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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Nem eu, Nem tu


Vou reproduzir uma piada que escutei do Prof. Tarcísio Pequeno recentemente e que não me sai da cabeça. Ela tem muito a ver com o mundo de empreendedorismo digital que, junto com alunos e desbravadores, descubro.

“Um grupo de pessoas observava caranguejos em água fervendo na panela quando um deles percebeu que um caranguejo estava a escapar de destino tão cruel. Havia conseguido atingir a beirada da panela o que lhe permitiria dar um impulso e fugir da mesma. Alertado por um dos observadores de que um dos caranguejos estava a escapar, aquele que promovia o evento culinário disse tranquilamente – não se preocupe esses caranguejos são cearenses. Paralelamente a esse comentário, aquele que fez o alerta, observou que outros caranguejos haviam puxado o que estava por fugir.”.

Se tal piada representa ou não a cultura cearense, difícil de garantir. Certamente pode-se trocar os cearenses por outras categorias e/ou nacionalidades dependendo do contexto ou interesse. O que creio ser interessante ressaltar é que nesses nossos tempos de empreendedorismo na Internet, em sendo verdade, tal comportamento traz prejuízos incalculáveis.

Boa parte de novos empreendimentos na Internet requerem viralização para serem bem sucedidos. Ou seja, precisam que as pessoas se engajem e se motivem a divulgar, a disseminar e a trabalhar pela causa.  Requerem igualmente a formação de comunidades virtuais envoltas em modelos de negócio que se baseiam em situações de ganha-ganha. As razões de tal engajamento podem ser devidas a motivações intrínsecas (de caráter individual) ou extrínsecas (fatores externos). Por outro lado, razões para o não engajamento como inveja, preconceitos ou competição predatória são destrutivas e mesmo catastróficas aos empreendedores. Geram situações de perde-perde.

Já não vivemos em um ambiente onde viralizar coisas seja fácil, pois não temos conectividade e reputação suficientemente impactantes como em outros lugares do planeta. Por exemplo, tudo que é lançado no MIT, Havard, Vale do Silício e similares é notícia, se espalha com incrível rapidez e nós mesmos cearenses nos apressamos a retuitar, postar no Facebook e divulgar com ânsia e orgulho como se fizéssemos parte daquela realização. Tudo do que não precisamos é de um sentimento de que se for iniciativa daqui, temos que puxar para dentro da panela. O “nem tu, nem eu” vai nos deixar fervendo e escalpelando. Afinal, será que somos assim mesmo? 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Paredões da Incivilidade


O jornalista americano Thomas Friedman costuma escrever sobre o fenomenal processo de crescimento das classes médias de países como Índia, China e Brasil. Em especial, ele enfatiza que o que mais vai marcar o futuro global é a busca dessa nova classe por direitos que antes não eram nem percebidos. Quando o básico como alimentação, moradia e trabalho é satisfeito, vem o interesse por outros valores mais, digamos, sofisticados.

Durante o carnaval, em que decidi passar em Paracuru, não pude deixar de pensar sobre o que diz Friedman. Lembrei-me ainda de que, atrelado à exigência de direitos, há naturalmente a percepção de deveres e de respeito ao direito dos outros. Fiquei me questionando quando os que se dirigiram àquela cidade vão considerar importante o direito ao silêncio. O barulho infernal no espaço público durante vinte quatro horas ao dia alimentado por paredões de som, com omissão beirando conivência do poder público, foi um espetáculo deprimente.

Presenciei cenas, que depois amigos disseram-me se reproduzir em várias cidades praianas, quase que surreais. Paredões de som dispostos à pequena distância provocavam uma mixagem absurda e que não permitia nem distinções de que música estava a tocar. Uma competição grotesca que saía desfilando pela cidade e incomodando aos que estavam a quilômetros de distância.

Espero que o exemplo de Fortaleza, onde uma legislação específica para coibir esses excessos foi criada, possa chegar logo às pequenas cidades. Não tenho dúvida que há espaço para promover uma festa rica e única como o carnaval, mas onde prepondere o respeito ao direito das pessoas. Mas para que isso aconteça, a população precisa perceber seus direitos e consequentemente seus deveres.

Paredões e outras paredes de incivilidade precisam ser derrubados. Poderíamos até leiloar pedaços desses paredões como procederam europeus com cada tijolo do muro de Berlim. São paredes do subdesenvolvimento que precisam ser destruídas exemplarmente. Que a nova classe média chegue logo a exigir esse direito. Talvez assim o poder público aja em busca do bem estar da coletividade.

Artigo publicado na coluna Opinião do O Povo de ontem

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Radicais na Rede

Encontrei essas tirinhas no Facebook e por acha-las geniais, decidi reproduzi-las aqui. Ilustra bem o momento atual em que vivemos. A Internet trouxe-nos uma tamanha possibilidade de expressões, mas que via de regra nos faz muitas vezes mais virulentos do que se estivéssemos face-a-face. Reconheço que o exercício de pensar um pouco antes de criticar algo ou alguém não é fácil. Um exercício a ser aprendido.


sábado, 16 de fevereiro de 2013

BRACIS 2013


Já está no ar o site do BRACIS  (Simpósio Brasileiro de Sistemas Inteligentes). Sua versão 2013 será realizada em Fortaleza e estou assumindo com outros colegas, com honras e imensa responsabilidade, a tarefa de planejar e realizar o evento.

A partir de 2012, o BRACIS passou a englobar o Simpósio Brasileiro de Inteligência Artificial (SBIA) e o Simpósio Brasileiro de Redes Neurais (SBRN). Na versão deste ano de 2013, acontecerá também em Fortaleza o Encontro Nacional de Inteligência Artificial e Computacional (ENIAC) e o Simpósio Brasileiro de Tecnologia da Informação e da Linguagem Humana (STIL). Essa união de esforços fará com que a edição 2013 em Fortaleza seja histórica. Maiores detalhes sobre a história de cada uma dessas conferências e de suas áreas de atuação podem ser encontradas na página do BRACIS2013Junto aos eventos principais, ocorrem os workshops e tutoriais que seguem os tópicos de interesse de cada evento. Além disso, o evento contará com palestrantes internacionais e eventos sociais. Espera-se em torno de 500 participantes e, para tanto, será essencial fornecer uma estrutura organizacional que permita a total integração entre os eventos em um lugar de fácil acesso nacional e internacionalmente. A fábrica de eventos e a própria UNIFOR serão esses lugares.

O BRACIS 2013 terá como instituições organizadoras, a UNIFOR – Universidade de Fortaleza em parceria com a UFC – Universidade Federal do Ceará. O comitê organizador local ficará a cargo dos professores:

Prof. Vasco Furtado – General Local Chair do BRACIS+STIL+ENIAC 2013
Prof. Tarcisio Pequeno e Prof. Fernando Carvalho - Local BRACIS Chair
Prof. Pedro Porfírio - Local ENIAC Chair
Profa. Vládia Pinheiro - Local STIL Chair

O BRACIS 2013, como já mencionado, será histórico por ser um evento que engloba pesquisadores de todas as áreas relacionadas ao desenvolvimento de sistemas inteligentes. Além disso, ele conterá uma trilha especial de aplicações de Inteligência Artificial. Será ocasião única para que as empresas identifiquem oportunidades de inovação tomando conhecimento de técnicas que normalmente não estão disponíveis no mercado e que estão muitas vezes circunscritas aos muros da Academia.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Gente de Ação

Adoro essa propaganda que vejo sempre que assisto o canal Space, em especial em rodadas da NBA. Ilustra de forma muito bem humorada o que é informação sem ação. Recomendo!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cenas e Discursos Perigosos


Cena 1. “Um jovem volta para casa à noite. Liga seu iPod e passa a dirigir com o mesmo nos ouvidos (prática cada vez mais comum, pois comprar som de carro atrai assaltos). Usa um carro popular, embora novo com cor neutra (algo como bege, gelo, branco, prata). Distraído não percebe imediatamente uma viatura da Polícia que o persegue e que começa a insistir para que ele pare. Não escuta a sirene por causa dos escutadores no ouvido. Quando percebe a Polícia, chega mesmo a aumentar um pouco a velocidade de seu carro, pois nem acredita que aquilo seja para ele. Dobra uma pequena rua escura para dar passagem à Polícia.”
Cena 2. “Policiais em estado de estresse recebem aviso que um carro popular de cor bege foi roubado por alguém que comete assaltos e havia matado um policial em troca de tiros. Avistam um carro nessas condições. Começam a persegui-lo, colocam a sirene, fazem sinal de luz. O carro se assemelha com o que foi descrito no alarme recebido. O carro aumenta a velocidade, parece querer se livrar. Dobra à direita em rua escura. Deve estar querendo escapar”.

Essas cenas estão muito distantes da realidade? Seu filho poderia ser o protagonista da cena 1? Reflitam, em especial os que dizem frases do tipo: “bandido bom é bandido morto”, “atire primeiro, pergunte depois”, etc. Confiam de que pode haver um treinamento, por melhor que seja, que permitiria aos policiais descritos na cena 2 “mandar bala” em marginais e fazer uma abordagem que respeite o direito do rapaz que poderia ser seu filho? 

Nesses momentos de violência crescente é preciso muita cautela no que se diz e no que se defende. Policiais recebem da sociedade o direito de matar, mas as condições para que isso ocorra são bem estabelecidas na lei e temos obrigação de sermos exigentes e intransigentes quanto aos desvios. O que se precisa é de uma boa polícia. E uma boa polícia respeita os direitos de todos e sabe usar a força quando necessário. Contemporizar é crime ainda maior. A sociedade não pode aceitar.

* Artigo publicado na coluna Opinião do Jornal O Povo de hoje