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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Aumento de Salário Implica em Melhoria da Segurança?

O Jornal O Povo me pediu para responder à seguinte pergunta: "As conquistas obtidas na greve pela PM implicam em melhoria na Segurança Pública?". Minha resposta foi NÃO. Preferiria dizer que não necessariamente, mas como não tive a opção de responder diferentemente de sim ou não fi-lo assim. Os argumentos para a resposta estão logo abaixo e na página de confronto de ideias do Jornal que foi às ruas hoje. Minha opinião foi confrontada com a da antropóloga Jânai Aquino, coordenadora científica do Laboratório de Estudos da Violência da UFC. Vocês podem ler a resposta dela aqui.


" Qualquer melhoria na segurança pública passa obrigatoriamente por uma mudança nas condições de trabalho dos policiais. Salário digno e uma carga horária mais adequada são condições que potencializam o surgimento de melhorias.  Mas daí a vê-las ocorrendo, há ainda um bom percurso. 
Primeiro, é sempre bom reforçar que segurança pública não se resume à Polícia Militar (PM). É algo maior que requer trabalho integrado em diversas frentes: sistema prisional, sistema preventivo (incluindo assistência social), sistema repressivo e sistema judiciário. Como a grande maioria das instituições públicas que compõem esses sistemas são extremamente vulneráveis (vide greve da Polícia Civil), o resultado é a nossa insegurança pública atual. Há ainda que se mencionar que esses sistemas têm órgãos em diferentes esferas, o que dificulta as integrações. Por exemplo, prefeitura e estado têm que atuar fortemente integrados no processo preventivo, enquanto o governo federal tem papel crucial no controle das armas. 
 É fato de que a atuação da PM é importantíssima e que a presença da mesma nas ruas afeta a sensação de segurança, mas exclusivamente isso tem efeitos efêmeros e imprevisíveis. Se vemos por uma lado a sensação de segurança criada pelo Ronda do Quarteirão, mesmo que contradito pelos dados reais da criminalidade, por outro lado, vemos uma também injustificada sensação de insegurança, capaz de paralisar uma grande metrópole, quando ocorre uma greve.
A PM pós-greve é a mesma de antes, com suas virtudes e defeitos. Deficiências históricas relativas à baixa qualificação dos policiais, impunidade e falta de acompanhamento psicológico e social dos envolvidos com drogas, só para exemplificar algumas, vão continuar existindo e precisam ser minimizadas para que os avanços conseguidos na greve possam realmente se transformar em melhorias para a segurança pública."

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