esferas e poderes. Mencionei isso no artigo anterior a este.
Os aspectos relativos à atuação da Polícia eram e ainda são
muito atuais e pertinentes. Previa-se integração das polícias, foco na polícia
investigativa com suporte da polícia científica, mensuração de resultados, uso
intensivo e disseminado de tecnologia da informação, um novo plano de
qualificação de pessoal, etc. Nada muito diferente do que os especialistas
ainda hoje sugerem para qualquer governo. Só que as implementações dessas
medidas variam muito. Diferente de um projeto de engenharia como o MetroFor em
que as especificações são detalhadas e assim compartilhadas no tempo com as
diferentes equipes de responsáveis, os planos de segurança não têm o mesmo
nível de detalhe em seus projetos, ou se têm, não são seguidos. Enquanto isso,
é só peia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário