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segunda-feira, 30 de março de 2009

Reflexões Medíocres Ainda que Hulmides

Semana passada ao ler nos jornais algumas declarações do Deputado Ciro Gomes sobre a construção do Aquário na Praia de Iracema, não me contive a escrever essas linhas. O deputado disse que ser contra o aquário é pacto da mediocridade e que seu irmão deveria fazer como ele fez na construção do Centro Cultural Dragão do Mar: fazer por cima de pau e pedra (sic). A primeira coisa me veio à cabeça ao ler a declaração foi me perguntar: Como foi que já votei três vezes no Ciro Gomes? Quem mais mudou foi ele ou fui eu? Incrível como uma pessoa tão articulada, com alta capacidade de absorção de informação, tem esse hábito deletério de agredir os que “ousam” discordar de suas idéias. Isso é lamentável para um homem público! Creio mesmo que o inviabiliza a ser Presidente da República. Mas isso é outra estória, o que quero enfatizar aqui é que discutir a necessidade do aquário e se o mesmo deve ou não ser prioridade é obrigação dos políticos e da sociedade em geral. Grandes projetos precisam ser debatidos e os prós e contras têm que ser analisados e explicados à população. Isso é o normal em qualquer sociedade democrática e fundamental para fomentar uma cultura de participação ativa da sociedade que nos é tão escassa. É claro que a própria eleição do Governador Cid Gomes o credencia a ter autonomia suficiente para tocar as ações planejadas e prometidas de seu governo. O problema é que nem tudo que se decide fazer agora tinha sido planehjado e muitas vezes nem prometido. Remete-nos a uma das deficiências de nosso processo eleitoral, pois os candidatos muitas vezes se elegem sem programa nem projetos. Vão definindo-os “on-the-fly”. O deputado Ciro Gomes quando faz uma comparação com o Centro Dragão do Mar nos força mais ainda a refletir se o aquário no local previsto é uma boa alternativa. Os projetos “renascentistas” da Praia de Iracema já se tornaram comuns nos últimos anos. Eles vêm e voltam, sob a influência dos ventos políticos, mas o fato é que, mesmo com suas implantações, a Praia de Iracema teima em “morrer” de novo. É natural se questionar. O modelo adotado para fazer esse renascimento é o melhor? A vocação da Praia de Iracema é essa com grandes aparelhos de atração turística? E as pessoas que moram lá, o que pensam? Quando e como a iniciativa privada entrará no projeto? Ou teremos o mesmo modelo do Dragão que se sustenta basicamente com dinheiro público? Não valeria mais a pena investir em obras de infra-estrutura urbana como um metrô e abertura de viadutos e avenidas? Não seriam essas as condições de carência que temos hoje e que impede a iniciativa privada de participar dos empreendimentos? Não creio que alguém hoje possa responder essas e outras perguntas mais específicas com dados confiáveis. Fica claro então que é necessário debater além, aprofundar estudos e apresentar diferentes proposições. Se agir assim é pacto da mediocridade, desculpem-me por essas minhas reflexões, mas ainda que medíocres, acho-as necessárias.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Prof. High Tech Obama

Obama já entrou para a história mesmo antes de começar seu governo. No entanto, seu início de gestão dá indicações que ele não vai se contentar com pouco. Afora, seu arrojado plano de recuperação econômico que está atropelando todos os que são contra, seu estilo high tech é bem inovador. Nessa semana que estive nos EUA, o que mais me chamou a atenção foi a sessão de abertura de Q&A (Questions and Answers - Perguntas e Respostas) que fez com os cidadãos através da Internet. Por vídeo conferência, ele recebe perguntas dos cidadãos sobre os mais diversos e complexos assuntos. É aqui que ele demonstra uma característica até então desconhecida (pela surpresa que percebi dos comentários na mídia): ele tem uma enorme didática. Consegue falar de problemas complexos em um linguajar simples, mas consistente. Isso não é nada fácil. Um político que vi fazer isso meuito bem foi Antanas Mockus prefeito duas vezes de Bogotá. Mas ele é professor universitário, o que já ajudava muito. Aqui por essas bandas, a maioria dos políticos só tem coragem de falar sem sofrer interrupção e ser interrrogado. Vamos ver se o estilo Obama faz escola. Aliás, a mídia não ficou somente surpresa com o estilo Obama. Ficou um pouco enciumada também. Afinal de contas essa estratégia de comunicação exclui intermediários. Sem dúvida alguma, uma grande novidade. Vamos ver se ele vai ter fôlego para continuar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Twitter e Gengibre

O mundo da web é totalmente caótico e imprevisível. Há muito gente tentando fazer acontecer e novidades surgem diariamente. A bola da vez atualmente é o site Twitter (www.twitter.com). Trata-se de um blog em que as mensagens postadas são curtas de menos de 140 caracteres (sites assim são também chamados de micro-blog). Normalmente, as pessoas os usam com o intuito de dizer o que estão fazendo, vendo ou pensando naquele exato momento. O crescimento de Twitter tem sido absurdamente exponencial. Algo em torno de 1000% ao mês. O site, que foi lançado em 2007, ganhou logo seu público cativo e já tem mais de 6 milhões de usuários. Apesar disso, sempre havia uma dúvida de como se podia ganhar dinheiro com isso. Recentemente, quando implantou seu sistema de busca, a Empresa passou a dar uma dica de que pode ser uma das grandes competidoras de Google no mercado de buscadores na web. Seu principal diferencial é de que, as informações que coleta são instantâneas. Dão uma visão do que está acontecendo agora no mundo. O exemplo mais representativo disso foi o de um internauta que estava em seu barco pescando quando viu a queda do avião da US AirWays próximo de Nova York. A primeira coisa que fez foi postar a notícia no Twitter dizendo do ocorrido e que estava se dirigindo para ajudar o resgate. A notícia fluiu na web muito mais rápido do que na mídia tradicional e mesmo em sites jornalísiticos. Estava criado o conceito de furo por Twiiter. Não é a toa que Facebook ofereceu 500 milhões de dólares pelo site (logo rejeitado). Ontem tomei conhecimento de uma outra inovação, dessa vez brasileira, onde um dos mentores é o apresentador da MTV Cazé. O gengibre (www.gengibre.com.br) é um Twitter por voz. Ou seja, ao invés do internauta publicar uma mensagem de texto no seu micro-blog, ele publica uma mensagem de voz. Basta ligar para um número telefônico específico dado pelo Gengibre e falar sua mensagem que será imediatamente gravada no blog. Parece-me que o número do Gengibre é em São Paulo, o que encarece muito o uso do mesmo para usuários de fora da cidade. Creio que se ele pegar por lá, virá para cá mais barato.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Saga da Delta: No Pain no Gain?

A expressão inglesa do título (“sem dor, sem ganho”) é muito usada nos EUA para dizer que tem que ralar para conseguir as coisas. Em texto publicado ontem discorri sobre o péssimo atendimento que a Delta Airlines me deu em viagem para San Francisco. O que aconteceu com a locadora Dollar com quem tinha alugado o carro foi algo bem diferente. Quando cheguei com minha reserva no bureau da companhia no aeroporto(um dia depois da reserva), não tinha mais carro econômico. Aliás, não tinha mais carro nenhum. Acabei ganhando um upgrade para um conversível. A Empresa acreditou que o atraso não tinha sido minha culpa, compreendeu meu cansaço e tratou-me com dignidade. Veja foto abaixo. Será que o ganho foi por ter penado antes com a Delta? Não sei, mas posso afirmar que seria a única possibilidade de dirigir um conversível pelas maravilhosas highways americanas (e o clima ainda ajudou!).

terça-feira, 24 de março de 2009

A Saga da Delta

Já andei escrevendo sobre sagas que passei ao ser atendido por serviços de algumas de nossas grandes Empresas (a saga da Tim começa aqui e a da TAM aqui). Agora, saga de multinacional é a primeira que vivi. Minha ida para a Califórnia na última sexta-feira tinha tudo para ser uma das mais tranqüilas e rápidas. Afinal, o Governo do Estado, em especial a Secretaria de Turismo, tinha conseguido colocar Fortaleza na rota da Delta Airlines, uma das grandes companhias aéreas americanas. Que maravilha! O vôo Fortaleza-Atlanta era a aproximação entre os hemisférios que merecíamos. Algo do que se orgulhar. Isso se tudo não passasse de uma farsa sem tamanho. Os vôos são frequentemente cancelados por causa de "manutenções" nas aeronoves. A verdade, que mesmo os funcionários da Delta não conseguem esconder, é de a viabilidade econômica do vôo é dúvidosa. Quem sofre as consequencias é o cliente que é desrespeitado sem pena. Se não há quórum suficiente para tornar o vôo lucrativo, ele é cancelado e os passageiros são “jogados” de um lado para outro. Foi exatamente o que aconteceu comigo. Se tudo tivesse corrido bem, a previsão era de chegar em San francisco ainda na sexta-feira em cerca de treze horas de viagem. Um vôo diuturno com apenas uma conexão em Atlanta (provavelmente mais caro do que o que acabei pegando). Com o cancelamento, fui enviado ao Rio de Janeiro e só saí para Atlanta cerca das onze da noite. Quase na hora que deveria estar chegando ao destino. Nesse ínterim, o atendimento da Delta mostrou-se digno dos péssimos serviços por mim supra-mencionados. Perdi uma diária do hotel nos EUA que já estava paga. Ao perguntar quem ia me ressarcir, disseram-me “resolva no Rio de Janeiro”. No Rio de Janeiro, disseram-me “resolva no site”. Em Fortaleza, garantiram que teríamos um hotel no próprio aeroporto para nos abrigar até a saída do vôo(eu e os outros cerca de vinte passageiros na mesma situação). Ao chegar no Rio, nada de hotel. A notícia era de que não havia disponibilidade. Promessas de que poderia haver um upgrade para classe executiva também fizeram o mesmo trajeto: Fortaleza-Rio-Água. Consegui falar com o gerente da Delta no Rio. Disse-lhe que o mínimo que a companhia deveria fazer era me fornecer um upgrade mesmo sem minha solicitação, pois naquela noite deveria estar dormindo em um hotel no destino e não dentro de um avião como fui obrigado a fazer. Fui pouco convincente. Sabe o que ele me ofereceu: a sala VIP. Só que só poderia acessá-la quando o check-in fosse feito. Como o check-in não podia ser feito, não podíamos acessar a sala VIP. Cheguei em San Francisco em uma pequena viagem de cerca de 36 horas. Dei queixa na ANAC. Fui gentilmente atendido, mas percebi o quão frágil é sua estrutura. Sei que se recorrer a justiça terei como receber meus direitos, mas mesmo para um blogueiro ter essas estórias para contar cansa.

quinta-feira, 19 de março de 2009

WikiMapAid e WikiCrimes no New Scientist

O dia de hoje é especial para mim. Estamos sendo notícia de uma das maiores revistas de divulgação científica do mundo. A revista britânica New Scientist abriu espaço para falar de nosso mais novo projeto WikiMapAid (veja aqui o que escrevi sobre esse novo projeto) além de mencionar nosso trabalho em WikiCrimes. A matéria se entitula "Disease Maps Can Turn a crisis around"A New Scientist é referência desde sua fundação nos anos 50. Seu site criado em 1996 é o décimo quarto no mundo no quesito de links recebidos. Para se ter uma idéia de sua popularidade, o site é o único de divulgação científica na lista de 100 mais acessados sites do mundo. A conseqüência disso é um incremento exponencial de acesso aos dois sites e o reconhecimento de um trabalho desenvolvido com alunos e voluntários. Vejam a matéria completa aqui. Abaixo coloco a foto da matéria.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Sensações e Realidade: Os Limites do Ronda Quarteirão

Vi na no jornal O Povo na coluna Vertical essa nota: “Sensação de Insegurança voltou à cidade” e pedia “Governador, reforça o Ronda”. Senti-me impelido a refletir sobre isso. Em vários textos comentei sobre o que acho necessário para avançarmos mais solidamente na questão da Segurança (nesse link aqui você encontra referências para uma seqüência de links onde refleti sobre o assunto). As deficiências da Polícia Civil, por exemplo, foram mencionadas aqui. Em setembro de 2008 escrevi sobre o Ronda Quarteirão (veja o artigo aqui) e de como, na campanha para prefeito, o tema tinha sido abolido das discussões. Naquele momento, o Ronda vivia o auge de sua popularidade. Os candidatos então ficaram sem espaço para propor uma política municipal. Hoje, somente alguns meses depois, a reação provavelmente já seria diferente. Já se pode ver os primeiros sinais de cansaço do Ronda. O projeto foi lançado como uma inovação no policiamento. Um cuidadoso trabalho de marketing preparou símbolos desde a compra de um carro imponente passando pela “filosofia” comunitária, novas fardas e mesmo pelo título “ronda quarteirão” que trazia ao inconsciente popular algo que as pessoas mais sonhavam: a pequena Fortaleza de outrora. Até os números de celular dos policiais o cidadão tinha. Nada mais inteligente para gerar a sensação de segurança. Não adiantava dizer que a implementação de policiamento comunitário com policiais dentro de uma viatura de luxo era algo contraditório. Nem de que a logística do chamado de ocorrência para um celular é deficiente, pois em um momento de emergência ela pode falhar. As pessoas estavam mais seguras, pois estavam vendo mais Polícia e se sentindo próximas a ela. Era o que interessava. Nem as causas as interessavam. E ainda mais, os policiais eram educados! Nossas carências são tão grandes que consideramos fantástico o fato do policial dizer bom dia e boa noite. Ocorre que a problemática é bem mais complexa e o tempo vai desgastando cada símbolo um a um. A interação entre sensação de segurança e segurança real é algo que desafia cientistas sociais, criminólogos, economistas e todos aqueles interessados na temática. O mais intrigante é que não adianta baixar os índices de violência sem trabalhar a sensação de segurança. E ainda mais, pode-se inclusive conseguir fazer o cidadão sentir-se seguro sem que ele o esteja (pois a probabilidade de ser vitimado é grande). Se já é complexo em teoria, imagine no contexto brasileiro onde o esgarçado tecido social e o degradado sistema legal (policial, penal e judicial) são ingredientes explosivos. Digo tudo isso, não com o mero objetivo de criticar o projeto Ronda. Só acho que é bom sabermos exatamente o que ele é e o que pode trazer. Enfim, quais seus limites. Sem dúvida que sua implantação foi benéfica a cidade no sentido de aumentar a força do policiamento ostensivo que era muito carente em Fortaleza. E fato, no entanto, que não se trata de policiamento comunitário. O próprio Secretário de Segurança , sempre que se refere ao programa, usa o termo policiamento de aproximação (não sei muito bem o que isso significa). Mas o mais problemático é o fato de que os avanços obtidos com o Ronda não foram acompanhados nas outras áreas do próprio sistema como nas Polícia Civil e Técnica e no sistema Penal e muito menos em ações preventivas e que exigem articulações interdisciplinares. A consequencia são prisões e cadeias super-lotadas e o aumento da violência (principalmente nos roubos). Já havia falado sobre a importância e a dificuldade de se implantar ações desse tipo aqui. Enquanto não avançarmos efetivamente nessa direção, reforços no Ronda farão cada vez menos a diferença.

terça-feira, 17 de março de 2009

Dados Oficiais e WikiCrimes

Uma das perguntas mais freqüentes que me fazem sobre WikiCrimes é se acredito que poderemos um dia ter uma base de dados com mais registros que as bases oficiais. Minha resposta é “não é isso que visa o projeto”. Não se trata de termos comparações em termos quantitativos. É claro que o cidadão se sente muito mais impelido a realizar um chamado ou queixa na própria Polícia do que em WikiCrimes. É ela quem deve tomar providências quanto ao fato, enquanto que WikiCrimes não vai poder resolver imediatamente seu problema. Lembro que por detrás do projeto há a idéia de solidariedade, pois a informação de que uma região é perigosa não é novidade àquele que denuncia, mas o é a outros que desconheciam essa informação. Por mais que sejamos altruístas, solidariedade não conseguirá competir com interesses individuais, né!? De qualquer forma, uma análise da validade das informações de WikiCrimes pode e deve ser feita por uma perspectiva qualitativa. Aí sim, diversas informações úteis, inclusive para as autoridades, podem ser extraídas. Por exemplo, este final de semana estive fazendo uma análise comparativa entre os dados oficiais de homicídio do CIOPS e os dados de WikiCrimes para a cidade de Fortaleza. Esse trabalho é parte de um projeto de pesquisa que desenvolvo na UNIFOR financiado pela FUNCAP. Para o ano de 2008, o CIOPS registrou cerca de 800 homicidios, mas destes somente 337 tinham o endereço georeferenciado. Endereço georeferenciado é quando o local está ligado a uma coordenada geográfica e assim pode ser marcado precisamente no mapa. Em WikiCrimes, em 2008 foram 572 homicídios registrados e obviamente todos eles são automaticamente georeferenciados (pois na hora do registro o usuário já faz o registro apontando o local no mapa). A conseqüência disso é que observar o mapa de homicídios a partir de WikiCrimes é mais informativo do que um mapa feito com as informações exclusivas do CIOPS. Vejam abaixo o mapa de manchas com homicídios acontecidos em Fortaleza em 2008. Somente esse fato já é um resultado significativo de WikiCrimes para a sociedade. Não me contento só com isso. Outras coisas virão.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Os Livros do O Leitor

Muito feliz a matéria veiculada no caderno Vida e Arte de sábado sobre os livros lidos no filme O Leitor. No filme, a relação entre os protagonistas é frequentemente permeada por cenas em que a personagem masculina (David Kross e depois Ralph Fiennes) lê livros em voz alta à personagem feminina (Kate Winslet). Voltando a matéria, ao lê-la pensei “o que me fez apreciar tanto essa matéria?” (além do fato de ter gostado muito do filme). Creio ter sido pelo fato da pertinência e da forma como ela foi produzida. Envolve contextualização (o fato do filme estar em evidencia), percepção ( do detalhe que permeia o filme, mas que não nos dedicamos a apreciá-lo), novidade (pelo fato de observar a leitura em “voz alta”que é quase inédita para adultos) e educação (pelo fato de se tratar de clássicos que merecem nossa leitura). A matéria faz um breve resumo de todos os livros “lidos” em voz alta no filme. Guerra e Paz, O Amante de Lady Chatterlay, Odisséia e todos outros que circulam no filme, não sem objetivo (pois quase sempre contextualizam algum momento), ganharam um breve resumo. Acho que aqui há um exemplo do bom jornalismo. Onde a perspicácia está presente, que, englobando diferentes perspectivas de diferentes disciplinas , dissemina cultura por osmose. Vejam a matéria completa aqui.

quinta-feira, 12 de março de 2009

WikiMapAid – Um Mapa de Ajuda Humanitária

Depois da criação de WikiCrimes recebi muitas propostas para fazer outros sites de natureza similar. Sempre recusei por que achava que a experiência de WikiCrimes é por si só muito rica e ainda me faz aprender bastante sobre a Web, inovação, além de proporcionar um riquíssimo ambiente para realização de pesquisas em computação. Isso evidentemente requer muito investimento de tempo que, aliás, meu dia a dia não me deixa esquecer. No entanto, uma proposta feita em Maio de 2008, há quase um ano, ficou sempre na minha cabeça. Rupert Douglas-Bate é um experiente trabalhador na tarefa voluntária de ajuda humanitária. Ele é fundador e presidente de uma ONG em Londres chamada Global Map Aid – GMA. Ao conhecer WikiCrimes, ele me mandou um email que descrevia ao mesmo tempo seu entusiasmo e emoção, pois acreditava que um site para mapear ajuda humanitária, ao estilo de WikiCrimes, seria de grande valia para sociedades que hoje sofrem tanta carência. Rupert garantiu-me que eu não teria nenhuma energia a gastar depois que o site estivesse pronto. Ele teria todo o trabalho de divulgar, articular a participação e manter o site (ainda não sei se isso será bem assim!). Uma proposta extremamente interessante, em virtude de seu valor sentimental, mas que não via como viabilizá-la. Mantivemos o contato por alguns meses e, durante esse tempo, Rupert sempre me enviava notícias, fotos e vídeos de situações críticas no mundo e de devíamos fazer algo. É incrível como somos desinformados da pobreza, fome e crueldades que vivem algumas pessoas principalmente em países africanos. Somos rápidos em criticar os países ricos por sua ignorância quanto aos problemas dos mais pobres. Não me parece que agimos muito diferentemente. Quando a situação no Zimbábue começou a se deteriorizar coincidiu com o momento em que consegui o apoio de Ricardo Rebouças. Ele é um ex-aluno de graduação e orientando de mestrado que acima de tudo, adquiriu esse entusiasmo por desafios como o que lhe propus. O resultado é o site WikiMapAid que estamos lançando essa semana(sempre em estado beta). A idéia é usar o site para mapear a situação em regiões carentes. Abrigos, hospitais, escolas, pontos de apoio para obtenção de comida e de água são algumas das áreas que podem ser mapeadas pelos trabalhadores humanitários espalhados pelo mundo. Abaixo uma figura do site. Infelizmente, a versão atual só será em inglês. Em breve, contamos ter uma em português. Acho que pode ajudar inclusive a mapear regiões críticas mesmo no País como nos casos de tragédias devido a intempéries e onde a logística deve ser mapeada e disseminada na população.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Clube da Esquina

O Clube da esquina foi um movimento musical que surgiu nas Minas Gerais, mas que ganhou fãs em todo o Brasil. Segundo a Wikipédia, considera-se que seus principais participantes tenham sido Tavinho Moura, Wagner Tiso, Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta, Márcio Borges, Fernando Brant e os integrantes do 14 Bis. Uma dica para aqueles que quiserem saber mais sobre o movimento é o livro do irmão do Lô Borges, Márcio, entitulado “Os sonhos não envelhecem, histórias do clube da esquina”. Editora Geração Editorial. Deles, mais particularmente de Milton Nascimento, Márcio Borges e Lô Borges, vem uma das músicas mais bonitas que já escutei: Clube da Esquina 2. Abaixo uma gravação ímpar de Flávio Venturini e um vídeo com parte de um documentário sobre o movimento. Em homenagem a eles, a rádio personalizada do blog vai tocar músicas no estilo Fávio Venturini. Tem muita coisa boa de Elis Regina a Jorge Vercilo, passando, é claro, por Milton Nascimento. Escutem sem moderação.



terça-feira, 10 de março de 2009

Nunca na História Desse País...

Há quase um ano atrás, esse havia sido o título de um texto nesse blog (acesse-o aqui). Nele eu falava do quanto o setor de Ciência e Tecnologia brasileiro estava sendo inundado de dinheiro. Acreditava (e ainda acredito) que isso nunca havia acontecido. Meu objetivo aqui, infelizmente, não é tão positivo. Não posso deixar de refletir sobre o quanto a política brasileira chegou a níveis insuportáveis de nojeira. Sarney, Calheiros, Temer e agora Collor, tudo isso com o endosso do governo, é decididamente, de fazer nojo. Não há dúvida que Lula é um fenômeno eleitoral e que sua pessoa estará para a história desse País. Agora, não tenho dúvidas de que a contribuição para enlamear mais ainda o Congresso Nacional de seu governo, do PT e de tantos outros “esquerdistas” que buscavam se distanciar da pasmaceira que era a política brasileira (ou pelo menos diziam isso) é também inédita. O governo Lula e o PT conseguiram gerar um sentimento cada vez mais forte de que os políticos e a política brasileira são decididamente sem saída. A capitulação deles ao PMDB e aliados é um marco no País. Aqueles que se diziam guardiões da moralidade se tornaram os guardiões dos vilões. Teremos força para reverter isso? Não sei. O cidadão comum tem a sua disposição todos os argumentos que precisa para racionalizar toda e qualquer atitude não compromissada com os governos e com a sociedade. Nossa classe política é capaz de ser usada como argumento para perdoar todos os pecados. Lembro que uma das características marcantes dos golpes de Estado e tomada de poder por vias antidemocráticas é a fraqueza inconteste das instituições representativas da vontade popular. A postura de Lula face a tudo isso, me parece ainda mais simbólica. Vem-me a tona a dúvida sobre o quanto isso parece motivar sentimentos autocráticos (a la Chavez). Afinal de contas, no Brasil de hoje, estaríamos mais próximos de um golpe de estado de direita ou de um golpe branco que promovesse a permanência de Lula? Talvez esteja exagerando, mas a desilusão com a política faz-me realmente ver (o que espero ser somente) fantasmas.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher

Ainda há homens que dizem o tolo cliché (que um dia falei para nunca mais): “porque não existe o dia do homem?” Eu, que tenho três mulheres em casa, fui alertado para o quão insensível é essa pergunta. Você que está me lendo e pergunta (ou se pergunta) isso, reflita duas vezes. O dia internacional da mulher é simbólico, pois visa reformar uma cultura de tratamento de dominação e diminuição das mulheres. Pode ser que não seja relevante para seu contexto de vida, mas, principalmente no nosso Nordeste , onde a cultura machista prevalece, a violência contra as mulheres faz parte dos noticiários cotidianos. A dominação masculina é algo que tem suas raízes na história, mas que a civilização ocidental tem tratado de acabar. Uma batalha longa e que só gerações vindouras vão ter o direito de usufruir. Por enquanto, há ainda que sensibilizar muito marmanjo. Minha filha de onze anos me disse que seus coleguinhas disseram que nunca houve mulher inventando nada de importante para a humanidade. Senti seu alívio e felicidade ao dar o exemplo da descoberta das propriedades do Rádio por Marie Currie e que por isso milhões (ou mesmo bilhões) de pessoas tinham tido suas vidas salvas com o hoje tão popular raio X. “Eles estavam errados” ela regozijou-se. Aliás, o CNPq laçou os dados sobre as mulheres e a pesquisa no Brasil. Em 2008, as mulheres obtiveram 49% das bolsas concedidas no país pelo CNPq e 39% no exterior. Entre os bolsistas de Mestrado, as mulheres correspondem a 52%, na modalidade de Doutorado, elas já somaram 51% das bolsas, e na Iniciação Científica são 57%, nas mais diversas áreas do conhecimento. Dentre os pesquisadores mais produtivos, que possuem sua produção científica valorizada com as bolsas de Produtividade em Pesquisa, as mulheres ocupam 34% do quadro. Em homenagem a causa e as mulheres, coloco abaixo o vídeo desse conjunto que sempre foi vanguarda de causas politicamente corretas: Tears for Fears. O protesto deles foi eternizado na música “Woman in Chains” (mulheres acorrentadas). Outra coisa que ia esquecendo. Não deixe esse dia ser raptado pelo comércio que está louco para criar mais um dia de compra de presentes. Aí sim. Será o fim de qualquer possibilidade de mudança comportamental.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A Web e Controle Social

Muito me orgulhou o convite recebido pelo Presidente do Tribunal de Contas do Município do Estado do Ceará (TCM), Ernesto Sabóia, para escrever um texto sobre Informatização e Controle Social. Creio que minha militância pela transparência para os dados criminais com WikiCrimes levou-o a considerar que poderia contribuir com o tema. O texto será um dos fascículos do curso “Controle Social das Contas Públicas”, iniciativa do TCM e que estará sendo realizado pela Fundação Demócrito Rocha em parceria com o Bradesco (veja mais sobre o curso aqui). O curso será realizado na modalidade à distância com fascículos distribuídos pelo jornal e aulas pela televisão. O convite me fez pesquisar, dentre outras coisas, como a Internet pode ser usada pelo cidadão para auxiliar atividades de controle social. Descobri que existem vários sites que fornecem informações sobre as contas dos governos e prefeituras. Alguns dos endereços desses sites estarão no fascículo que deve sair em Maio (por isso vou guardar segredo!). O lado negativo é que minhas pesquisas me mostraram que não é nada fácil para um cidadão comum saber como seu dinheiro está sendo usado pelos governos. A razão é simples. Por mais que as informações estejam disponíveis na Web, elas são difíceis de serem encontradas e, principalmente, interpretadas. Há muito número de empenho, licitação, documento e processo para que alguém possa ligar uma determinada obra ou serviço realizado na sua comunidade. Creio que a situação mais comum onde um cidadão pode agir como auditor é, ao presenciar in loco uma obra ou serviço público, tentar saber mais sobre os valores pagos, quem os recebeu e quanto. Por exemplo, eu, ao perceber a reforma do calçadão da Beira-mar de Fortaleza, sempre tenho vontade de ter informações de quanto já foi pago pela obra e porque a mesma não terminou dentro dos seis meses previsto. Na verdade, não consegui nem descobrir quando a obra começou. A partir das informações que a placa descritiva da obra me deu (veja a foto abaixo), procurei acessar mais informações na rede. Infelizmente, não obtive sucesso. Embora o site do TCM seja o mais apropriado para encontrar essa informação, como elas estão estruturadas de acordo com a forma passada pela Prefeitura e aí não se consegue identificar nenhum interesse na transparência. O máximo que consegui foi encontrar alguns contratos e pagamentos feitos para a Trana Edificações, a construtora responsável pela obra, mas sem os detalhes que buscava. Muito há a ser feito, mas não se pode desconsiderar que os avanços são sensíveis. Temos mais é que começar a fiscalizar.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Thomé e John Lennon

Ingressei no SEPROCE há 25 anos atrás. Cursava o primeiro ano de faculdade. Um novo mundo que se abria e que certamente foi um dos impulsionadores para que adorasse a carreira que hoje tenho. Quase nunca paro para pensar o quanto as pessoas mais experientes daquele momento foram importantes para minha formação. O falecimento de Thomé ontem não me pediu licença para tornar minhas memórias vivas. Tive a honra e a felicidade de trabalhar com ele em vários momentos. Os mais nostálgicos foram o de início de carreira, na época em que o SEPROCE “rodava” os sistemas de conta corrente e poupança do hoje extinto Banco do Estado do Ceará (BEC). Noites sem dormir não eram raras, na gelada sala de operação (sala dos “grandes”IBMs). O entusiasmo e dedicação de Thomé não nos deixavam dormir. Exigente, mas reconhecedor, estava à frente dos pepinos e os assumia com coragem. Os garotos não mereciam levar as bordoadas (que não eram poucas). Longe de serem tempos difíceis, eram tempos alegres. Thomé vestia a camisa do SEPROCE da mesma forma do time de futebol que ajudou a formar (tanto salão como campo). Em seu Corcel levava-nos os que coubessem para as disputas. Os gramados da periferia de Fortaleza (com pouca grama, mas bem adubado!) conheciam nossa equipe em parte por sua causa. Fazia às vezes de cartola, técnico e médico. Um dia foi batizado pelos torcedores adversários de John Lennon. Era a sabedoria popular de novo em ação. Ao batizá-lo assim pelo seu visual (cabelos longos, óculos redondos, barba) acabaram por rendê-lo homenagem justa pelo seu idealismo e intransigência. Idealismo que o fez navegar pelos sindicatos e pelas diretorias, mas que sempre o levaram a defender uma de suas paixões: o Serviço Público. Intransigência face às decisões governamentais que ano após ano feriram seu SEPROCE até a morte, como face às incoerentes políticas públicas que a vida como funcionário público ajudou a perceber. Era crítico, sim. Contumaz e consistente. Nossos últimos encontros aconteceram há cerca de um ano no pátio do Palácio da Abolição, na antiga sede da SSPDS. Ele estava na Ouvidoria e eu na SSPDS. Encontros rápidos e furtivos, mas que ele não me deixava esquecer de que me acompanhava. Gostava de saber “novidades” da tecnologia e da pesquisa, mas sempre que podia jogava seu olhar crítico às questões que conversávamos. Não tenho dúvidas de que aprendi muito com sua convivência. Sua inquietude vai fazer muita falta, mas resta-nos aceitar que mesmo os guerreiros mais ativos merecem descanso.

terça-feira, 3 de março de 2009

WikiCrimes na JAVA Magazine

Fiquei muito satisfeito com o artigo feito por Leonardo Ayres, mestre em computação pela UNIFOR e principal desenvolvedor de WikiCrimes, na JAVA Magazine. O artigo discorre sobre conceitos importantes na Web hoje como mashups e uso de geoprocessamento através da API do Google Maps. Além dos aspectos educativos, o artigo aproveita para exemplificar os conceitos ao demonstrar como os mesmos vêm sendo usados em WikiCrimes. Acima de tudo, o convite feito a Leonardo para escrever o artigo deixou-me feliz por ser um merecido reconhecimento pelo trabalho pioneiro que vem desenvolvendo desde quando aceitou embarcar nessa aventura. Vejam a matéria aqui e freqüentem o blog do Leonardo para aprender mais sobre como desenvolver em JAVA aplicações como WikiCrimes.

segunda-feira, 2 de março de 2009

I Feel Good !

Muito interessante o projeto I Feel Fine iniciado por dois jovens estudantes de Computação um de Stanford e outro de Princeton. Ele é representativo de um novo tipo de pesquisa social que somente a existência da web permite. Desde Agosto de 2005, um programa está monitorando blogs em várias partes do mundo e toda vez que encontra frases que começam com “I feel” ou “I am feeling” (eu me sinto e estou me sentindo, em português), ele grava a frase toda em um banco de dados. Depois disso, ele tenta identificar que sentimento está associado ao o que está escrito: felicidade, tristesa, raiva, depressão, etc. Além das frases, o programa grava informações sobre o blogueiro como sexo, idade e localização geográfica. O banco de dados tem mais de 10 milhões de “sentimentos” com cerca de 20.000 novas entradas por dia. As possibilidades de exploração do banco são interessantíssimas. Os autores do projeto exploraram correlações do sentimento das pessoas em determinadas regiões e as condições climatológicas, por exemplo. Afinal, chuva afeta o humor? Comparações também são possíveis: Europeus ficam triste mais com mais frequencia do que Americanos? Mulheres se sentem gordas mais frequentemente do que homens? Qual o sentimento mais representativo das jovens até 20 anos? Quais as cidades mais felizes do mundo? Além dessa mineração dos dados, os autores criaram uma interface super bacana onde estatísticas diversas podem ser visualisadas. Acesse-as aqui.