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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Retrospectiva 2008 – Parte I

Mais um ano se passou. Esse blog já começa a ter uma história. São mais de dois anos desde o momento em que decidi iniciá-lo. Ano passado fiz uma retrospectiva do que tinha escrito em 2007. Ao lê-la (foi escrita em três partes e você pode acessá-la aqui, aqui e aqui) convenci-me de que possui seu valor. Usarei a mesma estratégia de construir um texto pleno de links para os textos originais, mas que, espero, seja auto-contido. WikiCrimes evidentemente foi o que dominou minhas atenções. Essa primeira parte da retrospectiva vai lembrar alguns desses momentos. WikiCrimes teve uma cobertura midiática considerável. Algumas reportagens foram tipicamente local e com pouco impacto. Outras como a matéria no Ciência On-line tiveram particular visibilidade. Um público crítico e que interagiu com o sistema e forneceu sugestões interessantes. Entre reportagens e aprendizagens que WikiCrimes trouxe, uma viagem a Europa oxigenou o blog. Paris, em particular, é o tipo de lugar que inspira para leitura e escritura. Faz-nos repensar nossos hábitos e nossa cidade. Mais ainda quando me defrontei com a dificuldade de fazer Cooper na beira-mar. Fez-me até me lembrar de dois dos mais bonitos musicais que já assisti: Le Maître de la Musique e Moulin Rouge. A tecnologia sempre esteve presente, mas as atenções nas redes sociais começaram a me interessar. Não se pode fazer pesquisa sobre a Web sem compreender o que elas estão a dizer. Do lado da Segurança Pública, a palestra do especialista David Bayley me fez refletir sobre a necessidade de uma Polícia Esperta e justa. Em Abril, já previa o que podia acontecer com meu Vasco, os indícios eram fortes de que as coisas não andavam bem. 15 de Abril foi uma data marcante: WikiCrimes na BBC. A partir de então o projeto tomou outra dimensão e a mídia internacional abriu espaço. Continua ....

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Cearês , Cultura e Turismo

Bem divertido o dicionário de Cearês(acesse-o aqui). Ele elenca uma centena de palavras que fazem parte do vocabulário do povo cearense e que são um deleite de se serem exploradas. Encontrar expressões como “rebolar no mato” (jogar fora) fazem rir, mas servem, por exemplo, a nos mostrar a pouquíssima preocupação ecológica que certamente não fez parte de nossas últimas gerações (e que ainda não faz!). O mato era o lixo! Só senti falta de um estudo mais elaborado que buscasse as raízes de cada palavra. Termos como baitola e espiricute são derivações do inglês, por exemplo, têm explicações. Baitola surgiu na época da segunda grande guerra quando americanos coordenavam a construção de estradas de ferro que deviam ser construídas com especial cuidado quanto à “bitola” das mesmas. Pelo sentido que a palavra tomou por aqui, dá para perceber que os cearenses não gostavam muito do jeito desses coordenadores, né? Espiricute é outra variação que refere-se ainda hoje a garotas ou garotos danados, mas não no sentido pejorativos. Vem de ”she is pretty cult” (algo como, ela é muito bonitinha!). Mesmo sem possuir esse estudo etimológico, a iniciativa é genial. Felizmente, percebo que gradativamente vamos, nós brasileiros e, cearenses em particular, perdendo o complexo de inferioridade que nos acompanhou muito por muito tempo e que nos fez ter vergonha de nossa cultura. Está cada vez mais claro que temos uma cultura própria, rica e que merece ser divulgada. Não há que comparar ou avaliar se é boa ou ruim. Ela é fruto de nossa história, reflete nossas raízes e auxilia a compreender nossos hábitos e comportamento. As diferenças culturais são a grande riqueza que vem sendo explorada por diversos povos, principalmente em benefício do turismo. Quem viaja, principalmente quando se fala de turismo internacional, está disposto, digo mais, está ávido para conhecer culturas diferentes das suas. É isso que os entusiasma. É claro que nossas belezas naturais e nosso clima ameno são fatores essenciais para atrair turistas. Mas isso só não basta. Há muita beleza natural em várias partes do mundo. O diferencial nessa competição de atratividade é a cultura. Vejam que minha definição de cultura é ampla. Não se resume a museus ou visitas a pontos históricos. Envolve as relações pessoais, a linguagem, a forma de se comunicar de expor os sentimentos, de sorrir, enfim de se dar. E nesse ponto, desculpem os compatriotas, o Ceará é imbatível. Nossa cultura acomoda naturalmente um sentimento de serventia, o prazer de receber e de fazer rir. Não é a toa que há uma proliferação de humoristas e shows de humor na cidade. Um povo que brinca com a própria dificuldade. Chega de leriado, arre égua, feliz festas!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Scorpions

Já que estive recentemente na Alemanha e falando das coisas de lá, vou homenagear o Rock germânico com essa gravação acústica de um dos grandes sucessos do Scorpions. Essa banda alemã de Hanover que fez muito sucesso na década de 80. Mesmo sendo em essência mais "Heavy", teve músicas com um estilo bem moderado como Still Loving You (um de seus maiores sucessos).


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

WikiCrimes na TV UNIFOR

Nesse mês de dezembro a TV UNIFOR abriu um espaço para conversarmos sobre WikiCrimes. No agradável ambiente do campus da UNIFOR e depois no laboratório da Célula de Engenharia de Conhecimento, onde desenvolvemos WikICrimes, pudemos falar desa experiência inovadora e desafiadora. Veja o vídeo do bate bapo no portal multimídia da UNIFOR clicando aqui. O bate papo está entitulado de "o conteúdo do site WikiCrimes" e se encontra entre outros pequenos vídeos sobre a Internet em geral.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Qual Será o Impacto da Crise?

Aproveito minha referência feita no texto anterior sobre a crise econômica mundial para me perguntar sobre o impacto dela no Brasil. As recentes notícias nos jornais sobre o aumento do nível de emprego bem como do turismo no Ceará nos últimos meses aumentaram minha dúvida. Na minha viagem a Alemanha e Espanha, na semana passada, o que mais me impressionou foi o efeito visível da crise no turismo e no comércio. Os aeroportos estavam vazios. Esperava-os lotados e presenciar muita confusão como sempre experimentei em finais de ano pela Europa e EUA. A época de festas e o inverno que se inicia trazem transtornos inevitáveis ao sistema de controle aéreo. Não foi o que presenciei. Até minha bagagem conseguiu chegar a tempo ao destino (coisa que não é muito do feitio da TAP)! Em particular, o vôo da TAP para a Europa, quase não possuía brasileiros. Euro a R$3,35 impede qualquer sonho. Agora, o fato mais surpreendente foi presenciar o comportamento dos europeus nas lojas. Ninguém a comprar. As lojas, que normalmente ofereciam descontos após o Reveillon, passaram a oferecê-los antes do Natal. Descontos que às vezes chegam a 70% do valor cheio. Não estamos ainda sentindo quase nada do efeito dessa crise, o que é ao mesmo tempo surpreendente e animador. Sempre éramos afetado ao menor sinal de turbulência na economia mundial. O mero fato da crise não ter se instalado aqui com força já é bem alentador. Agora que ela vai chegar, vai. Vamos torcer para não ser com tanta força. Abaixo vejam a foto dos espanhóis em Madrid, no dia 21 de Dezembro, último fim de semana antes do Natal, fazendo fila até o meio da rua para entrar numa loja com descontos excepcionais. Tudo a 6, 12 ou 18 Euros. Só assim para fazer a turma comprar.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Dahlem Konferenzen – Éticas em Modelos

Na Dahlem Konferenzen, como já mencionei, participei dos grupos de modelagem de crime com criminologistas, sociólogos, matemáticos e físicos. Mas outros grupos também discutiram a modelagem matemática das interações sociais. Obviamente, a Economia é uma das áreas que historicamente vem fazendo isso. E por essa razão um dos aspectos mais largamente debatidos foi à necessidade de uma ética na manipulação de modelos econômicos. Os economistas argumentaram que modelos matemáticos em economia vêm exercendo um papel de mais e mais relevante no mundo. Isso fez com que modelos fossem sendo usados sem que se tivesse a perfeita dimensão das conseqüências e limitações que eles contêm. A crise atual foi para muitos um exemplo de como havia um gap nas teorias econômicas e a prática e, por isso mesmo, é um momento fantástico para se rever o que se está fazendo. Percebi que mesmos os pesquisadores da área estavam espantados com o fato de que nenhum modelo econômico tinha previsto o que ocorreu e nem sabe como proceder diante da situação. A conclusão deles é que, primeiro, crises são parte da dinâmica do sistema, como conviver com elas deve ser previsto, pois sabe-se que elas vão acontecer. Depois, há que existir uma ética na criação dos modelos de forma que se possa sempre ter a perfeita conseqüência dos limites dos mesmos e das implicações se estiverem incorretos. Essas preocupações já passaram a fazer parte dos outros grupos mesmo daqueles onde o tema é embrionário como é o caso da modelagem matemática das relações sociais que levam à criminalidade. Quiçá essas preocupações passem, em breve, a estar na pauta de minhas pesquisas.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Dahlem Konferenzen – Representantes

Só agora que acabou tive tempo de organizar as idéias discutidas em Berlim na Dahlem conferência. Vou começar falando da diversidade de pesquisadores presentes no grupo que foi, pelo meu ponto de vista, um dos fatores mais positivos da reunião. Sem querer entrar muito em detalhe, nós pesquisadores estudamos e discutimos sobre como é possível definir modelos matemáticos (aqui inseridos os modelos computacionais) para representar aspectos da vida em sociedade. O objetivo foi o de definir uma agenda com temas e questões de pesquisas que sejam direcionadores das pesquisas a médio prazo no tema. Éramos 40 pesquisadores de diversas partes do mundo representando áreas diversas como Economia, Sociologia, Criminologia, Física, Matemática e Computação. A representação por nacionalidade dos pesquisadores era a seguinte Alemanha 12, EUA 8, França 5, Reino Unido 4, Dinamarca 2, Suiça 1, Suécia 2, Holanda 2, Austrália 1, Brasil 1, Romênia 1, Itália 1. Vejam que do hemisfério sul somente um australiano e eu fomos convidados. O convite foi formulado pelo conselho da Dahlem Konferenzen, formado por professores da Universidade de Berlim e pelos organizadores e moderadores escolhidos para discutir o tema. A escolha foi baseadas no currículo dos pesquisadores e, principalmente, nas publicações científicas realizadas no tema em questão. Minha participação deveu-se as publicações realizadas no contexto de simulações de crime. WikiCrimes ajudou ainda a tornar-me, digamos, “mais popular”. Aliás, durante a conferência fui convidado a dar uma entrevista, juntamente com um colega holandês, para uma rádio alemã em um programa que fala sobre ciência. Dois aspectos merecem menção. Primeiro, ressalte-se que crime é notícia até em países com índices baixíssimos de criminalidade. Dentre os assuntos discutidos, a rádio escolheu exatamente dois representantes desse tema. Mesmo a crise econômica não teve tanta prioridade. Segundo, o jornalista que me entrevistou era um alemão que tinha doutorado em matemática e possuía um conhecimento profundo em simulações. Foi uma das entrevistas mais desafiadoras que pude dar. Ele me fez uma sabatina, sempre buscando ir além do que eu respondia. Bem diferente da maioria das entrevistas que dou no Brasil onde muitos jornalistas nem mesmo escutam o que estou a dizer (ou se tentam, não conseguem entender). Vou ver se consigo o áudio da entrevista para disponibilizá-la aqui. Falei em inglês, mas será traduzida para o Alemão. Vamos ver como vai ficar.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Berlim é Um Canteiro de Obras

Há quinze anos atrás, quando morava na França, já escutava essa frase do título: “Berlim é um canteiro de obras”. Nunca tinha tido oportunidade de visitar a cidade, e agora, ao fazê-lo percebo que a frase continua válida. Depois da queda do muro, a parte oriental da cidade precisou ser quase que totalmente reformada, eu diria mesmo que reconstruída. Tudo era muito precário e principalmente feio. As obras, que em todos os lugares podem ser vistas em Berlim, são gigantescas. Algumas são restaurações de prédios históricos, mas a maioria refere-se à construção de prédios modernos. As ruas e avenidas são largas e monumentos gigantescos aparecem a todo o momento na mais simples caminhada. Entretanto, não posso dizer que senti aconchego lá. Os monumentos históricos reformados, os prédios modernos e mesmo futuristas e os condomínios padronizados da época comunista compõem um conjunto bizarro. Tenho a sensação de que é uma cidade que ainda busca sua identidade. Como ela é um canteiro de obras a única certeza que tenho é de que será bem diferente daqui a alguns anos. A questão principal é, no entanto, conseguirá Berlim ser bonita?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Capacidade de Indignação

A capacidade de se indignar e de se manter indignado é fundamental para uma mudança significativa de uma sociedade. Isso é muito, mas muito difícil. Faz parte da natureza humana, a racionalização, pois nos libera das tristezas causadas pelas “coisas que (pensamos) não podemos mudar” ou mesmo porque queremos esquecê-las. Creio que racionalização é especialmente importante para nós brasileiros que temos a felicidade como valor tão fundamental (veja um exemplo do que já escrevi sobre nossos valores aqui). O exemplo mais marcante de indignação tive quando tinha acabado de chegar de mais de um ano de vida nos EUA. Fomos, minhas filhas e eu, de carro a uma farmácia e ao sair de lá, formos abordados por uma jovem mulher que tinha uma criança chorando no colo. Ela me pedia dinheiro para comprar um remédio enquanto mostrava-me a filha doente e triste. Ao sair do local, percebi que minha filha (de 17 anos) chorava muito. Ao perguntar-lhe o que estava a ocorrer, só escutei como resposta “não é justo, não é justo”. Aquilo me chocou tanto que nem me lembro muito dos argumentos que encontrei para racionalizar tudo. Só me lembro que foi exatamente o que tentei fazer. Nunca me esquecerei de sua indignação sincera e pura. Isso ainda acontece hoje, dois anos depois? Aprendeu a racionalizar. Essa estória me veio à mente quando de minha visita ao monumento ao holocausto bem no coração de Berlim. São grande pedras como túmulos que são dispostas em uma enorme área. Ao todo, perfazem 90 mil metros quadrados com 2711 lápides de concreto cinza. Um projeto de 27 milhões de euros. É verdadeiramente chocante. Uma sociedade que reconhece que não pode racionalizar e nem esquecer. A foto abaixo é do monumento. Como as lápides são de tamnha diferente, cria-se essa impressão de que há uma onda acontecendo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Harnack Haus

A primeira emoção que tive ao chegar em Berlim deu-se na chegada ao hotel. Estou hospedado na Harnack Haus, uma antiga casa criada nos anos 20 para receber reuniões e conferencias de cientistas alemães e do resto do mundo. Por mais de 80 anos ela possui uma aura de magia, pois representa o símbolo da Academia germânica uma das mais renomadas de todos os tempos. A descoberta da fissura do átomo, por exemplo, foi feita há poucos metros daqui por cientistas que estavam em uma reunião na Haus (casa em alemão). A casa está intimamente ligada a Dahlem – o nome do bairro que outrora era um município – colônia de cientistas nos arredores da Universidade Livre de Berlin. Ela foi primeiramente sede da Sociedade Kaiser Wilhelm (no final do império Prussiano – república de Weimar) que se destinava a promoção da Ciência. Depois da segunda guerra, virou quartel dos americanos que saíram depois da queda do muro. Depois disso, voltou a ter os objetivos de antes e passou a ser gerida pela prestigiosa Sociedade Max Planck. Sinto-me enebriado pela força dos gigantes que passaram pela casa e seus compartimentos. Diga-se de passagem que não é somente o valor histórico do hotel que merece elogio. O restaurante é muito bom. Já pagou a vinda (Assim não vale. Os alemães já pagaram tudo mesmo)!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Dahlem Konferenzen - Viagem

Essa semana meus textos serão prioritariamente voltadas à Dahlem Konferenzen. Já tinha escrito sobre o honroso convite que recebi para fazer parte de um grupo de cientistas para estudar temas como a modelagem matemática da criminalidade (veja o texto aqui). A viagem Fortaleza-Berlim transcorreu bem (pelo menos a TAP não perdeu minha bagagem!) embora bem cansativa. Uma conexão em Munique me permitiu tirar algumas fotos de curiosidades que encontrei em um dos aeroportos mais elegantes do mundo.



Uma réplica da Allianz Arena, a casa do Bayern de Munique. Essa réplica está em um lugar central do pavilhão de embarque e pode ser acessada por todos os passageiros que nela passam. Dentro um aspecto bem futurista (como a fachada, diga-se de passagem). Vejam abaixo a quantidade de computadores e monitores deixados ao uso dos interessados.



Bem na mosca! No banheiro do aeroporto, registrei essa curiosidade da foto abaixo. Há uma mosca desenhada em cada mictório. É para mirar no alvo e consequentemente sujar menos. Bem criativo!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Pedofilia, Orkut e Lan Houses

Hoje estarei no programa de televisão do Paulo Oliveira na TV Diário pela manhã para conversar sobre Redes Sociais na Internet (e.g. Orkut), pedofilia e outras mais. Recentemente venho me interessando pela forma como os brasileiros usam o Orkut. O lançamento de WikiCrimes no Orkut aumentou a necessidade de compreender as preferências e motivações de seus usuários. Muitos amigos me perguntam sobre a postura a ter em relação aos filhos sobre o uso do computador e essa será a pergunta condutora da conversa na TV. Para começar, quero dizer que as redes sociais vieram para ficar e não as vejo somente como um demônio a ser combatido. Trata-se de uma nova forma de socialização e comunicação entre pessoas. Há inclusive um enorme espaço para negócios nesse contexto (falarei sobre isso em outro momento). É bem verdade, que no Brasil ainda predomina o uso das redes sociais para atividades de lazer e quase sempre bem fúteis. Infelizmente, não se trata aqui de um problema tecnológico, mas cultural. Pois bem, deixem-me voltar à questão do controle dos pais. Já existem ferramentas para bloquear acesso a sites pornográficos ou para registrar todos os endereços consultados pelas crianças para posterior “auditoria”. Mas isso não garante proteção total e , sinceramente, não vejo muito interesse dos pais em fazer isso. Talvez aqueles que são profissionais de Informática até se aventurem, mas a maioria não tem tanto entusiasmo ou familiaridade com a tecnologia. Mas como proceder então? Acompanhar e impor limites constitui uma boa estratégia. Definir horários de uso do computador, acompanhar os sites que estão sendo usados pelos filhos (se possível participando das comunidades que eles fazem parte), conversar sobre os perigos de conversar com desconhecidos, enfim, nada extraordinário e que os pais devem fazer de uma forma geral, não somente ao que concerne a Internet. Infelizmente, isso não é nada fácil. Além da aversão que a geração menos jovem (ou mais madura) tem à tecnologia, uma característica bem brasileira vem potencializar a complexidade do processo. A maioria dos jovens, principalmente os menos favorecidos, usa a Internet fora de casa, nas Lan Houses. Aí, as sugestões de acompanhamento que mencionei previamente não valem muito. Nesse ponto é que o Estado tem um papel importante. Uma regulamentação do uso de computadores por menores em Lan Houses, já existente em alguns Estados, é fundamental. Vejam, no entanto, que essa questão é, de fato, muito parecida com outras que já discuti aqui sobre a responsabilidade das pessoas para que as leis sejam cumpridas. Da mesma forma que vender bebida alcoólica para menores deve ser penalizado, deixar crianças acessar sites proibidos em Lan Houses também requer punição. Se não houver acompanhamento nem suporte da população será mais uma lei que não pega (com efeitos maléficos às crianças).

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ensino de Cultura Cidadã

O Brasil passou a olhar, de repente, para a Colômbia. As políticas públicas implementadas pelo ex-prefeito de Bogotá Antanas Mockus estão mais em alta do que nunca. Enrique Penalosa, ex-prefeito depois de Mockus e Hugo Acero, ex-Secretário de Segurança, além do próprio Mockus, são somente dois exemplos de Colombianos que têm sido convidados para expor os milagres das políticas implantadas por lá. Em 30 de Abril de 2007 já escrevia sobre a iniciativa Colombiana (clique aqui para acessar o texto). Para os que não conhecem bem ainda o conceito de cultura cidadã sugiro a leitura do texto que escrevi em Maio de 2007 onde descrevo em detalhes minha visão sobre as idéias de Mockus (acesse o texto aqui). Depois escrevi aqui sobre educação e cultura cidadã. Por começar a escutar muito sobre cultura cidadã vindo de diferentes direções , senti-me impelido a revisitar rapidamente o tema. Sinto-me preocupado de que as idéias sejam mal-compreendidas ou se desgastem devido à implementações mal-sucedidas. A cultura cidadã é daquelas coisas que todos adoram ler, acham belíssimo e defendem ferrenhamente em qualquer lugar. Problema: há uma enorme distância entre o discurso e a implementação. Esquivar-se da pura retórica é um grande desafio. Agora, é bem verdade que se compreenderem errado, aí é que a implementação fica difícil. Sabe onde a Teoria da Cultura Cidadã é mais mal compreendida? Porque ela não tem quase nada de teoria: é pura prática. É a implementação constante de mecanismos de mudança de comportamento no dia-a-dia das pessoas. É instinto de aproveitar as oportunidades. É ensinar constantemente (na sala de aula da vida). Isso requer liderança, mas uma liderança que deve ter uma característica especialíssima: capacidade de ensinar e principalmente de ensinar por exemplos práticos. Mockus na Colômbia teve essa capacidade. Como era filósofo e professor acadêmico usou brilhantemente seu skill de mestre para criar comunicação constante com a sociedade e assim passar sua mensagem educativa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Convergência Jornais e YouTube

A convergência entre diferentes mídias já é uma realidade nos EUA. O mapa abaixo mostra a quantidade de Jornais que possuem canais no YouTube para transmitir suas notícias de forma visual e as vezes interativa. Quem poderia imaginar um dia que o New York Times, por exemplo, teria uma cadeia de televisão. Pois bem, ainda não a tem. Mas tem um canal no Youtube (clique aqui para acessá-lo). Custo baixíssimo e sem necessidade de maiores burocracias e formalizações como a obtenção de outorgas para transmissões necessárias no caso das televisões via satélite. Para ser justo, já começamos a ver isso também aqui por essas bandas, embora de forma bem mais tímida. Aqui em Fortaleza, o Diário do Nordeste e OPovo já começam a colocar inserções de vídeos em suas páginas. Caminho sem volta que tende a ficar mais relevante quando as barreiras de banda larga forem gradativamente vencidas. A grande questão é quão rápido isso vai ocorrer. A pouquíssima qualificação de nossas prestadoras de serviço de telefonia móvel,nos leva a duvidar de que isso corra rapidamente. O mapa abaixo, via 10000 words, mostra os canais YouTube de cada jornal.

Newspapers on YouTube

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Celulares com GPS contra Engarrafamentos

A Nokia e a Universidade de Berkeley lançaram um projeto interessante em novembro chamado Mobile Millenium. Os telefones celular com GPS da Nokia vão passar a funcionar como sensores para controle do tráfego. Os celulares com GPS (Global Positioning System) recebem sinais de satélites (satélites GPS) indicando a localização geográfica do receptor (no caso o telefone). A idéia é então transmitir essa informação de localização geográfica, quando o usuário estiver dentro de um carro, a um site central que passa a ter condições assim de saber quantos carros estão em um dado local. Com base nessas informações o site controlará o tráfego na região da Bay Area (San Francisco e cidades vizinhas) até a região de Lake Tahoe (área de montanhas na Califórnia). A idéia é simples, mas com alguns desafios a serem vencidos. Só funcionará em celulares que pode rodar Java. Até aqui tudo bem, visto que a maioria dos celulares possuem essa capacidade. No entanto, a questão financeira é um pouco mais complexa. A quantidade de dados transmitida do telefone para o site centralizador é muito grande. Se o usuário do telefone não tiver um plano com transmissão ilimitada, a conta será salgadíssima. Agora o maior problema mesmo é a questão da privacidade dos usuários. Os desenvolvedores construíram um sistema de transmissão dos dados do celular que, segundo eles, não identifica o telefone celular de onde o dado de localização está vindo. Se isso vai ter o aceite e credibilidade dos usuários, só o tempo dirá. O protótipo do sistema terá dez mil usuários e funcionará até abril de 2009. O site onde as informações de tráfego serão veiculadas é http://traffic.berkeley.edu/.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Habemus Ciço

O Alphaville na região do Porto das Dunas teve a maior concentração de ciço por metro quadrado do planeta. A eleição para o Ciço Bola na Rede 2009 ocorreu lá e reuniu ciços e ciças numa festa concorrida e cheia de ciçagem. As fotos abaixo ilustram alguns momentos.


Ciços




Ciças


Ciço votando


Autoridade Eleitoral


Meu voto


Homenagem à Tania Arruda




Passagem de Faixa


Muita dança!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Black Black Friday

Não exagero quando digo que o maior lazer dos Americanos é ir ao shopping. E olhe que não é só para passear como muitos o fazem aqui. É para comprar mesmo. A última sexta-feira de novembro que coincide com o feriado de Thanksgiving (ação de graças), chamada de Black Friday, é um dia que exemplifica minha afirmação. Esse dia é considerado o primeiro dia de compras para o Natal e é quando os lojistas realizam promoções gerais. Notem que não se trata de ponta de estoque. As lojas estão cheias de novos produtos a serem vendidos no Natal. Quando estava na Califórnia, fiquei impressionado com as filas que se formavam nas lojas desde cedo na manhã, para aproveitar as pechinchas. Não me surpreendi quando li a notícia no OPovo (veja matéria aqui) de que um funcionário do WalMart tinha morrido, no Black Friday desse ano, pisoteado por uma multidão de compradores descontrolados. Decididamente um Black Friday bem Negro.Me pergunto como os americanos vão conviver na crise. Conseguirão parar de comprar? Se sim, terão um lazer bem mais reduzido. Se não, vai ter muito calote!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dê Carona Pela Web

Escrevo muito frequentemente sobre como a Web pode criar mecanismos de compartilhamento de opiniões, costumes e está mesmo a modificar o comportamento das pessoas. O site Pickuppal é um exemplo disso (pick up pal é uma expressão inglesa para dizer algo como carona para amigos). A idéia é simples, mas bem eficiente. Busca ligar condutores de veículos com passageiros e assim promover e facilitar caronas. Nas principais auto-estradas dos EUA e Canadá há sempre uma via destinada exclusivamente para veículos com pelo menos duas pessoas. É uma medida de incentivo à redução da emissão de poluentes e à diminuição do tráfego. O site pickuppal permite pessoas formarem uma comunidade (ou mesmo aqueles que já fazem parte de uma) afim de que comuniquem rotas e horário dessas rotas aos membros da comunidade de forma a compartilharem horários nos carros. Isso funcionaria por aqui?


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia

Já tinha mencionado em textos anteriores o quanto a ciência brasileira está a receber investimentos nesses últimos anos. A diferença do tempo em que voltei de meu doutorado em 1997, há dez anos atrás, é estupenda. Na época, não tinha recursos para fazer nada. A única fonte de financiamento era o CNPq que possuía verbas reduzidíssimas que só chegavam a um pequeno grupo de pesquisadores mais experientes. A situação hoje em dia é tão diferente que não me canso de, nas minhas palestras a alunos, incentivá-los a fazer pesquisa. Falta gente! É preciso quebrar um paradigma, ainda disseminado na sociedade em geral, de que não temos, nós brasileiros, condições de estrutura, material e financiamento para realizar ciência de alto nível. O mais recente edital lançado pelo CNPq distribuiu mais de R$ 600 milhões a grupos de pesquisa de excelência no País para criação de Institutos de C&T. Esses Institutos (percebam que, embora com esse nome, não se trata obrigatoriamente de um prédio) são redes regionais ou nacionais de cientistas com o objetivo de estudar um tema específico. O objetivo é financiar continuamente grupos de pesquisa de alto nível. O Estado do Ceará foi contemplado com três Institutos, todos na UFC, nos seguintes temas: Biomedicina do Semi-árido, coordenado pelo professor Aldo Ângelo Moreira Lima, Transferência de Materiais Continente-oceano, coordenado pelo professor Luiz Drude de Lacerda e Salinidade, coordenado pelo professor José Tarquínio Prisco. O edital recebeu 261 propostas, das quais 61% vieram da região Sudeste. Dos recursos disponíveis, serão destinados 35% para os projetos dos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, 15% para o Sul e 50% para os do Sudeste. Trata-se de um processo competitivo e a submissão de propostas só podia ser feita por pesquisadores nível 1A ou 1B do CNPq (ou equivalente!?). Não sei qual critério o CNPq usa para definir o que pode ser equivalente a um pesquisador 1A ou 1B. Requer pelo menos, como especificado no Edital, capacidade para liderar projetos complexos e com vários participantes, e liderança demonstrada por publicações de impacto em revistas científicas, patentes nacionais ou internacionais, e expressivo resultado em orientação de dissertações ou teses e supervisão de pós-doutores. Para se ter uma idéia do quão difícil é submeter o pedido do Instituto, não há no Estado do Ceará, nenhum pesquisador 1A ou 1B, por exemplo, em Computação. Aliás, chamou-me atenção o fato que o Estado de São Paulo teve 35 Institutos contemplados, mas nenhum em Computação. Projetos em Computação com coordenadores da UFRJ, UFMG e UFPE foram os únicos contemplados.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Que Sufoco!

Não poderia deixar de escrever sobre o final do ano desgastante no futebol. O Fortaleza fez sofrer a mim e a todos os leoninos. Felizmente, o sufoco passou, mas não sem deixar marcas. Éramos, nós torcedores, até então, orgulhosos da forma como o Fortaleza vinha sendo conduzido. Tinha subido duas vezes para a primeira divisão, tinha sempre as contas em dia, estava construindo um Centro de Treinamento moderno, enfim tudo parecia nos trilhos. A fragilidade de tudo isso ficou clara quando os resultados ruins chegaram. Será que aprendemos algo? Alguns detalhes merecem comentário. Para começar, gostaria de reforçar minha posição já exposta anteriormente de que é preciso investir na formação de jogadores (clique aqui para acessá-la) Os jovens jogadores da terra foram aqueles a quem o time recorreu na hora H. Ninguém tem dúvida de que o jovem Osvaldo foi o protagonista do salvamento milagroso do time. Outro aspecto interessante e que merece mais reflexão é sobre a questão administrativa e financeira. O pedido de apoio financeiro para a torcida no último jogo é uma idéia interessante, mas feita em momento inapropriado. Demonstra desespero e desorganização. Não temos o hábito de contribuir com um time de Futebol. Tradicionalmente, somente uns poucos mais abastados e apaixonados colocam dinheiro para contratar e pagar jogadores. Essa fórmula já demonstrou não ter sustentabilidade a médio e muito menos a longo prazo. Além disso, gera uma relação conflituosa com crise de comando entre esses contribuintes e os diretores. Fica sempre a questão de saber quem manda mesmo. A saída é criar uma cultura de participação das massas. As grandes equipes européias têm um corpo de associados que sustenta sua equipe do coração (o Barcelona, por exemplo, tem cerca de cento e cinquenta mil sócios). Particularmente desafiador é implementar isso em um Estado pobre em que os torcedores mal têm dinheiro para comprar os ingressos, mas é tempo de pensar em algo nessa direção. Afinal de contas trata-se doFortaleza Esporte CLUBE e sabe-se que sem associados, não há clube.