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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Blog, Mainard e Francis

No Manhathan connection deste Domingo(GNT às 23 horas de Domingo), Lucas Mendes perguntou a Diogo Mainard se ele gostava de blogs. Evidentemente, ele disse que não. Até aí tudo bem e normalíssimo, visto que escolheu ser do contra sempre. Agora, ao argumentar que blogs são ruins porque são objetos de opiniões tendenciosas e com objetivos econômicos escusos, foi paupérrimo. Ele disse que não gosta dos blogs porque ele não sabe quem os financia. E se não é financiado, não entende qual a motivação de alguém escrever. Ele disse que só se pode confiar em algo que tem conselho editorial e que tem a estrutura da imprensa tradicional onde se tem a separação do depto comercial do depto de notícias. Não sei se ele é inocente, mal-intencionado ou somente muito desinformado (não descarto a combinação das opções). Achar que a imprensa mundial é independente do poder do dinheiro é brincadeira. Onde anda sua língua ferina e sua acidez crítica na hora de criar uma contra-argumentação tão inocente? Mainard merece um espaço em minhas reflexões porque acho que ele é o único que tenta preencher uma lacuna importante na mídia brasileira, lacuna essa que teve em Paulo Francis seu representante maior: o jornalista crítico ao extremo, beirando o sadismo. Trata-se de um papel dificílimo de ser exercido e que, na minha opinião, Paulo Francis o fazia com maestria (imagine como seria o blog do Francis!). Ser o cara chato, crítico, ácido, amargo e tudo mais em matéria de ser do contra e ainda ser convincente é muito difícil. Exige muita cultura, muito conhecimento. Precisa de muita consistência nas críticas para não virar simplesmente um chato de galocha. Mainardi está longe de um Paulo Francis. Bem longe. Talvez sua definição na desinclopédia seja abusiva, mas que é divertida é. Dêem uma olhada clicando aqui.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Policiamento Voluntário em Londres



Quando fui a Londres em Fevereiro, fiquei surpreso ao ver o cartaz que fotografei e postei acima. Trata-se de uma chamada para se tornar policial voluntário. Um exemplo muito interessante de parceria entre o governo e a sociedade. A idéia é selecionar cidadãos empregados que desejam servir como policiais em alguns dias da semana. Eles recebem treinamento de 40 horas para servir um dia por quinzena. Se servirem por pelo menos um ano ganham uma carteira de isenção total no transporte público londrino (metro, ônibus e trem). A parceria é, na verdade, entre a Polícia e as Empresas, pois os funcionários são pagos por suas Empresas durante o tempo de treinamento e durante o momento que estarão em serviço. Em conseqüência, o policiamento é feito em regiões próximas a localidade onde a Empresa está instalada. As complexidades legais requeridas para ações desse tipo não foram empecilho para os ingleses. Por exemplo, o que acontece se algum policial voluntário se ferir em serviço? Que tipo de código de conduta eles devem seguir? Como são contratados? (clique aqui para saber como essas perguntas foram respondidas). Enfim, trata-se de uma experiência extremamente arrojada que merece acompanhamento para que se saiba seus efeitos práticos. O que se pode dizer desde já é de que a polícia londrina é extremamente inovadora.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Pinturas Vivas

Tomei conhecimento de uma exposição super interessante na Coréia do Sul de pinturas famosas que interagem com o visitante. É uma experiência inovadora que está sendo usada para fins educacionais. A idéia é ensinar sobre as obras de arte, o contexto de seu aparecimento, seus criadores e mesmo curiosidades sobre a obra. A Mona Lisa, por exemplo, responde por que sua sobrancelha foi retirada. Ela “diz” que, na época da renascença, testas grandes eram consideradas padrão de beleza. Retirar as sobrancelhas era uma forma de dar uma impressão de aumento da testa. Acho a iniciativa genial. Aliás, toda iniciativa pedagógica que visa dar dinamismo e interatividade ao processo de aprendizagem é bem vinda. Veja a matéria original da CBS sobre a exposição clicando aqui.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

MiDoMi - Qual é a Música?

O site MiDoMi (www.midomi.com) é um exemplo criativo de exploração das potencialidades da Web 2.0. Ele agrega algumas das principais idéias que surgiram nesse contexto com o objetivo de cativar aficionados em música. Para começar, é possível fazer consulta de músicas a partir da fala. O usuário canta a música e MiDoMi a encontra. Não precisa saber a letra, basta cantarolar. Ou seja, basta um La,Ra,La, Ra,La um pouquinho entoado e ele procura na sua base de dados as músicas similares. Os jovens que são habituais “baixadores” de música na web precisavam de uma ferramenta dessas. É muito comum se escutar uma música numa rádio ou numa festa e não se saber quem é o cantor, nem o título da música. Se for uma música em língua estrangeira é ainda mais difícil de saber a letra. Descobrir qual é a música somente a cantarolando é uma excelente alternativa. Esta é a razão do sucesso do site. Mas a inovação não para aí. É possível gravar sua versão para uma determinada música em um sistema de karaokê. Alguns internautas e que são também muito bons “karaokistas” estão se fazendo. Passaram a gravar suas versões para diversas músicas, e com isso concorrem à publicidade que o site pode fornecer. Isso ocorre porque se uma das gravações feitas por um internauta for similar a um cantarolar de alguém em busca de uma música, essa versão é imediatamente disponibilizada. Dessa forma, quanto melhor for a gravação e quanto mais música se gravar, mais probabilidade de ser descoberto. Já existem exemplos de artistas do site e que aproveitam a “fama” para criar seus próprios sites. Notem que o sucesso dessas pessoas é facilitado pelo fato de que suas gravações não requerem direitos autorais. Diferentemente da versão original com o intérprete original, elas são disponibilizadas totalmente sem custo. Cria-se assim o fator essencial para o perfeito funcionamento de um site “à la” Web 2.0: enriquecimento da base a partir de voluntarismo motivado. Vale a pena conferir.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A Telenovela Real da Morte de Isabela

Entendia-me, irrita-me e me dá mesmo nojo, a forma como o caso da morte da garota Isabella é tratado pelas televisões. Mesmo buscando fugir do tema, acabei por assistir uma matéria no Jornal Hoje da Globo num desses sábados, onde a pergunta mote era o que levava as pessoas a se identificar com o caso. A Globo foi perguntar a um especialista psicólogo que, em resumo, disse que há uma confusão na cabeça das pessoas sobre o que é realidade e o que é ficção. Já tinha refletido sobre esse efeito maléfico de se misturar ficção e realidade em particular devido às telenovelas (veja o texto que escrevi aqui). Agora, uma outra pergunta que certamente as televisões não vão fazer é porque estão explorando tanto, de forma claramente sensacionalista e muitas vezes irresponsáveis, um caso trágico como esse. A pergunta tem resposta óbvia: dinheiro. Independentemente do qual será o desfecho da estória, a família da criança, já tão magoada, estará marcada para o resto da vida. Não consigo descobrir alguma coisa positiva nessa super-exposição das pessoas envolvidas no caso. A competição por audiência leva a uma crueldade e a um postura paparazzi que denigre a imagem das televisões e alimenta uma cultura big-brother extremamente negativa.

terça-feira, 22 de abril de 2008

WikiCrimes em Espanhol

A BBC Mundo veiculou uma matéria em espanhol ainda maior do que a BBC inglesa sobre WikiCrimes nessa segunda-feira (clique aqui para acessar o site em espanhol). Além da matéria, ela abriu um espaço para o debate para os pontos fracos e positivos do projeto. Abaixo, coloco uma cópia da página inicial onde a pergunta principal é “¿Denunciaria un crimen por Internet?”. Os depoimentos no Fórum em resposta a essa pergunta são bem positivos em relação à validade de WikiCrimes (acesse o debate clicando aqui).

domingo, 20 de abril de 2008

Recebi Um Conceito de Presente

Uma semana daquelas que acaba exatamente no dia 20, meu aniversário. Depois de tanta badalação em torno de WikiCrimes, não tenho como não relacionar as duas coisas, pois, para completar, acabo de receber um presente bem inusitado: o conceito de WikiCrimes na Wikipédia! Difícil de entender? Para os menos ligados ao mundo web, a Wikipedia é uma enciclopédia on-line que foi construída de forma colaborativa por pessoas no mundo todo (aliás o nome WikiCrimes é inspirado na Wikipedia). Embora tenha esse caráter democrático e participativo, não é qualquer coisa que pode ser adicionada na Wikipedia. Um aluno meu já tinha tentado adicionar o conceito de WikiCrimes lá, mas nunca era autorizado. No entanto, depois da matéria na BBC (clique aqui para acessá-la), WikiCrimes ganhou seu espaço automaticamente. Clique aqui para ver o conceito. Um presente e tanto. Representa a relevância que gradativamente o projeto vai ganhando por seu ineditismo, além de, evidentemente, nos mostrar o quanto a mídia internacional tem força.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

WikiCrimes Atraindo Usuários: Até os Hackers!

Após a matéria da terça-feira na BBC, WikiCrimes passou a atrair um número muito grande de internautas. A maioria deles vindos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. Já ontem, como os portais brasileiros mais populares passaram a noticiá-lo, o número de acesso dos internautas brasileiros voltou a ser o maior, mesmo se em número bem maior do que o cotidiano. O grande problema é que recebemos também algumas visitas não tão desejáveis. Hackers atacaram o site e fomos obrigados a tirá-lo do ar por alguns minutos. Mais uma etapa no contínuo aprendizado que vem sendo WikiCrimes. Hoje, logo cedinho ao acordar, dei outra entrevista a BBC. Desta vez, recebi, em minha casa, um telefonema de Londres para falar em um programa na rádio inglesa. Vou dormir com uma grande interrogação do que virá amanhã.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

WikiCrimes na BBC

A primeira matéria internacional sobre WikiCrimes saiu nessa terça-feira 15 de Abril. A BBC de Londres abriu um generoso espaço para noticiar em rádio e em seu site (clique aqui para acessar o texto). A reportagem abre espaço para depoimentos de pessoas a favor e contra a idéia. Acho muito bom que isso aconteça. Percebo certo receio de alguns em registrar crimes e sempre que falo sobre o projeto, há pessoas, muitas delas policiais, que apresentam argumentos céticos. Nada como ter um debate para esclarecer os pontos duvidosos. Na reportagem da BBC há o depoimento de um policial civil do Rio de janeiro que declarou que a Policia não deveria publicar os dados porque os mesmos levariam insegurança à população. E não estamos nós, agora mesmo, sem WikiCrimes, nos sentindo inseguros? O cidadão carioca, por exemplo, tem um nível de segurança que seria abalado com a informação de onde os crimes ocorrem proporcionada por WikiCrimes? Sinceramente, acho que isso não faz o menor sentido. Eu diria que é exatamente o contrário. O que traz insegurança é a falta da informação. Sem informação o cidadão não pode se proteger, nem se precaver. Além disso, há que se lembrar que a informação é pública e cabe ao cidadão decidir se a usa e como a usa. Acrescento ainda o que disse o britânico Spencer Chainey, estudioso em segurança pública, em sua palestra no Encontro do Fórum ano passado em Belo Horizonte. Ele mostrou o impacto na sensação de segurança em cidades inglesas onde os dados criminais são apresentados ao cidadão. Muitos cidadãos se sentiram mais seguros ao saber o que acontecia em seus arredores, pois a maioria achava que acontecia mais crimes do que o real. Voltando à reportagem, devo dizer que ela teve um impacto fortíssimo no nível de acesso do site. Acessos de todos os lugares do mundo foram feitos. A Inglaterra e os EUA comandaram as consultas e os registros. Em apenas um dia, houve mais acessos do que os que tinham sido feitos nos três meses anteriores. É ao mesmo tempo, excitante a atemorizante. Esse é o mundo da Web 2.0. Que aprendizagem! Abaixo, publico uma foto da reportagem.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sem “Diretas Já”, “Fora Collor”, “Fora FMI” ou “Fora FHC” sobra “Fora Bill Gates”

Uma reflexão adjacente à questão do software livre que fiz anteriormente veio-me após uma pequena conversa anedótica com Prof. Riverson Rios logo antes da audiência pública sobre software livre na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará. O movimento estudantil, em particular dentro das universidades, sempre foi afeito à contestação, à crítica, ao embate por uma causa, ao esquerdismo, etc. Lá, é comum se eleger os inimigos públicos número um de diversas gerações. No Brasil recente, depois da ditadura, o combate pelas eleições diretas, o pedido de impeachment do Presidente Collor, a solicitação de moratória ao FMI e mesmo o fora FHC são exemplos de bandeiras investidas pelos jovens universitários mais ativistas. Quem é o vilão atual? Estariam nossos jovens universitários, hoje em dia, sem esse tipo de referencial ? Não há nenhuma ideologia que mereça uma boa luta? A entrada de Lula e do PT no poder, deixou os jovens universitários órfãos de inimigos (pelo menos no campo político), coisa que os jovens informáticos parecem não se ressentir. Bill Gates, com sua Microsoft, encarna o papel do grande vilão perfeitamente. Ela acumula capital em função de direitos autorais com licenças de uso de softwares, em particular do sistema operacional Windows. Há aqui todos os ingredientes de uma boa briga, visto que a Microsoft é um Golias e tanto: superpoderoso, dominador, rico e ainda por cima, americano (de quebra bate-se no Bush!). Mas ainda acho que há uma lacuna de ideais políticos que necessita ser preenchida. Difícil prever ou programar um que se torne esse foco, mas que eu acho que seria muito bom para o País se o combate a falta de ética ganhasse esse espaço. Será que isso pode acontecer de alguma forma caótica e descentralizada ou precisamos de uma liderança que lidere e capitalize o processo? Boa pergunta para futuras reflexões, mas vale a pena ter atenção para as recentes invasões de reitorias por estudantes como na UNICAMP, USP e mais recentemente UNB. Seria um indicativo de que uma nova bandeira está sendo hasteada?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Software Livre

Semana passada, tive duas oportunidades de discutir sobre software livre. Primeiramente, quando participei de uma reunião na FUNCAP com jovens estudantes que compõem um grupo de estudo no tema. Depois, ao participar de uma audiência pública na Assembléia Legislativa, representando a FUNCAP, para debater sobre o tema. Essas reuniões me dão a oportunidade de voltar a refletir sobre a questão e relacioná-la com outros textos já escritos aqui no blog. Software livre é todo aquele programa de computador que pode ser usado, copiado e distribuído sem nenhuma restrição. Os autores do software não reivindicam direito sobre o mesmo. Para os que quiserem saber mais sobre o conceito sugiro olhar na Wikipédia (clique aqui). Seguindo uma tendência de vários Estados e do Governo Federal, o Governo do Estado definiu como diretriz básica de tecnologia da informação a adoção prioritária de software livre para todas as novas aquisições de programas de computador. Em uma segunda etapa, a migração dos programas já adquiridos ou desenvolvidos vai ser perseguida. Essa decisão certamente poderá ser fomentadora do desenvolvimento de software livre, mas certamente não é esse o aspecto mais relevante no contexto de software livre. Acredito que uma discussão mais ampla se impõe visto que é preciso compreender que o que vem acontecendo com o desenvolvimento de software livre é somente a ponta do iceberg de uma verdadeira revolução em curso sobre a forma de produção e distribuição de conhecimento. Uma revolução que se caracteriza pela produção distribuída, colaborativa, quase que caótica, de bens imateriais e que se ancora fortemente na Internet. A produção de software livre se faz normalmente de forma colaborativa por pessoas, que muitas vezes nem se conhecem e que não estão fisicamente próximas. O processo de produção se confunde com o de distribuição. O software começa a ser produzido e os que o usam têm a liberdade de modificá-lo e redistribuí-lo. Repito que, se esse fenômeno restringisse-se ao desenvolvimento de software, ele não seria tão importante. A produção de bens artísticos e intelectuais de uma forma geral também está se transformando. No contexto musical, por exemplo, a estrutura de produtoras musicais e o conceito de direitos autorais estão sendo revistos na prática como o crescente comércio de músicas na Internet (veja o que já escrevi sobre isso clicando aqui, aqui e aqui). Fundamental é perceber como esse contexto novo se liga com algumas oportunidades de crescimento como o da economia da cultura ou economia criativa (veja o que já escrevi sobre isso aqui). Os bens que representam uma cultura local têm uma ótima oportunidade de se difundirem na Internet. Da mesma forma, as indústrias de software têm ótima oportunidade de conquistarem mercados inatingíveis até então. Mas isso vai muito provavelmente significar a venda do serviço associado ao bem produzido e não somente o valor do bem em si. Quem souber e puder se adaptar o mais rápido possível a esse contexto e conseguir identificar as oportunidades de inovação estará em grande vantagem competitiva no mercado global. Na audiência na Assembléia Legislativa, o Deputado Roberto Cláudio que sugeriu a ocorrência do evento, disse que muitos de seus colegas relutaram em discutir o tema por não verem tanta relevância no mesmo. Reflete o desconhecimento de nossos representantes (aliás, acho que da sociedade em geral) do que está ocorrendo e que, ao continuarmos assim, perderemos oportunidades de desenvolvimento cultural, comercial e social.

sábado, 12 de abril de 2008

Pobre de Nós Vascaínos!

A administração do time de futebol do Vasco da Gama no Rio de Janeiro é uma tragédia (para os vascaínos. Para os adversários deve ser uma comédia!) com final imprevisível. O time é gerenciado por Eurico Miranda como se fosse dele e só dele. Quase doentio. Faz e desfaz. Nem time de grupo escolar sofre tantos mandos e desmandos. Ultimamente, ficou dificílimo agüentar. Primeiro, tivemos que suportar a obsessão de Eurico que deu guarida a obsessão de Romário para que o mesmo fizesse seu milésimo gol com a camisa do Vasco. Bem típico da forma de “cuidar” do time. Algo como “é meu e faço o quero”, e o que quero é ter o milésimo gol de Romário com a camisa vascaína. Os objetivos do time e o respeito à enorme torcida está sempre em segundo plano. Profissionalismo então, nem pensar! Não satisfeito com a ajudinha, Romário é alçado a treinador. Brincadeira! Os técnicos entram e saem, mas acima de tudo o que importa é o quanto eles são fiéis ao presidente. Acabei de assistir a decisão das semi-finais da Taça Rio. Mais um capítulo da tragédia vascaína. Faltando cinco minutos para acabar um jogo que estava empatado, o treinador decide tirar Edmundo, um potencial batedor de pênalti. Jogador experiente (sua contratação é outro exemplo de factóide de Eurico) e que poderia ser usado com esse fim já que se o jogo terminasse empatado a decisão seria em pênaltis. Resultado. O Vasco perdeu nos pênaltis e o último batedor, que perdeu a cobrança, foi um jovem de 19 anos que jogava pela primeira vez um clássico decisivo. Cogita-se (não se pode afirmar, mas pela atual circunstância, acredito bem plausível) que o treinador Antônio Lopes (sim, aquele que já foi e voltou uma dezena de vezes) supersticiosamente acreditava que Edmundo perderia a cobrança. Bem típico do contexto vascaíno dos últimos tempos. As decisões são tomadas sem o menor profissionalismo. Vale tudo, da superstição à macumba. E se Edmundo batesse e perdesse? Qual seria o problema? Nenhum. Ele é mais um daqueles que já fez e desfez no Vasco. Até quando vamos ter que agüentar?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

DESrespeitos, DESmoralizações e DESmocracias

O desrespeito às instituições democráticas no Brasil tornou-se prática. Em particular, o poder legislativo é o maior alvo de desrespeito e que por consequencia incrementa sua desmoralização que já vêm se verificando desde quando voltamos ao estado democrático. Na semana passada, li nos jornais impressos e televisivos dois exemplos claros de desrespeitos e desmoralizações. O primeiro veio com a resposta que a predidente da EMLURB deu a câmara de vereadores de Fortaleza a uma demanda por documentação comprobatória de atos admistrativos: ´Como o processo requerido possui mais de quinhentas páginas, estamos impossibilitados de atendê-los de pronto, já que nossa máquina de xerox encontra-se quebrada, aguardando manutenção´. Outro exemplo foi a resposta do governador do Ceará Cid Gomes ao ser indagado sobre despesas em viagem ao exterior: Ele disse:“ não vou responder ao requerimento da Assembléia Legislativa e não vou me submeter à demagogia barata. Tem que ter respeito". "Ninguém pergunta ao presidente quem viaja com ele". Alie-se a isso, a natural habilidade que as casas legislativas têm de se auto-desmoralizarem. Todos os dias se descobre evidências disso. Vejam (mais um exemplo) o que li recentemente: “Três vereadores do PSDB de Icapuí, no litoral cearense apresentaram um projeto de lei municipal que revoga lei que proíbe o nepotismo”. Sempre digo que nossa classe política nos representa fielmente (no sentido de que são como somos). Mas não digo isso de forma resignada. Temos obrigação de buscar mudar essa situação. Meu lado otimista me faz, até mesmo, pensar que estamos em pleno processo de depuração, e mesmo de aprendizagem. Acredito que as escolhas de representantes eleitos para cargos executivos estão melhorando. No legislativo isso vai demorar bem mais. As casas legislativas são diversas , eclética, e bem mais propícias de “representar” todos os vícios e mazelas próprios à nossa cultura. Agora, bem que o Executivo poderia dar uma mãozinha. Um pouco de respeito quando as casas legislativas visam somente exercer os direitos e deveres que lhes são impostos pela Constituição é o mínimo que se pode querer. Vamos acompanhar a postura dos legisladores nessas situações. Boa oportunidade para fortalecerem a democracia.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Óculos Cyber: Não se Perde Mais a Chave do Carro

Pesquisadores da Universidade de Tóquio desenvolveram um óculos, chamado de “Cyber Goggles” ou “smart glasses”que grava tudo o que o usuário do óculos está vendo. Ele está associado a um sistema que consegue reconhecer o que o usuário está vendo e pode assim assinalar nomes aos objetos que estão sendo vistos. A idéia é criar um banco de dados de objetos vistos e que podem ser recuperados quando o usuário tiver interesse. Funciona como uma memória Hi-Tech. Prometem que, usando esse tipo de óculos, ninguém mais vai perder as chaves do carro ! O sistema é simples e consiste de uma câmera que alimenta com vídeos um computador que fica nas costas do usuário. A chave do sucesso do óculos é um sistema de reconhecimento de imagem para identificar e nomear os objetos que estão sendo filmados. Os pesquisadores japoneses estão tentando ainda utilizar o mesmo tipo de sistema em robôs. Vejam duas fotos que saíram no pinktentacle sobre os smart glasses. Em se tratando de estética, os smart glasses têm muito o que melhorar. Não sei se as mulheres se habilitariam a usá-los dado o aspecto nada bonito que têm agora.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Músicas Estilo Eric Clapton

Depois de um bom tempo de ColdPlay, a rádio personalizada do lado vai mudar um pouco. Tocará músicas no estilo Eric Clapton. Aproveito para postar dois vídeos onde Eric Clapton toca com parceiros especiais e mostra que é eclético o suficiente para trafegar em diferentes estilos. O primeiro vídeo é de, na minha opinião, um dos melhores concertos de rock realizados recentemente. No vídeo pode-se ver Phil Collins na bateria, Sting no vocal e Eric Clapton e Mark Knopfler (vocalista e guitarrista do Dire Straits) nas guitarras. O concerto beneficente à Monteserrat é imperdível. No segundo vídeo, virtuosos da guitarra em outro estilo, não menos agradável: o clássico blues Rock me Baby onde Eric toca com BB King, Jimmy Vaughan e Buddy Guy. A apreciar sem moderação.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Por Uma Polícia “Justa”

Vou continuar a reflexão sobre a palestra de David Bayley no II Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança. O segundo aspecto que enfatizou foi sobre como uma polícia deve ser justa. Foi então que falou sobre polícia comunitária. Confirmou o que já se sabe sobre esse tipo de policiamento. Deve ser feita a pé e não reduz necessariamente a criminalidade. Auxilia certamente na sensação de segurança, principalmente com idosos. Mas lembrou que os idosos embora vulneráveis, não são estatisticamente os que mais sofrem com a violência. Para ser justo, mas também efetivo, é preciso estar com o povo do seu lado. Se os pais procuram a policia por problemas com seus filhos, então a polícia está sendo justa. Caso contrário, há um problema. A população pode ajudar na identificação de suspeitos, testemunhos em julgamentos e informações sobre crimes. No entanto, o que considera mais importante é que se crie um clima moral de suporte à lei. Algo parecido com a idéia da cultura cidadã de Mockus (veja o que escrevi sobre isso aqui). Por fim, disse que para se preparar uma organização justa é preciso se ter um grupo de policiais seniores honestos e que sejam emblemáticos e defensores persistentes de uma postura idônea da Polícia. Precisa-se ainda de um sistema efetivo de corregedoria e disciplina que seja interno à Polícia e um outro sistema, dessa vez externo, para avaliação do sistema interno. Um sistema que chamou de double-check (checagem dupla). A falta de sistemas como o sugerido por Bayley é uma de nossas maiores carências. Para finalizar vale a pena mencionar o que disse sobre a postura educativa tão necessária à polícia: se as pessoas são tratadas como cidadãos elas passam a agir como cidadão. Se elas os trata como marginal, passarão a agir como tal. Temos muito ainda por fazer.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Pesquise Hoje na Web de Amanhã

Vou interromper um pouco os textos sobre Segurança Pública que estavam ditando o ritmo deste blog nessa semana, para abrir um espaço para o 1º de Abril da Google. O dia da mentira é bem popular nos EUA e a Google já vem fazendo história com suas estórias. Google aproveita o fato de ser um símbolo de empresa que tudo conhece para lançar estórias que na voz de outro, de tanto serem impossíveis, não teriam a menor graça. No entanto, a impressionante versatilidade da Empresa e seu crescimento vertiginoso levam-nos a (quase) acreditar que suas historietas são factíveis. A mentira deste ano é, como a maioria das que já desenvolveram, muito criativa. Eles lançaram uma página (clique aqui para acessá-la), descrevendo a nova tecnologia que acabaram de lançar na Google da Austrália. Um mecanismo de busca que encontra o que você quiser sobre, adivinhem: sobre o que estar por acontecer. Isso mesmo. Sobre o futuro! Pode parecer impossível (e o é !), mas tudo é feito com tanto profissionalismo que engana. A tecnologia usada, chamada MATE (Machine Automated Temporal Extrapolation – algo como Extrapolação Temporal Automatizada por Máquina) consiste de um conjunto de algoritmos baseados em Inteligência Artificial (sempre a velha e pobre IA !) que encontra padrões de informações e que é capaz de achar o que estará para existir. Há inclusive depoimentos de usuários que se mostram satisfeitos com a nova tecnologia. O depoimento que mais achei interessante foi o de Sally dizendo “This is old news. I read about this announcement yesterday on Google.” Ou seja, “essa notícia é antiga. Já a tinha lido ontem com Google (usando MATE, obviamente)”. Em todas as piadas, há sempre uma chamada por trabalho que o interessado em trabalhar na Google pode se inscrever. A turma que cai nessa, só pode morrer de vergonha no dia seguinte. Veja na Wikipédia a coleção de estórias desde 2000 (clique aqui). A que eu mais gosto é a TiSP (Toilet Internet Service Provider – Provedor de Serviço de Internet por Toilet) , um sistema de transmissão de dados de alta velocidade para ser instalado em casa. A infra-estrutura básica é o toilet e o sistema de esgoto. Para instalar em sua residência clique aqui que o manual de instrução é bem didático.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Por Uma Polícia “Esperta”

David Bayley, americano de 75 anos, é uma referência mundial em segurança pública. Este pesquisador da Universidade de Albany escreveu vários livros que se tornaram leitura obrigatória para qualquer estudioso e prático no assunto. Sua palestra no II Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança constituiu-se em um dos pontos altos do evento. De forma simples e bem didática, ele respondeu a pergunta a qual ele mesmo formulou. O que a Polícia pode fazer para controlar a criminalidade? Resposta: ser esperta e ser justa (minhas traduções para “be smart and be fair”). São os dois pontos fundamentais que dirigiram a apresentação. Para ele, “ser esperto” é ter condição de responder se o que se está fazendo está dando certo. Ele disse que já viajou o mundo todo e sempre testa se uma polícia é boa com um joguinho de perguntas e respostas com o chefe da polícia. Pergunta primeiro o que a polícia está fazendo para controlar o crime. Independentemente da resposta, pergunta depois se isso dá resultado. A terceira pergunta, então, é crucial. Que dados possui para comprovar que o que está fazendo dá resultados. Disse que na sua grande maioria as polícias no mundo não sabem responder a todas essas perguntas. Muitas delas não respondem nem as duas primeiras. Uma polícia esperta precisa aplicar métodos policiais ou mesmo não policiais para resolver problemas particulares em locais específicos. Quando se refere a resolver um problema específico, ele se aproxima do conceito de Problem-oriented Policing (veja o que escrevi sobre isso aqui) que é um conceito bem popular nos EUA nos últimos dez anos. A idéia é de que a polícia tem que problematizar a criminalidade considerando as especificidades do local, as razões sociais, enfim o contexto geral do ambiente, para então, propor soluções que não precisam ser necessariamente somente de ações de polícia. Enfatiza que medidas genéricas, em geral, não resolvem. Principalmente em grandes cidades, há muitas diferenças entre bairros e áreas, entre classes sociais, entre cidadãos com faixa etária diferentes, etc. de forma anedótica, Bayley deu vários exemplos de como a polícia pode controlar a criminalidade com medidas não policiais e sem violência. Por exemplo, contou um caso em que traficantes e gangueiros abandonaram um lugar de tráfico só porque detestavam a música clássica que os policiais juntamente com o prefeito começaram a promover na área. Outro exemplo foi o da prostituição masculina que teve que mudar de área porque a nova iluminação pública da região, em combinação com as roupas que usava, os deixava com uma cor meio roxa e não os deixava atrativos. Trata-se de exemplos quase que caricaturados que visam ilustrar que a criatividade deve estar presente na busca das soluções. Em resumo, ser esperto é estar em avaliação continua. Vejam que esse discurso é algo muito parecido com o da grande maioria dos gurus de business que morrem de ganhar dinheiro falando sobre como ser um bom chefe, um líder, planejador e outras mais. Na verdade, a novidade do discurso de Bayley é que ele traz para o contexto policial toda uma problemática já presente nas grandes empresas. Ele mostra a necessidade de se ter mecanismos gerenciais voltados a busca por resultados. A estruturação de uma polícia esperta requer seminários de avaliação com policiais operacionais, a criação de unidades de polícias que testam novas estratégias, a criação de uma unidade dentro da Polícia só para realizar a avaliação dos programas, o desenvolvimento de colaborações com outros serviços como as universidades e, por fim, a criação de uma unidade “in-house” que pesquise sistematicamente por conhecimento a ser aplicado.