Cerca de trinta anos atrás o criminólogo americano George Kelling propôs uma teoria que ficou conhecida por “Janelas Quebradas”. Enunciou que a probabilidade de vandalismos em uma vidraça era maior em prédios que já tinham alguma vidraça quebrada. De forma análoga, uma praça com lixo acumulado tenderia a atrair mais lixo despejado pelas pessoas. Em sumo, desordem social se propaga quando o ambiente favorece. Desde então, essa teoria tem inspirado várias políticas públicas visando desde o controle da criminalidade à educação no trânsito.
Lembrei-me disso quando li sobre a iniciativa da Prefeitura de Fortaleza de ensinar aos fortalezenses a fazer fila nos terminais de ônibus. Alguns parecem não concordar que seja papel do Estado educar as pessoas a realizar ações tão elementares, como fazer uma fila. Me incluo no rol dos que acham que atacar vícios de comportamento que se formaram, quase sempre, por falta de educação, é sim papel do Estado. Ressalto, no entanto, que um desafio tão grande quanto o de decidir realizar essas ações, as quais gosto de chamar de promoção da cultura cidadã, é realiza-las de forma eficaz. E parece-me que aqui é que a Prefeitura de Fortaleza mais sofre.
Ações de disseminação da cultura cidadã, como indicam as “janelas quebradas” têm força por provocarem contágio. Algo com uma moda, que se segue sem nem perceber. Diferentemente do efeito negativo que as janelas quebradas provocam, cabe ao Estado criar um ambiente para que o comportamento positivo aconteça e contagie. Uma das ações principais que o Estado deve realizar é dar o exemplo, fazendo bem feito o que lhe cabe fazer.
* artigo publicado na coluna Opinião do Jornal O Povo em 06.09.2011
Pode-se fazer uma campanha educativa para não jogar lixo numa praça, se a mesma não tem lixeiros? Pode-se querer que os motoristas dirijam ordenadamente, se as ruas não têm suas vias devidamente indicadas? Pode-se querer que motoristas parem antes da faixa de segurança bem como querer que os pedestres as usem, se elas não estão devidamente marcadas ?
A Prefeitura até pode e deve continuar a fazer um trabalho educativo da sociedade, mas para que o mesmo seja efetivo, terá que fazer sua parte exemplarmente.
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