Recentemente lutas livre, com as mais diferentes nomenclaturas, e o Big Brother dominaram a mídia. Ao acompanhar notícias sobre um e outro na Internet sempre encontro comentários antagônicos que vão ao completo desprezo até o entusiasmo apaixonado dos fãs.
Não sou fã nem de um nem de outro, mas confesso meu fascínio sobre como essas coisas conseguem tão fácil e amplamente capturar a audiência. Há claramente aqui um apelo por “nossos sentimentos os mais primitivos”, parafraseando Dep. Roberto Jefferson. Sabe-se que antes mesmo de conhecer as formas de expressão, como a fala ou a escrita, as lutas sempre existiram como o intuito de demonstrar os sentimentos humanos através da força. Esse apelo ao instinto violento é algo muito forte.
Como é forte também o apelo ao sexo, em particular, ao voyeurismo presente nos BBBs da vida. O prazer de observar sem ser visto, que via de regra se refere à observação às espreitas das relações íntimas de outrem vem desde a antiguidade. A cultura oriental é pródiga em pergaminhos onde as intimidades de casais eram observadas por outros.
Genético ou não, é fato que são práticas antigas. O voyeur e o lutador estão nas nossa sociedade em grande voga, pois ao apelo instintivo, alia-se o poder de propagação dos meios de comunicação e o profissionalismo como se estuda os sentimentos da audiência como o intuito de cativa-la. A espetacularização da violência, do sexo e da cultura da celebridade é construída com detalhe minucioso.
Mas isso não significa que há como se ter controle dos efeitos dessa audiência. Por exemplo, como os jovens e as crianças vão reagir? Reproduzirão a violência assistida? Mas a imprevisibilidade não está somente nos espectadores, o próprio “espetáculo” pode ter resultados inesperados como a morte dos lutadores. Um suposto estupro transmitido ao vivo pela maior rede de televisão aberta do País é outro exemplo deste descontrole. A Rede Globo adora pousar de educadora e cívica. As telenovelas contemplam com frequência cada vez maior mensagens de moral e postura cívica. Já comentei como acho isso inadequado aqui. Como manter a coerência com o incentivo a essas novas modas?
Numa época em que estamos adotando diariamente novas formas de proteção dos direitos humanos contra abusos, violência, preconceitos, etc. nos vemos por outro lado impulsionando os espetáculos fomentadores dos tais instintos primitivos. Estamos ou não numa época cheia de contradições?
Um comentário:
Grande Vasco,
Excelente observação !
Acredito que sempre existiram esses movimentos de transmitir para a população, com a tecnologia ou metodologia da época, algo fora do que entendemos como moral ou ética.
Talvez na época das vedetes, existia uma maior possibilidade de controle.
Parabéns e um abraço
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