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segunda-feira, 30 de março de 2009
Reflexões Medíocres Ainda que Hulmides
Semana passada ao ler nos jornais algumas declarações do Deputado Ciro Gomes sobre a construção do Aquário na Praia de Iracema, não me contive a escrever essas linhas. O deputado disse que ser contra o aquário é pacto da mediocridade e que seu irmão deveria fazer como ele fez na construção do Centro Cultural Dragão do Mar: fazer por cima de pau e pedra (sic). A primeira coisa me veio à cabeça ao ler a declaração foi me perguntar: Como foi que já votei três vezes no Ciro Gomes? Quem mais mudou foi ele ou fui eu? Incrível como uma pessoa tão articulada, com alta capacidade de absorção de informação, tem esse hábito deletério de agredir os que “ousam” discordar de suas idéias. Isso é lamentável para um homem público! Creio mesmo que o inviabiliza a ser Presidente da República. Mas isso é outra estória, o que quero enfatizar aqui é que discutir a necessidade do aquário e se o mesmo deve ou não ser prioridade é obrigação dos políticos e da sociedade em geral. Grandes projetos precisam ser debatidos e os prós e contras têm que ser analisados e explicados à população. Isso é o normal em qualquer sociedade democrática e fundamental para fomentar uma cultura de participação ativa da sociedade que nos é tão escassa. É claro que a própria eleição do Governador Cid Gomes o credencia a ter autonomia suficiente para tocar as ações planejadas e prometidas de seu governo. O problema é que nem tudo que se decide fazer agora tinha sido planehjado e muitas vezes nem prometido. Remete-nos a uma das deficiências de nosso processo eleitoral, pois os candidatos muitas vezes se elegem sem programa nem projetos. Vão definindo-os “on-the-fly”. O deputado Ciro Gomes quando faz uma comparação com o Centro Dragão do Mar nos força mais ainda a refletir se o aquário no local previsto é uma boa alternativa. Os projetos “renascentistas” da Praia de Iracema já se tornaram comuns nos últimos anos. Eles vêm e voltam, sob a influência dos ventos políticos, mas o fato é que, mesmo com suas implantações, a Praia de Iracema teima em “morrer” de novo. É natural se questionar. O modelo adotado para fazer esse renascimento é o melhor? A vocação da Praia de Iracema é essa com grandes aparelhos de atração turística? E as pessoas que moram lá, o que pensam? Quando e como a iniciativa privada entrará no projeto? Ou teremos o mesmo modelo do Dragão que se sustenta basicamente com dinheiro público? Não valeria mais a pena investir em obras de infra-estrutura urbana como um metrô e abertura de viadutos e avenidas? Não seriam essas as condições de carência que temos hoje e que impede a iniciativa privada de participar dos empreendimentos? Não creio que alguém hoje possa responder essas e outras perguntas mais específicas com dados confiáveis. Fica claro então que é necessário debater além, aprofundar estudos e apresentar diferentes proposições. Se agir assim é pacto da mediocridade, desculpem-me por essas minhas reflexões, mas ainda que medíocres, acho-as necessárias.
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