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terça-feira, 4 de outubro de 2011

“Escolas: menos empresa, mais educação!”

O título deste artigo reproduz um apelo feito no Twitter e que me chamou a atenção pela pertinência. Numa época em que abundam pela cidade propagandas patrocinadas pelas escolas privadas de Fortaleza sobre suas (discutíveis) façanhas em exames disto e daquilo, refleti sobre o que se espera que nossas escolas eduquem. Lembrei-me imediatamente do festival de falta de educação que se vê no trânsito frente às escolas, diariamente, nos horários em que pais vão transportar seus filhos. Há desde o desrespeito ao trânsito até agressões e discussões entre pais. Justamente o local onde deveria se aprender o certo, pratica-se diariamente o errado.   

Permitam-me compartilhar algumas experiências que tive quando de minha estada em outros países. Na Califórnia, no primeiro dia que fui transportar minha filha à escola, vi um senhor organizando o trânsito com um grupo de crianças (alunos da escola) de 6 a 9 anos que usavam coletes de trânsito e indicavam onde as pessoas deveriam parar. Na reunião de pais e mestres descobri que se tratava do diretor da escola. Na França, minha experiência foi similar. A escola tinha um local de estacionamento distante da entrada e todos tinham que deixar os carros lá e caminhar com a criança até a entrada. Nada de querer parar na porta da escola como é hábito aqui. A diretora da escola também participava do controle do trânsito.

Isso não é óbvio? Não há melhor momento e local para aprender a como se comportar no trânsito do que na chegada e saída da escola. E ainda por cima, há alguém com mais moral para fazer o controle do que o responsável máximo pela escola e as próprias crianças? O fato é que nesses países está muito claro de que a missão da escola é também educar cidadania, e isso deve envolver os pais, que devem ser responsáveis pelos bons exemplos. Esperar que a criança entre na sala de aula para só então ser educada, dissociada do contexto e da sociedade em que vive, é totalmente imbecil.

Querer que isso faça parte do rol de atividades de nossas escolas, em especial das privadas, é demais? Embora isso não seja cobrado no ENEM, no ITA, no vestibular ou seja lá no concurso que for, como acho que deveria ser cobrado pela sociedade, faço meu, o apelo feito no título.  


* Artigo escrito no Jornal O Povo de hoje

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