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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Hipocrisias da Sociedade e Segurança Pública I : Transparência

A Segurança Pública é um domínio sem igual. Minha caminhada nessa área, embora sem atuar diretamente, como o fazem os policiais, permitiu-me descobrir (pelo menos para mim foi descoberta) hipocrisias de nossa sociedade. Deixem-me refletir sobre duas delas que me estão evidentes diariamente.

A primeira relaciona-se ao conceito de transparência da informação. Com WikiCrimes e depois com minhas palestras sobre governo 2.0 e dados abertos fui percebendo que esse conceito tem particular interpretação pelas pessoas. Lembro-me sempre do dito de que “mordomia só é ruim nos outros”. Pois é, vou lançar aqui um outro análogo 

“transparência só é bom nos outros”

Sempre que exponho WikiCrimes para empresários, eles são receptivos à idéia. No entanto, quando se vêem convidados a informar os crimes que ocorrem nos arredores de seu estabelecimento comercial, arrefecem. “Mas assim você vai assustar a minha clientela”, dizem. Banqueiros não gostam de dizer que há roubos em seus bancos, nem nos arredores. Comerciantes também não querem indicar locais perigosos perto de suas lojas. E assim adiante. Preferem deixar seus clientes desinformados e correrem riscos por não terem como se precaver do que “sujar”sua imagem. Zelam muito pelos clientes, não?

Uma das maiores surpresas que tive com WikiCrimes foi a postura das seguradoras de automóveis. Achei que adorariam a idéia e se uniriam a nós no projeto. Quando as procurei vi muita reticência e minha ingenuidade não permitia compreender a razão. Depois de algum tempo, um amigo foi sincero e me disse: para que deixar essas informações abertas para todos? As seguradoras, já as possuímos. Como? Mas como já as têm e a sociedade não? Custou, mas caiu a ficha. Há um jogo de troca de favores que a propriedade da informação pública acaba induzindo.

A situação de professores pesquisadores que trabalham com a temática é igualmente inusitada. Todos lutam pela transparência e pelos dados. Mas dependem do bom humor do Governo para tê-los. Presenciei casos de pesquisadores que se tornaram reféns do Secretário de Segurança que definiu quem pode acessar os dados públicos. Sujeitam-se. Lamentável.

Calma Vasco. Isso está a mudar. Governo aberto vai chegar aqui. Pena que nossas iniciativas pioneiras tenham que sofrer por não estarem no timing certo.

A outra hipocrisia refere-se aos direitos humanos e discorro em detalhes amanhã.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Processamento de Linguagem Natural: O que é isso mesmo?


Depois da notícia da premiação que recebemos ontem aqui em Vancouver por ter o melhor artigo da conferência mundial de Informática em Segurança Pública ( de título Natural Language Processing based on Semantic Inferentialism for Crime Information Extraction), algumas pessoas ficaram curiosas para saber do que mesmo se trata o trabalho. Afinal de contas, isso vai resolver que tipo de problema? Vou elaborar um pouco sobre isso.

A área de expertise que atuamos (Tarcísio, eu e a recente doutora Vládia) é a de Inteligência Artificial (IA). Busca-se aqui desenvolver programas de computador que tenham a capacidade de simular algumas das atividades que as pessoas realizam e que são por vezes extremamente difíceis de serem realizadas pelo computador. Ler e compreender um texto é uma delas. Trata-se de uma sub-área da IA e que tem o nome de Processamento de Linguagem Natural  - PLN (refere-se aqui à linguagens como inglês, português, francês, etc.). Compreender um texto é ter a capacidade de discutir, argumentar, explicá-lo e fazer inferências (como deduções) sobre coisas expressas nele. Não se está aqui somente a buscar o sujeito e predicado ou se uma palavra A ou B está presente no texto (que Google faz muito bem). Busca-se apreender o significado do que está escrito
  
PLN é uma área básica da IA com mais de 50 anos de idade. Embora muitos avanços tenham sido obtidos desde então, não se pode afirmar que o problema de compreender um texto pelo computador está resolvido. Ou seja, ainda não temos programas de computador que leiam e compreendam plenamente um texto escrito em uma determinada língua natural.

O trabalho de doutorado de Vládia busca avançar o estado da arte em PLN. Mais particularmente, ela propõe uma nova maneira de representar e explorar os conceitos e sentenças de uma língua de forma que permita realizar inferências. Aqui atento para um dos grandes desafios da pesquisa na área: manipular os símbolos de uma língua para a realização de inferências úteis ao dia-a-dia das pessoas. O trabalho é fundamentado em teorias filosóficas da linguagem, em particular em filósofos ditos inferencialistas. Por essa razão o próprio título do artigo possui referencia à base inferencialista. Ao usar essa fundamentação, mostramos que podemos obter a capacidade de explorar um texto e de inferir conhecimento que não está explicitamente representado nele.

Mas para que isso serve mesmo na Segurança Pública? Em muito. Notícias sobre crimes e boletins de ocorrência policial são exemplos de documentos que poderiam ser explorados por programas tipo o que produzimos. Por exemplo, suponha uma notícia no jornal dizendo o seguinte: “João matou sua esposa a facadas após discussão por que ela havia chegado tarde em casa”. Temos a capacidade de inferir que se trata de um crime passional. Nada na sentença está explicitamente a nos dizer isso, mas conseguimos inferir. O programa desenvolvido por Vládia também tem essa capacidade, o que os outros programas desenvolvidos até então não tinham (ou tinham em menor capacidade). Imagine um programa que consiga entender um texto e que possa então ler os milhões que estão na Web e deles extrair os objetivos e as causas principais.

No caso do artigo, mostramos o que chamamos de WikiCrimesIE (WikiCrimes Information Extractor). Com ele podemos ler notícias sobre crimes na web, compreende-las e assim registrar automaticamente em WikiCrimes. Na verdade, ainda não estamos fazendo isso completamente. Estamos a extrair porções de informações do texto, como endereço, tipo do crime, causas e tipo de vitima, mas o objetivo final é deixar para o usuário de WikiCrimes somente a tarefa de confirmar se a compreensão do texto foi correta.

Para finalizar, quero dizer que temos a plena consciência de que o problema de compreender um texto ainda não foi resolvido. Muitas limitações no trabalho de Vládia ainda existem (eximo-me de descrevê-las aqui) e deverão ser objetos de trabalhos futuros. É assim que avança a ciência. Mas o relevante é dizer que o trabalho abre perspectivas importantes na área e que por isso merece o reconhecimento que está tendo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Parabéns!

Minha vinda para Vancouver para participar da Conferência Internacional de Inteligência e Informática na Segurança Pública (Intelligence and Security Informatics - ISI) foi cheia de imprevistos. Aquele tipo de viagem que a gente decide ir e se pergunta várias vezes se deveria mesmo. Para começar, não estaria presente em Fortaleza no dia 26 de Maio, aniversário de 80 anos de seu Furtado. Depois, vários imprevistos me fizeram perder a partida e postergá-la por mais um dia. Problemas com a reserva no hotel só vinham a aumentar a dúvida. Pensei que o universo conspirava para que não viesse.

Pois acho que acabei de descobrir que na verdade o universo conspirou fortemente para que eu viesse. Fui participar do banquete que sempre ocorre nessas conferências e nem me lembrava de que haveria a premiação de melhor trabalho apresentado. Confesso que não é muito comum (para não dizer nunca) ter seu trabalho cotado a vencedor em conferências internacionais. Quase me engasgo quando escutei meu nome. “Vasco !” procurou-me a Profa. Patrícia Brantingham, renomada criminologista canadense e presidenta da conferência. Por decisão do comitê de programa, Vládia Pinheiro, Tarcísio Pequeno, Douglas Nogueira e eu fomos considerados os vencedores do melhor artigo da conferencia.

Estou a escrever esse artigo muito emocionado e a palavra que me veio naturalmente a mente foi Parabéns. Os outros autores que me perdoem, mas o primeiro parabéns vai para meu pai que aniversaria nesse dia 26. A mensagem da premiação foi recebida justamente nesse dia 26 no Brasil (9:00hs aqui no Canadá). Queria oferta-lhe essa honra que estou tendo. Não me cansarei nunca de agradecê-lo pela estrada que me pavimentou e espero continuar nela firme e sempre o presenteando.

O segundo parabéns vai para Vládia,. O trabalho é dela e só fui porta-voz do mesmo. Modéstia a parte, até isso deu certo. Acho que eu era mesmo a pessoa indicada para fazer a apresentação, pois o contexto de Segurança Pública assim o exigia. Só agora percebi que o conjunto de perguntas que tive que responder depois da apresentação foi um bom sinal. Creio que os revisores e o público perceberam que o que estamos propondo é um novo caminho que abre possibilidades interessantes, principalmente quando prospectei como nosso método pode ser útil para descobrir atividades terroristas (o que os americanos mais querem). A Tarcísio já tive a oportunidade de dizer pessoalmente como foi prazeroso e enriquecedor desenvolver as inspiradoras idéias que na base do trabalho são todas dele. A Douglas meus parabéns pela excelência na programação e que lhe sirva de motivação para um mestrado com a mesma qualidade do doutorado de Vládia. Enfim, estou qual jogador de futebol a agradecer a família, aos amigos, etc. e etc (vou deixar minha esposa e filhas fora dessa, porque assim já é demais). Mas que é bom é. 

terça-feira, 25 de maio de 2010

Copa do Mundo de 2020: Essa sim, será ao Vivo

Já há algum tempo que o hábito de correr para parques públicos, arenas e mesmo para estádios desportivos em todo o mundo para assistir aos jogos em telões vem se consolidando.

Se a Copa de 2020 for no Japão, você pode ser capaz de ir para o estádio de futebol local e ver em tempo real hologramas (veja exemplo de holograma aqui) em 3D de jogos do torneio projetado em tamanho real no campo. Exageradamente futurista? Mas é isso mesmo! A proposta do Japão para a Copa do Mundo de 2022 inclui uma iniciativa denominada Universal Fan Fest, um plano de U$ 6 bilhões para levar aos fãs ao redor do mundo transmissões 3D do torneio. A proposta japonesa quer levar a 400 estádios de 208 países essa maravilha da tecnologia. Para isso, cada jogo será capturado a partir de 360 graus por 200 câmeras de alta definição.

Para arrasar com qualquer outro competidor, há ainda a proposta de captar energia para todo a parafernália de câmeras e etc. sabe de onde? Da energia vinda do batimento dos pés dos torcedores no estádio. 

Com uma proposta dessa, não se admirem se a Copa voltar a Asia tão cedo depois de 2002. Na verdade a tecnologia de transmissão holográfica em 3D deverá estar popular mais cedo do que a Copa de 2020. O que o Japão está a fazer é somente impulsionar mais ainda as iniciativas existentes.

Acho bom é que meus netos vão olhar para as TVs de hoje e gozar suas mães da mesma forma que elas me gozam quando falo da TV em preto e branco. Admito que não pensei que minha vingança viesse tão cedo. 

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Intelligence and Security Informatics Conference – ISI

Já estou em Vancouver, onde apresento um artigo desenvolvido por Vládia, Tarcísio, Douglas e eu na Conferência Internacional de Inteligência e Informática na Segurança Pública, conhecida por ISI em função das iniciais em ingles. Trata-se de uma conferência organizada pela IEEE uma reconhecida associação que congrega pesquisadores das diversas ciências exatas (engenharias, matemática, física, computação, etc.). Já participei uma vez da ISI quando estava na Califórnia o que facilitou inserir-me na comunidade de pesquisadores mundiais que trabalham com Segurança Pública. A participação deste ano visa consolidar isso. Além da apresentação, fui convidado para organizar uma sessão de apresentações dentro da própria conferência. O programa completo da ISI pode ser obtido aqui.

O artigo que vou apresentar descreve as pesquisas que desenvolvemos para criar programas que consigam compreender um texto escrito em português. Mais especificamente, visamos, prioritariamente, compreender textos jornalísticos que descrevem crimes e assim mapear o relato da ocorrência com a devida caracterização diretamente em WikiCrimes. Esse trabalho é resultado da tese de doutorado de Vládia que tive a honra e o prazer de co-orientar com Prof. Tarcísio Pequeno. Escreverei um pouco mais sobre a conferência no Twitter. Os interessados devem seguir-me e ficar atentos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Google TV

A grande notícia que circula na Internet desde ontem foi a decisão da Google de investir na Televisão Digital. O Google TV pode ser a alavanca que faltava para integrar de vez a televisão aos computadores. Em um mundo em que se fala da web das coisas onde os eletrônicos (e mesmo não eletrônicos) estarão todos conectados à Web, nada mais natural do que fazer com que a televisão seja um desses equipamentos. Google lançará um Set Top Box (STB) para ser acoplado a TV e que permitirá acesso à Web pelo seu browser Chrome. O melhor de tudo é que no STB rodará o sistema operacional Android também da Google. Isso significa que os programas desenvolvidos para Android (no celular, por exemplo) rodaram na televisão também.

Maiores detalhes de como isso será feito, principalmente o quanto custará, ainda não foram divulgados.  De qualquer forma, decisões estratégicas da Google têm um forte poder de transformar o mercado. Já tinha mencionado um exemplo disso quando discorri sobre a decisão da Empresa em desenvolver e distribuir gratuitamente um navegador de rotas para uso no celular. Embora minha primeira impressão é de que a Google deseja colocar a Web na TV e não concorrer com a TV normal, os impactos que essa decisão terão no modelo de TV digital podem ser muito fortes. Como ficará o Ginga (sistema operacional desenvolvido para TV Digital no País) nesse contexto todo? Eu não gostaria de ter o Android (e a Google) como concorrente. Será que atuarão no mesmo nicho? De qualquer forma, esse movimento da Google pode ser o que faltava para fazer a TV interativa virar realidade. Mais espaço para inovações estão abertos! Aproveitemo-los! Vejam o vídeo de lançamento da ideia abaixo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Carro Elétrico com Android na Navegação

Se você é um daqueles que ainda não acredita em carros elétricos, veja o site da GM nos EUA para começar a acreditar. O Volt será lançado no final de 2011 e já está anunciado. Ele é totalmente elétrico com uma bateria para cerca de 100Km. E se acabar a bateria? Sem problemas, com um gerador a base de gasolina ele gera mais eletricidade até você achar o ponto de carga mais próximo.

As inovações do Volt não param aí. Ele deverá incorporar um sistema de controle do carro integrado com o telefone celular. Qualquer telefone celular que rode o sistema operacional Android da Google poderá fechar o carro, servir como navegador, verficiar o nível de bateria, etc. Vejam o vídeo abaixo para saber mais (em inglês).

Não é a toa que estamos pesquisando com fazer WikiCrimes no Android calcular uma rota segura. Vai sair antes mesmo do final de 2011!

via @mashable

terça-feira, 18 de maio de 2010

Financiamento Público para Times de Futebol: Quando Propaganda e Publicidade Não Convergem

Novamente o tema do financiamento público para times de futebol é a bola da vez.  O jornal O Povo apurou, a partir do portal da transparência do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), números alarmantes. Prefeituras que investiram mais de 1 milhão de reais em times profissionais que disputam o campeonato cearense de futebol. Já tinha escrito sobre assunto em outras oportunidades. É decididamente uma das coisas que me deixa inconformado.

Há um rol de razões para que isso não seja aceito pela sociedade. Desde o uso irregular das verbas, visto que abre possibilidades para desvios, até o fato de que acaba servindo para promoção individual de dirigentes (envolvidos com políticos ou com intenções eleitoreiras).  Sem me deter nas anteriores, outra causa que me desagrada sobremaneira é o fato de que há aqui um claro exemplo de incompreensão do que significa publicidade.

Refiro-me ao termo publicidade no sentido de tornar uma informação pública. Os governos possuem verba para publicidade (e é bom que as tenham.) O objetivo é de informar à sociedade sobre as ações realizadas com o dinheiro público. Trata-se de uma obrigação. Infelizmente, o que se vê hoje me dia é uma deturpação desse conceito. Os governantes fazem muito mais propaganda do que publicidade. Fazem-na quase sempre com fins de auto-promoção. 

Senão vejamos. Que tipo de publicidade faz um governante ao patrocinar a exposição da marca da sua Prefeitura na camisa de jogadores de Futebol? Que ações estão sendo publicizadas? Eu diria mesmo que é um tiro no pé. Está se publicizando a ação de propaganda de uma marca. A marca da Prefeitura ?! Isso tem sentido? 

O argumento dos governantes é de que todos fazem e é impossível não continuar. Bem, depois de Lula esse argumento ficou banalizado. Sem mais comentários.

Ressalto, como fiz nos textos anteriores, que não estou a dizer que não é papel dos Governos apoiar o esporte e, em particular, o esporte profissional. Mas as formas devem ser outras. Há, por exemplo, que se fornecer uma infra-estrutura correta e digna que dê acesso aos cidadãos apreciadores do esporte e contribuintes de impostos. O esporte como instrumento educativo também merece todo o apoio. Sugeri várias vezes que o dinheiro público fosse usado na criação de parcerias das escolinhas de futebol dos clubes com as escolas. Isso sim é de interesse público. Espero que o alerta do Jornal acorde os órgãos competentes e, principalmente, a sociedade cearense.





segunda-feira, 17 de maio de 2010

Credibilidade da Informação em WikiCrimes

WikiCrimes está com nova versão no ar. As novas funcionalidades agora contempladas atacam um dos pontos mais importantes do projeto: a credibilidade dos relatos de ocorrências.
Desde o início, sabíamos que nosso maior desafio com WikiCrimes era torná-lo confiável. Ouso até dizer que nossa missão não é somente a de ser um espaço onde as pessoas compartilham informações sobre crimes, mas também de ser um espaço confiável para tal. Um grande desafio.

Projetos que invocam a participação em massa  (crowdsourcing) como WikiCrimes subentendem que deve haver confiança radical. Ou seja, é preciso acreditar que a maioria dos usuários vai fazer a coisa certa. No entanto, o grande problema é criar formas para que os poucos que tenham interesse em fazer algo muito errado possam ser identificados e assim não consigam desacreditar o sistema como um todo.

Definimos em WikiCrimes mecanismos que permitem computar a  reputação dos usuários no sistema e estimar a credibilidade das informações por eles relatadas. Criamos instrumentos para que no relato da informação o próprio usuário busque prover informações que fortaleçam a credibilidade dos relatos de ocorrência criminal. Pode-se colocar fotos, vídeos, links e outras informações sobre a fonte de onde a informação foi coletada.

A pessoa que registra o crime deve ainda indicar pessoas que podem reforçar o relato feito. Essa última estratégia é fundamental para o estabelecimento da reputação dos usuários. Relatos que possuem confirmação de outros usuários implicam tanto no fortalecimento da reputação dos usuários (dos que realizam o relato e dos que os confirmam) como da credibilidade do relato efetuado. 

Alguns usuários que formalmente estabelecem parceria com WikiCrimes são ditas entidades certificadoras. Jornais, promotores, guardas municipais são exemplos disso. Eles têm alta reputação em WikiCrimes e os relatos de crime que registram possuem alta credibilidade. O mecanismo completo de cálculo da reputação dos usuários e da credibilidade da informação é complexo e não será objeto de descrição nesse texto. Na verdade, trata-se de nosso “pulo do gato” e é fruto de pesquisa que continuamos a desenvolver. O que é importante ressaltar é que hoje acredito que em WikiCrimes temos mais mecanismos para identificar trotes do que um sistema oficial tipo a chamada de emergência por telefone feita pelo número 190. Abaixo, vejam um gráfico que representa a evolução de minha reputação em WikiCrimes. Se quiser saber como é a sua, vá ao sistema, entre com sua conta e acesse “minha reputação”.  

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A Invasão dos Pixels

No vídeo abaixo o diretor Patrick Jean cria um ataque a Nova Iorque feito por ....pixeis! Isso mesmo, personagens de jogos eletrônicos vão destroçando a cidade de forma criativa e totalmente ionvadora. Genial !






quarta-feira, 12 de maio de 2010

TEDxSudeste: As Palestras


Quem acompanhou o TEDxSudeste deve ter gostado. Foram palestras bem variadas. Tinha para todos os gostos. Um ingrediente essencial para um TED. Espalhar idéias era o mote principal, “colaboração para transformar” em segundo plano. Em geral as palestras conseguiram tocar os dois aspectos ou pelo menos um deles. Algumas poucas perderam esse foco, mas não deixaram de despertar interesse.

Propostas de idéias novas a serem buscadas ou reflexões sobre o contexto atual de colaboração na web estiveram presentes nas palestras de André Trigueiro que conclamou por consumo sustentável, Guto Índio que apresentou uma proposta de trem de superfície, Jaime Lerner com seu mini-carro compartilhado chamado Dock-Dock, filósofa que alertou para a necessidade de profundas transformações educacionais nesse novo século e Fred Gelli que se inspira na natureza para projetar materiais e projetos mais sustentáveis. John Perry Barlow e Gil Giardelli em suas apresentações refletiram sobre o novo mundo que vivemos. Gil foca no poder das redes e do compartilhamento. John surpreendentemente foca com enorme otimismo no potencial do Brasil. Considera-nos com a capacidade de liderar o mundo com uma mensagem diferente daqueles que lideram hoje.  

Outro grupo de apresentações descreveu iniciativas já em curso que consideram merecer difusão. Projetos sociais nas áreas de:

  • Educação com Vilma Guimarães e o uso do telecurso no Amazonas,
  • Ressocialização de detentos quando Ronaldo mostrou como ela acontece quando às pessoas é permitido sonhar de novo.
  • Micro-crédito com Jerônimo Ramos que descreveu casos de gente humilde que pode ter a veia de empreendedor fomentada
  • Inclusão digital com Rodrigo Baggio descrevendo o já consolidado trabalho que encabeça com o CDI (Comitê de Democratização da Internet),
  • Portadores de deficiência quando Teresa do Amaral foi enfática em dizer que favores acabam sendo prejudiciais ao reconhecimento de que as pessoas precisam de mais respeito.
  • Empreendedorismo Social com Kelly Michel seu Pólo de Empreendedorismo Social.
  • Segurança Pública com Rodrigo Pimentel em busca de apoio pelas Unidades Pacificadoras em implantação no Rio.
  • Crianças desaparecidas com Luis Baricelli divulgando uma ONG que trabalha nesse sentido.
  • Cultura em que Christian Rôças contou sobre o projeto Banda Larga de Gilberto Gil e Vik Muniz mostrou seus trabalhos e as ações sociais relacionadas.
  • Política onde Luiz Felipe d’Ávila descreve a necessidade de mudança de postura nossa em relação à política e à alguns políticos 

No campo da inovação tecnológica, algumas palestras buscaram mostrar o poder da tecnologia como a de Karina Israel sobre realidade aumentada ou como o interessantíssimo trabalho que une arte e computação de Russ Rive. Cezar Taurion conclamou o compartilhamento de horas ociosas dos computadores pessoais para uso em pesquisas científica.
Dois projetos, merecem, no meu ponto de vista, destaque. O Museu da Pessoa e o Doe Palavras. A primeira iniciativa foi apresentada por Karen Worcman e versa sobre um site em que são filmados depoimentos de pessoas. Estórias emocionadas e emocionantes mostram que o poder de transformação está nas pessoas. Estórias que mudam o mundo podem também mudar a nossa vida.  O outro foi apresentado por Tiago Pereira. Chama-se #doepalavras. Nela as pessoas enviam mensagens pelo Twitter para doentes de câncer. As mensagens chegam em televisões para os pacientes no hospital.
Marcelo Yuka, Andrew Essex, Sergio Cavalcanti e Pedro Franceschi descreveram suas trajetórias individuais e as particularidades que as mesmas possuem.




segunda-feira, 10 de maio de 2010

Por Uma Nova Perspectiva no Trato da Informação Pública

A sociedade da informação, propulsionada pela Internet e por seus instrumentos de participação coletiva, requer uma nova postura governamental no trato da informação pública. Essa postura fundamenta-se na transparência e na participação popular direta pela Internet.

Infelizmente, no Brasil, transparência com dados públicos é um ponto nevrálgico dos governos, os quais ainda tratam a publicação das informações como se fosse propaganda. É comum divulgar o sucesso e esconder as deficiências. A falta de transparência contribui para a baixa credibilidade nas informações veiculadas e consequentemente pouca adesão do cidadão sempre que sua participação se faz necessária.

Há dois anos, quando criamos  WikiCrimes (http://www.wikicrimes.org) tínhamos, dentre outros objetivos, mostrar o quanto esses problemas são particularmente relevantes no contexto da Segurança Pública(wikicrimes é um software que permite acesso e registro de ocorrências criminais no computador diretamente em um mapa digitalizado, com a mesma filosofia da enciclopédia Wikipédia).

As informações sobre ocorrências criminais são desencontradas, pouco transparentes e passíveis de manipulação. A tão desejada participação da sociedade no combate à criminalidade fica prejudicada e o que se vê de fato é uma taxa de crimes não notificados às autoridades elevadíssima.

Grã-Bretanha e Estados Unidos são exemplos de como o trato com a informação pública tem ganho matizes diferentes. Nos EUA as polícias mapeiam e disponibilizam ao cidadão detalhadamente os registros de ocorrências criminais. O nível de detalhe é tanto que pode-se saber que carros estão sendo mais furtados durante a semana e onde. No site http://www.data.gov mais de 1000 bancos de dados governamentais estão para livre acesso e cópia para quem se interessar. Os britânicos têm o seu similar em http://www.data.gov.uk. Nossa vez está a passar.


TEDxSudeste: Minha Experiência

Até achei que era “escolado” para falar em público. Afinal de contas, meu trabalho como pesquisador me requer constantes exposições em conferencias o que me deu experiência. Junte-se a isso a prática docente que me faz dia após dia aprimorar a técnica da exposição oral. Reconheço, no entanto, que a palestra dada no TEDxSudeste trouxe-me um friozinho na barriga que já não me lembrava mais com era.  Por que terá sido?

Primeiramente, creio haver uma ansiedade particular por se tratar do TED. É uma marca consolidada no nosso imaginário. Sempre que se fala do TED vem à mente as palestras inesquecíveis, motivadoras e que nos fizeram sonhar. Colocamos a barra bem alta. Quando chega a nossa vez, é natural se perguntar: serei capaz de tanto?

Outro desafio é a rigidez do tempo. 18 minutos (e que acabaram se transformando, na última hora, em quinze) requer concentração e foco para dizer o essencial. Mas fica sempre o receio de deixar de dizer algo. Quem defendeu uma tese sabe bem o que isso significa. São anos de trabalho e resumi-los em poucos minutos é difícil. Dá vontade de contar cada pedacinho vivido.

Por fim, há o fato da palestra estar sendo filmada e de se saber que o vídeo será distribuído na rede. Aumenta a preocupação de não cometer deslizes que, embora passem desapercebidos em qualquer palestra, vão ficar registrados.

Subi ao palco do TEDxSudeste já cansado. Minha palestra foi uma das últimas. Tinha chegado ao planetário 8:00h da manhã. Fui falar às 18:00h. Não havia conseguido relaxar durante o dia. Ao subir no palco, estava ansioso, mas não nervoso. No entanto, tive uma péssima experiência inicial. A iluminação era muito forte e quase não conseguia ter contato com a platéia. Adoro ver o público e sentir sua reação. Creio que isso se deve à exigência da filmagem. Passa um tempinho para se acostumar. O relógio bem à frente é um ingrediente a mais para gerar pressão. Nada que não passe quando se começa a falar.

Sempre que falo de WikiCrimes e WikiMapps logo me entusiasmo. Creio que transpareço a paixão que tenho nesses projetos. Isso ajuda a relaxar no palco. Pela metade da palestra dá vontade de não sair mais. Embala. É aqui que vem a tentação de querer falar mais e mais(que alguns muito deselegantemente deixam-se sucumbir). Ao me preparar para a apresentação no TEDx percebi mais claramente uma outra dimensão do que esse trabalho todo que realizamos representa. Algo que veio gradativamente se construindo e que hoje é bem maior do que quando começamos com a idéia de WikiCrimes. Estamos vivenciando uma experiência social. A experiência de induzir participação das pessoas. Com todos os desafios, surpresas e virtudes que isso pode ter. Por isso, sou tão vidrado na Web. Fornece-nos a infra-estrutura para que isso seja possível. Aliás, com WikiMapps estamos a contribuir com a construção dessa infra-estrutura. Sempre a eterna construção coletiva.

Ao final, vem a ansiedade de saber se tudo foi bem. Se as pessoas gostaram. Pelos cumprimentos que recebi senti que passei bem o recado. Vamos esperar pelo vídeo.

O principal é que passa-se pela experiência com aquela ótima sensação que saiu diferente do que como entrou. Marcou. Isso é que é viver.