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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Francês Nóis Sabe


Cansei de ir aos restaurantes requintados de Fortaleza e ver erros grosseiros nos cardápios. Não entendo como TODOS, digo sem medo de errar, todos os restaurantes finos de Fortaleza não se preocupam com o que está escrito em seus cardápios. 

Em alguns deles, onde já tenho certa intimidade com maitres, sugeri correções. Em particular, os restaurantes com inspiração na gastronomia francesa apresentam barbaridades como as que mostro abaixo. Não vou dizer o nome do restaurante porque, como disse previamente, não creio ser um problema de um único local. Mas vejam que até filé mignon está escrito errado. 

Interessante é que esse critério é claramente desprezado. Os restaurantes tem ótimo aspecto, boa comida e preços altíssimos. Não sabem o quanto isso pega mal. 



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Valeu a Pena?


Vi-me refletindo sobre qual balanço deve fazer Cid Gomes após a aliança (dita) com Luizianne ter se desfeito. Uma aliança que inclusive o levou, cerca de um ano e meio atrás, a romper com Tasso Jereissati quando apoiou o Pimentel para o senado. Ao contrapor-se a Tasso tomou uma decisão que parece-me ter se fundamentado na crença de que a troca de conveniências que vivia era por demais valiosa. Mais valiosa do que afinidades de estilo, pensamento e forma de governar que pareciam existir. 

Para alguém que não vive na política como eu é difícil compreender a lógica seguida pelos que nela vivem.  É fácil repetir que a política é feita de coligações, partidos, alianças, sapos engolidos e blá, blá, blá. Mas tendo a achar que existe alguma ética de afinidades programáticas ou ideológica que devem ser perseguidas. Pelo menos era para ser assim. Não vem sendo o caso aqui no Estado.

Sempre ficou evidente que os governos estadual e municipal pensavam diferente em suas ideias mais determinantes (e.g. estaleiro no titanzinho).  Na verdade, PT e PSB pós Ferreira Gomes também deram várias mostras que pensavam diferente. Bem, se Cid considera que valeu a pena ou não, não cabe a mim dizer e nem é de fato muito relevante. A questão mais relevante refere-se ao balanço que nós cidadãos fizemos desse tempo de aliança. Ela nos foi positiva ?

Não consigo achar indicações que sim. Não vi o surgimento de políticas integradas, muito pelo contrário (e.g. buracos nas ruas). Não vi plano integrado por prevenção em Segurança Pública, coisa que considero fundamental para o combate á violência e nem vi ações políticas articuladas pela bancada em prol do Estado. A aliança teve ainda o deletério efeito de sufocar as opiniões contraditórias. Implantou-se um pacto do silêncio que só era quebrado pelas tuitadas de alguns em razões e momentos muito pouco claros.  

O que espero é que não escutemos novamente, nas próximas eleições, as promessas de que vamos trabalhar em sintonia com Estado e União porque somos aliados. Os acordos de conveniência tem feito como que esse discurso fique cada vez mais desagastado.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Discursos Desgastados



Tenho escrito sobre a importância de ações preventivas para conter a onde de violência e insegurança que vivenciamos, mas sempre tenho muita cautela nas minhas exposições. Essa cautela se justifica porque me incomoda sobremaneira a forma como esse discurso tem sido usado de forma quase que irresponsável.

Em recente artigo para o Jornal O Povo deixei bem claro que repressão com ações policiais deve acontecer em dosagem variada dependendo do problema. Ações preventivas, desenvolvidas pela Polícia ou não, são em algumas circunstâncias muito mais efetivas que qualquer ação repressiva. Tão logo escrevo isso, sou surpreendido com uma matéria no mesmo cotidiano sobre a onda de assaltos a banco em cidades do interior do Estado. Representantes da Academia e da Polícia são interrogados pelo jornal e pasmem, o discurso de prevenção social está lá presente.

Francamente! Dizer que explosão de bancos bem como assaltos feitos com quadrilha de oito carros que fecham uma cidade devem ser tratados com projetos sociais é uma brincadeira de muito mau gosto. Isso desgasta o discurso da prevenção e parece querer encobrir suas próprias deficiências ofuscando a visão das pessoas. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Os Trilhos da Segurança Pública


Ao ler a notícia sobre a, ufa!, inauguração de parte do metrô de Fortaleza lembrei que tratava-se de uma obra iniciada em 1999. Treze anos foram necessários para que viesse a trazer benefícios aos cidadãos. Não pude deixar de relaciona-la ao Plano Estadual de Segurança Pública lançado àquela mesma época.

A demora na inauguração do Metrô de Fortaleza é indubitavelmente um símbolo do fracasso da política cearense e do descaso do governo federal. Nada justifica tanto tempo a não ser uma enorme desconsideração pelas causas do Estado. O término da obra, no entanto, pode servir de exemplo positivo devido a um aspecto que aqui quero explorar. Por mais que tenha demorado, os diferentes governos que passaram e o atual tinham trilhos a seguir e o fizeram. Havia um projeto, uma obra em andamento e um objetivo claro a se atingir. Desde o governo Tasso Jereissati até o atual governo, passando pelo governo de Lúcio Alcântara, cada um deu sua contribuição.

Na Segurança Pública infelizmente os trilhos definidos em 1999 não foram suficientes para guiar os governos anteriores. Esse á um dos problemas da área. Ela nunca é tratada como algo supragovernamental. Cada governo que entra quer lançar sua solução e assim, tome ideia “inovadora”.

Hoje vejo que o plano de 1999 tinha suas limitações, mas não porque o que propunha era errado. Tinha no entanto uma visão exclusivamente centrada na visão da Polícia sobre Segurança. Os aspectos preventivos e a participação da comunidade tinham sido contemplados com a formação de Conselhos Comunitários de Defesa Social, mas isso é claramente limitante. Esses aspectos têm que ser tratados numa escala mais abrangente pelo próprio Governo do Estado em articulação com outras esferas e poderes. Mencionei isso no artigo anterior a este. 

Os aspectos relativos à atuação da Polícia eram e ainda são muito atuais e pertinentes. Previa-se integração das polícias, foco na polícia investigativa com suporte da polícia científica, mensuração de resultados, uso intensivo e disseminado de tecnologia da informação, um novo plano de qualificação de pessoal, etc. Nada muito diferente do que os especialistas ainda hoje sugerem para qualquer governo. Só que as implementações dessas medidas variam muito. Diferente de um projeto de engenharia como o MetroFor em que as especificações são detalhadas e assim compartilhadas no tempo com as diferentes equipes de responsáveis, os planos de segurança não têm o mesmo nível de detalhe em seus projetos, ou se têm, não são seguidos. Enquanto isso, é só peia!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Insegurança: os que não querem ver também sentem


Não precisa ser especialista para afirmar que segurança pública não é só polícia. Mas não podemos cair na armadilha de repetir isso como se cliché fosse, eximindo os órgãos repressores de responsabilidade e dando a entender que só depois da completa resolução de nossos problemas sociais é que chegaremos a viver em locais minimamente seguros.

Não há justificativa para estarmos, há tanto tempo, reféns das mesmas soluções centradas na repressão. Os problemas relativos à Segurança Pública são de dimensão, complexidade e variedade diversas. Podem, por exemplo, se referir a assaltos na Beira-mar feitos por adolescentes à explosão de bancos no interior, passando por homicídios com causas não menos diversificadas.

É evidente que as inúmeras facetas desta complexa problemática exige Polícia em doses variadas. Mas o que faz maior falta são ações preventivas, integradas às ações de polícia,  que devem perpassar, inclusive, às executadas pelo setor público com o envolvimento do terceiro setor.

É aqui que empacamos. Os governos não agem de forma integrada e nem usam suas estruturas para articular com sincronia ações de combate aos problemas de Segurança. Deve-se em parte à forma como estão organizados em estruturas isoladas e com tendência à formação de feudos (normalmente de políticos e de corporações) que não compartilham informações e muito menos responsabilidades. O problema se acentua no caso da Segurança porque essas articulações integradas não se restringem a uma esfera de governo. É preciso ação federal, estadual e municipal, além de articulação entre poderes.

Embora haja planos esboçados nesta direção, eles se perdem nas suas implementações com a mesma facilidade com que se faz um outro plano. Enquanto isso, de concreto mesmo, só a dosagem de repressão que é cada vez maior. Os resultados até os que não querem ver, sentem.  

* Artigo publicado na coluna Opinião do Jornal O Povo hoje

domingo, 10 de junho de 2012

O valor de um 2 estrelas Michelin: Bocuse e Henriroux

Os que me conhecem um pouco sabem de minha paixão pela gastronomia francesa. Na recente viagem a Lyon para participar do WWW tive a oportunidade de visitar dois dos melhores restaurantes da mais fina escola e tradição francesa. Esperei um pouco para escrever sobre isso. Queria ter a calma para “degustar” os momentos passados doucement ao lembrar novamente daquelas noites.

Primeiramente, fomos, Beth e eu, ao restaurante de Paul Bocuse, L’auberge du Pont de Collonges. Para os menos ligados na área, não é exagero dizer que Bocuse  é uma lenda viva. Uma espécie de pai da moderna culinária francesa. Foi professor ou e inspirador dos chefs atuais. Com seus 86 anos, ainda recebe seus convidados como se fosse participar da festa que, por assim dizer,  é um jantar em seu restaurante no subúrbio charmoso de Lyon. Foi surpreendente perceber o quão renomado é o restaurador. Uma verdadeira celebridade. Todos a quem mencionava que iria ao restaurante, reagiam prontamente com uma expressão misto de surpresa, inveja e de felicitação.  Tínhamos feito a reserva 2 meses antes de ir (só atende sob reserva) e tivemos que reconfirma-la duas vezes para garantir nosso lugar (creio que brasileiros por lá, não deve ser algo muito típico).

A experiência foi totalmente única. Indescritível. O ritual típico de várias entradas, pratos diversos, um Bourgogne maravilhoso (meu favorito) e surpresas mignones juntam-se ao ambiente super-aconchegante.  Local perfeito para festejar meu aniversário (com a mais bela e eterna das companhias, é claro). 

No dia seguinte partimos para Viena na França. Uma pequena e charmosa cidade distante 40 km ao sul de Lyon que se caracteriza por ruínas romanas. Nosso passeio não tinha objetivos exclusivamente históricos, ficamos hospedados no Hotel Pyramide reconhecido pelo restaurante de mesmo nome de Patrick Henriroux. Outro dois estrelas Michelin (o guia Michelin avalia restaurantes ao redor do mundo oferecendo notas que no máximo chegam a três estrelas).

Foi outra noite inesquecível, mas desta vez, embora sem todo o glamour da noite anterior, foi ainda mais cheia de surpresas causadas pela qualidade extraordinária do cardápio oferecido. Henriroux está no auge de sua carreira. Tinha acabado de retornar de New York onde participara de uma competição internacional de grand chefs. Seus pratos são todos, sem exceção, muito trabalhados e deliciosos. Oferecem combinações as vezes exóticas outras vezes maravilhosas pela simplicidade. As fotos vão dizer mais.

Uma coisa vale ressaltar que é comum aos dois lugares. São muito chiques e requintados, mas não são cheios de etiqueta. Ao contrário, fica claro que a etiqueta maior é curtir o momento. O serviço é extremamente atencioso, gentil e lhe deixa muito à vontade. Para os que não gostam de excesso de regras, não se preocupem. Aliás, tenho observado que a época de exigências de se conhecer regras de etiquetas é passado. Nosso mundo ficou muito informal (talvez demais). 

Souflé Grand Marnier

Gourmandises



Foie Gras

Gourmandises salées

Une Piece de Veau

Des pains avec des sels variés


quarta-feira, 6 de junho de 2012

A Irracionalidade da TAM


Nos é costumeiro criticar a incompetência do serviço público, mas não é difícil deparamo-nos com absurdos no setor privado que servem de exemplo para qualquer curso de gestão.

Vivi uma dessas situações ontem quando na volta de São Paulo tive que esperar quase três hora dentro de um avião da TAM até que o mesmo decolasse para Fortaleza. Os passageiros foram informados que a razão da espera era por uma contagem, que não batia, entre o número de passageiros e bagagens embarcadas. A incompetência da empresa no seu controle de qualidade ficava evidente toda vez que entrava um funcionário para contar os que estavam a bordo.

As versões vindas do comandante variaram um pouco com o passar do tempo e, no final, ele explicou que havia ainda um outro problema: uma passageira que tinha tido “problemas financeiros” com seu bilhete teve que ser desembarcada e sua mala teve que ser recuperada e retirada do avião.  Lá estávamos nós passageiros a “assistir” o corre-corre de funcionários e bagageiros a procurar a bagagem da passageira barrada.

Após cerca de duas horas de espera pela solução, nós passageiros não pudemos comemorar. Vem novamente o comandante ao sistema de áudio informar que não poderíamos decolar. Desta vez a razão era de que, em função do atraso ocorrido, um excedente de horas de trabalho da tripulação ocorreria se a mesma realizasse o voo a Fortaleza. Seria um excedente superior ao permitido por convenções internacionais. Consequencia: tivemos que esperar uma nova tripulação chegar e assumir o controle do avião.

Quanto deve ter sido o custo da TAM nesta estória toda? Sem contabilizar os custos relativos à imagem, tenho absoluta certeza de que foram bem maiores do que os problemas financeiros que poderiam ter caso a passageira desembarcada não pagasse seu ticket. Não teria sido mais racional tê-la deixado no voo e ter buscado resolver o problema na chegada?

Só uma coisa não me desgostou. Nesse interim, a bateria de meu Mac acabou e só então descobri que o avião tinha uma tomada para ligar o notebook abaixo do encosto do braço, o que me permitiu inclusive escrever esse texto.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Neymar e a Época de Celebridades Efêmeras



A imprensa nacional e por tabela, os torcedores brasileiros, adoram fazer a comparação entre Messi e Neymar. Pelé então ! Viu assim uma ótima estratégia de blindar sua posição como maior de todos os tempos. Se Messi tem um concorrente real como Neymar, compara-lo com o Rei não tem sentido.

Não vou aqui desenvolver nenhum argumento técnico com o intuito de avaliar quem é o melhor. Sinto-me motivado, no entanto, a refletir sobre esse desejo de alguns de realizar tal comparação e, principalmente, sobre a forma como a marca Neymar está sendo construída.

Neymar é hoje celebridade no Brasil. A forma encontrada pelo Santos de mantê-lo no País foi a de reparti-lo entre diversos patrocinadores, o que lhe exige em contrapartida uma exposição midiática intensa. Jovem e com talento evidente, ele passou a ser celebridade, fenômeno, mito, prodígio além de os outros superlativos que normalmente são aplicados a alguém que se diferencia em sua área de atuação.

A grande diferença de Neymar para os outros, e aqui vale a comparação não somente com Messi, mas com outros grandes craques do passado, é que ele atingiu esse nível de notoriedade no Brasil antes de ter sua obra completa ou pelo menos realizada com algum impacto internacional. Muitos têm tentado torna-lo estrela internacional baseados somente pelo seu  potencial. Mas o mundo não engole essa. A imprensa mundial analisa com frieza os jogos internacionais de Neymar e não consegue se entusiasmar como os colegas brasileiros conseguem.

Creio que Neymar é um exemplo dos nossos dias em que celebridades têm ascensão meteórica, muitas vezes sem terem nem mesmo muito portfólio. Caem na mesma velocidade como que sobem, pois o que a mídia precisa mais do que cultivar um ídolo é ter notícias de sucesso e de fracasso dele. É exatamente esse o receio que tenho do que possa vir a ocorrer com o garoto.