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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Polícia e Segurança Pública: Introdução

Poucos temas atualmente são tão atuais e debatidos como a questão da Segurança Pública. Por ter tido experiência de mais de sete anos na Secretaria de Segurança do Ceará, recebo constantemente questões sobre os porquês da atual situação que vivemos e qual a solução a ser adotada. Infelizmente não tenho respostas absolutas para nenhuma das perguntas, mas ouso, mesmo assim, dar minha opinião sobre as mesmas. Como o assunto é por demais polêmico, vou discuti-lo em textos separados. Quero dizer ainda que minhas reflexões não se dirigem diretamente a casos como o ocorrido com o garoto João Hélio no Rio. Eu já tinha escrito estes textos há algum tempo, e decidi inclusive, segurá-los um pouco. Acho que o caso de João Helio é extremo e que certamente serve para alertar-nos de que algumas medidas urgentes precisam ser tomadas como a revisão do estatuto da criança e do adolescente para crimes bárbaros. Felizmente casos como esse não são a maioria. Infelizmente muitos outros casos de violência e falta de segurança ocorrem no dia a dia das grandes cidades brasileiras e envolvem outros aspectos que também devemos considerar. Quero ainda lembrar que embora tenha trabalhado no setor, não sou um profissional de Segurança. Falo baseado em minha experiência vivida que me permitiu formar uma opinião sobre a realidade das Instituições e seus dilemas. Dêem-me um desconto. Nunca é muito reafirmar que a problemática da Segurança é por demais complexa e multi-disciplinar e, como tal, deve ser vista por vários ângulos. Recentemente falei da questão da crise de valores da sociedade que certamente é um dos fatores determinantes. No entanto, um fator ortogonal a qualquer ponto de vista que se escolha para observar o problema, refere-se ao papel das polícias. E é sobre isso que queria me concentrar. Sugiro ainda uma olhada no blog da revista Época onde dois especialistas na área fornecem suas opiniões sobre o problema. Clique aqui para acessar. Amanhã, eu continuo a falar sobre o tema.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Em Busca de Nossos Valores II

Estive conversando com uma antropóloga alemã que mora aqui na Califórnia e que já fez alguns estudos sobre a sociedade brasileira. Ela me disse que ficou surpresa ao perceber que o valor que ela mais percebeu caro aos brasileiros era a beleza física. Ela acredita que os jovens, em particular, são excessivamente vaidosos. As jovens, por exemplo, dão mais importância ao corpo, a forma de se vestir e de se maquiar do que jovens européias e americanas. Despertam mais cedo para o sexo, o que o alto índice de jovens mães solteiras revela-se como conseqüência. Outro valor que ela percebeu particular à nossa sociedade, foi o fato de que os relacionamentos de amizade (não precisa ser algo muito profundo, mas pelo menos de conhecimento) são usados para facilitar a resolução de problemas profissionais ou de acesso aos serviços públicos de uma forma muito mais determinante do que em outros países. Aliás, ela possui uma residência na Costa Rica e disse que pôde perceber este mesmo comportamento lá. Achei interessante esta visão por ser isenta. Um verdadeiro olhar de fora. Ela vai ao encontro de uma avaliação que fiz em textos anteriores que os laços de amizade são a forma que encontramos para escapar da má qualidade dos serviços públicos. Uma análise sob outro prisma deste fator foi feita pelo Prof. Walfredo Cirne da UFCG em conversa informal que tivemos. Ele acredita que damos muita importância ao fator “conhecido” pelo fato de que ainda reconhecemos muito pouco o mérito das pessoas. Tem sentido o que ele diz, pois vemos nossa sociedade cheia de exemplos em que os melhores não são reconhecidos em detrimento dos “conhecidos” ou mesmo familiares (o que pode ser exemplificado com os casos de nepotismo que ainda estamos verificando diariamente). Mas será que estes valores nos trazem somente conseqüências negativas? Creio que não. O culto à beleza física nos jovens pode nos trazer uma geração mais saudável (o abandono do cigarro me parece uma conseqüência disso). O que é muito bom em todos os aspectos: social, econômico e de qualidade de vida. Sobre o fator laços de amizade, podemos dizer que o mesmo está intimamente ligado a um aspecto que o mundo todo, principalmente o turista, admira no Brasileiro: a forma hospitaleira de ser e a facilidade com que ofertamos nossa amizade. Características essas, provavelmente, facilitadas por estarmos sempre buscando criar novos relacionamentos. Não nos isolamos uns dos outros. Enfim, difícil demais de dizer se há mais prós do que contras, mas sugerir uma dosagem equilibrada diminui a chance de errar a receita.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Em Busca de Nossos Valores

Recentemente li um artigo no jornal Diário do Nordeste do Professor Laércio Xavier sobre Segurança Pública e queria refletir sobre uma observação feita no artigo que, creio, merece maior atenção. Essa reflexão serve inclusive para exemplificar um pouco mais o que venho falando do papel da mídia na vida de nossa sociedade. Professor Xavier enfatiza que o clamor da sociedade pela polícia se trata da busca da solução do problema em sua última instância, pois vem depois da falha “do controle social dos aparelhos ideológicos da sociedade (família, igreja, clube, associações, mídia)”. Temos feito facilmente a associação da violência com a falta de políticas públicas sociais, mas temo que esse aspecto esconda outro problema tão relevante quanto. Vejo na sociedade brasileira uma situação particularmente atípica no mundo no tocante à forma como internalizamos os valores capitalistas. Em toda sociedade capitalista, se convive diariamente com o culto aos bens materiais para deixar as pessoas mais belas, mais importantes, mais poderosas, etc. No Brasil isso não é diferente. O problema é que nossa sociedade não estava preparada para conviver com isso. A forma como esses valores foram disseminados via TV aliada à baixa capacidade da população em filtrá-los foram fazendo com que os aparelhos ideológicos de controle social fossem sendo corroídos e perdendo relevância. Deu-se um coquetel explosivo que gerou uma sociedade sem um referencial. As sociedades mais desenvolvidas têm maior competência para lidar com esta realidade por possuírem uma população com maior grau de escolaridade. Além disso, a existência de uns valores básicos internalizados na sociedade consegue blindá-la ou pelo menos refrear a ânsia dos valores capitalistas que são vendidos diariamente. Os países europeus conseguem conter esta pressão por terem um sistema fundamentado em valores de igualdade. Já os americanos compartilham os valores da família e da competição. Mesmo que a competição seja um valor moral duvidoso é o que move a sociedade americana. Fortalece o reconhecimento do mérito (e os que não ganham? talvez seja isso que surgem uns assassinos em série em escolas de vez em quando!). Quero enfatizar que não estou querendo dizer que ações para resolver o problema da Segurança Pública devem esperar por uma mudança radical na nossa sociedade. Acho mesmo o contrário, mas acredito que temos que colocar na agenda política do Brasil a questão de quais são nossos valores, antes tarde do que nunca.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Independência Científica e Saúde Pública

Li recentemente no New York Times uma notícia preocupante que me fez refletir sobre a nossa realidade em termos de saúde pública e competência científica. A Organização Mundial de Saúde coordena uma rede de laboratórios que cooperam entre si com o intuito de identificar onde e que tipo de vírus estão aparecendo e qual a possibilidade deles se desenvolverem com mais força. Quando um vírus é identificado em um lugar do mundo, o laboratório que primeiro o identificou, é responsável por distribuir amostras do mesmo para que outros laboratórios (inclusive em Empresas) busquem desenvolver vacinas para evitá-lo. A Indonésia decidiu proibir que laboratórios médicos em seu território enviassem amostras de vírus coletados no País para outros laboratórios e firmas internacionais, para que esse busquem produzir vacinas para combater esses vírus. Eles decidiram fazer isso para forçar os grandes laboratórios mundiais a fecharem um acordo de produção e venda a baixo custo de vacinas para o país. Em um primeiro momento a decisão da Indonésia parece uma atitude insensata, mas revela, na verdade, um grande problema do sistema mundial de saúde e principalmente dos países que não possuem controle da tecnologia de produção de vacinas. O grande problema de tal sistema é que ao se identificar um vírus letal e capaz de provocar uma pandemia (como o vírus da gripe aviária), os laboratórios que conseguirem desenvolver a vacina não serão capazes de atender a demanda de todo o mundo e assim serão obrigados a priorizar sua distribuição. Nesse caso, o governo da Indonésia acredita (com muita razão!) que as populações de países das Empresas criadoras das vacinas terão prioridade na imunização. A produção e fornecimento de vacinas para o mundo em desenvolvimento seriam extremamente prejudicados, pois a capacidade de produção máxima atual é da ordem de 500 milhões de vacinas, o que não é nada ao se comparar com os 6 bilhões que o mundo necessita. Sem entrar no mérito da decisão do governo da Indonésia, essa situação ilustra o quão vulnerável são os que não têm independência científica.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Blogs, Fotologs, VideoLogs, Web 2.0. Quem são os produtores de conteúdo?

Estou extremamente contente com a receptividade que tenho tido com este blog (embora ache que ele ficará mais interessante quando tiver mais comentários). Agora o que me surpreendeu, foram alguns comentários dando a entender que estou me tornando jornalista. Não pensei que algumas pessoas relacionassem os blogs aos jornalistas. Não deveria ser uma surpresa, pois fiz uma pequena busca na web e vi que quase todos os colunistas de jornais impressos e televisivos têm blog. Creio que isso se dá pelo fato dos mesmos serem acostumados a escrever e de já terem um público que é acostumado a lê-los. Jornalistas não precisam de blogs para veicular suas opiniões, pois podem fazê-lo com os veículos tradicionais, mas os blogs trazem a interatividade que não é tão facilitada em se tratando destes veículos. No entanto, minha opinião é de que blogs como outros mecanismos de produção e difusão de informação como videologs, fotologs e comunidades “on line”, são uma revolucão pelo fato de permitirem que qualquer um possa disponibilizar conteúdo sobre qualquer coisa. A conseqüência disso é o fomento a colaboração, interação e formação de redes sociais. Trata-se de um veículo de comunicacao eminentemente democrático. Além disso, o blog é também o instrumento para as pessoas que ainda hoje insistem em enviar indiscriminadamente e-mails para muitos destinatários versando sobre assuntos os mais diversos. Recebo diariamente mensagens de psicólogos, políticos, associações diversas, vendedores e todo tipo de gente sem que as tenha solicitado (estas mensagens indesejadas em informatiquês são chamadas de spams). Muitos agem assim por profundo desconhecimento do quanto se tornam inconvenientes. Sugiro que ao invés de ficar enviando spams, eles passem a ter seus blogs. Isto permitiria que somente os que estivessem realmente interessados em suas mensagens os lessem. Enfim, você que está lendo este blog, se não tem o seu, comece a fazê-lo. Exercite seu direito de escrever o que pensa (não se esqueça de fazer uma ligação com o Blog do Vasco!).

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Ratinhos, BBBs, Telenovelas, etc.: Como a Mídia Pode Ajudar (ainda Mais) o Brasil

Um tema que particularmente me atrai e que vou usar este espaço para refletir refere-se à mídia e a censura. Trata-se de um tema vastíssimo, multifacetado e que não é polêmico somente no contexto brasileiro. Vou por hora me concentrar na televisão, pois a enorme popularização da mesma nas residências dos brasileiros tem proporções assustadoras. Em qualquer sociedade democrática, a mídia tem um papel importantíssimo como instrumento de fiscalização do poder, divulgação e debate de idéias, entretenimento e muitos outros objetivos louváveis que devem ser protegidos. Por este ponto de vista, qualquer iniciativa no sentido de podar a liberdade da mídia é deplorável. Mas daí dizer que ela é intocável e incontrolável, há uma distancia muito grande. Em qualquer sociedade há de existir padrões mínimos de valores que devem ser compartilhados por todos e que normalmente estão acima de tudo. Um exemplo disso em termos legais é a existência dos direitos fundamentais que normalmente são expressos em todas as constituições das nações. Porque então é tão difícil no Brasil se estabelecer algum tipo de mecanismo visando encontrar o equilíbrio entre a liberdade de expressão e os valores básicos morais da nação? Provavelmente, a heterogeneidade cultural, econômica, racial, educacional, etc. do Brasil é uma das dificuldades, pois resulta em muitos interesses divergentes e até mesmo o consenso de quais sejam esses valores mínimos é difícil de ser atingido (vou tratar disto em outro texto). No entanto outro motivo que considero fundamental deve-se ao que chamo de síndrome da ditadura. Ainda vivemos resquícios do regime autoritário vivido há anos atrás e decidimos que, se for para errar, vamos errar pelo excesso de liberdade. Não somos capazes de criar mecanismos de controle na nossa sociedade pelo simples medo de sermos tachados de censores e coisa e tal. À mera menção de valores morais, vem logo a relação com o fascismo. Temos que nos libertar disso. Para que exemplo maior do que a sociedade francesa? Nação que nos apresentou os conceitos de Liberté, Égalité, Fraternité e que são valores fundamentais dos franceses há mais de 200 anos. Alguém duvida dos valores democráticos da sociedade francesa? Pois eles possuem conselhos de controle áudio-visual que discutem com os produtores de filmes e com a sociedade o que deve ser veiculado na TV, o horário de veiculação dos programas, a faixa etária de cada programa, e que critérios devem ser estabelecidos para se possuir a concessão de transmissão, dentre outras coisas. Eles definem que boa parte da programação deve ter caráter educativo e que as televisões públicas têm papel tão ou mais importante quanto às privadas. Tudo às claras com debate e participação popular. O que é mais triste na estória brasileira é que a própria mídia ainda não acordou (ou não tem coragem de se posicionar abertamente) para o problema. Quando se trata de clamar por controle do judiciário, do legislativo e do executivo, a mídia se investe no direito de fazê-lo (com toda razão) refletindo o clamor popular. Infelizmente este mesmo entusiasmo não existe quando se trata de olhar para o próprio umbigo. Não sei bem quais são as razões, corporativismo, medo de ser tachada pró-governo e/ou conservadora, não sei bem. Creio que a saída pra este problema se encontra nas mãos dos jornalistas. Se eles mesmos tomassem a iniciativa dessa mudança, essa poderia ser mais uma grande ajuda que estariam dando ao País.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Internet e Televisão

Nesta semana Bill Gates deu uma breve entrevista para a revista Time e dentre outros assuntos ele falou de como a Internet vai rivalizar com a televisão. Na verdade isto já está ocorrendo aqui nos EUA. As pessoas estão passando cada vez menos tempo na frente da telinha (mesmo que não seja mais tão pequena assim!) em troca de um tempo maior na Internet. As opções de vídeo disponíveis na web já permitem que as pessoas montem sua grade de programação de acordo com seu gosto e perfil. Critico muito a televisão (o conteúdo que nela é disponibilizado), mas ainda não me atrevo a dizer que a Internet é uma melhor alternativa. Na verdade, a diversidade e a dificuldade de se estabelecer regras de controle são ainda mais complexas no contexto da rede. O fato concreto é que a quantidade de vídeo disponível na rede já é bem volumosa e diversificada. Para os amantes do futebol relacionei três vídeos que considerei bem divertidos, somente para exemplificar o que se pode encontrar. Não se trata de montagem! Clique nos links abaixo para ver os vídeos.
Incríveis Gols Perdidos
Grandes Erros
Lances Engracados

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Solidariedade e Sonegação

Este artigo é de certa forma uma continuação ao texto previamente postado que versa sobre a corrupção (“Corrupção Enraizada”). Tenho observado que o incremento de iniciativas de solidariedade tem se tornado comum nos dias atuais na sociedade brasileira . Antigamente, as ações solidárias eram realizadas quase que exclusivamente em datas especiais como Natal, Páscoa, Dia das Crianças, etc. Atualmente, qualquer evento é motivo para uma campanha de solidariedade onde se propõe arrecadação de cestas básicas e distribuição das mesmas aos mais carentes. Isto tem um fator extremamente positivo e pode potencializar, sem dúvida alguma, a melhoria de vida dos mais necessitados. Nos países desenvolvidos, doações e filantropia são práticas comuns e servem para vários propósitos dentre eles para financiar a pesquisa científica (normalmente na área de saúde). No entanto, tenho percebido que em alguns casos no Brasil, as iniciativas solidárias vêm acompanhadas de um sentimento extremamente negativo à sociedade. O sentimento de que as ações solidárias são uma substituição às ações governamentais e que ao fazer isso o cidadão se desobriga a colaborar com o governo nas formas tradicionais que ele propõe. Cria-se uma espécie de justificativa para não colaborar quando se deve. O pagamento de impostos, por exemplo, é a forma tradicional encontrada pelos governos para financiar provimento de serviços de bem estar comum. A solidariedade não pode ser tratada como uma substituição ao pagamento dos impostos. É uma atitude inocente pensar que as duas coisas se compensam, pois há que existir uma entidade que tenha a capacidade de gerenciar as demandas e prover uma distribuição igualitária. Se os governos não estão sendo hábeis em realizar isso, não será a decisão de fazer o bem por si só que irá resolver (vejam a ligação com o texto anterior). Reitero que considero que a solidariedade é um de nossos grandes trunfos para melhorar nossa sociedade, mas a responsabilidade com os deveres persiste mesmo assim.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

A Difícil Tarefa de Construir Bons Programas de Computador

Aqueles que trabalham com computação sabem o quanto a tarefa de construir programas de computador (software) é difícil. Aqueles que são somente usuários devem perceber o mesmo, pois estão constantemente se deparando com problemas (os chamados “bugs”) que impossibilitam o uso correto de seus computadores. Desde a Microsoft com Windows , até a mais humilde e especializada software house, todos convivem com essa dura realidade. Ninguém está isento. Boa parte disso se deve a incipiência da Engenharia de Software. Os avanços em computação ocorrem em uma velocidade tão grande que não há tempo para que os fundamentos dessa engenharia se consolidem. Consequentemente a capacitação de pessoal fica prejudicada e todos acabam por aprender a viver neste contexto. É assustador quando se percebe o quão os computadores são vulneráveis tendo em vista a importância que eles tomaram e que vão continuar tomando em nossas vidas. Um exemplo de um fator que contribui para essa complexidade do processo de desenvolvimento de softwares é muito bem caricaturado neste filme postado no YouTube. Trata-se de uma propaganda de uma software house (uma das maiores do mundo!). Aliás, tenho minhas dúvidas se serve para vender uma boa imagem da empresa. O objetivo da Empresa era um, mas acho que o fato serve mesmo é para ilustrar, de forma divertida, a realidade de programadores no mundo todo. Impossível se obter qualidade em um contexto desses. Vejam o vídeo abaixo

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Sem tetos e a Internet : Les enfants de D. Quichotte

Os vídeos postados no YouTube de iniciativa da ONG les Enfants de Don Quichotte para protestar contra a política de tratamento dos SDF (Sans Domicile Fixe) é um exemplo de como a web 2.0 tem sido usada como instrumento de mobilização. Vejam um vídeo do dia em que os sem teto, com o engajamento de muitos com teto, começaram a dormir nas margens do Sena em Paris (clique aqui). Uma série de entrevistas com sem-tetos e com pessoas engajadas na causa foram produzidas e postadas no YouTube. Além disso, Les enfants de Don Quichotte possui um site onde mantém a população informada das iniciativas de mobilização e onde solicita doações http://www.lesenfantsdedonquichotte.com/v2/index.php. Alguém poderia pensar: que chique os sem-teto na Franca! Tem até acesso a Internet. A informação veiculada na rede não visa os SDF , e sim à população. O objetivo é convidar a participação e buscar solidariedade. Vocês conhecem outras iniciativas deste tipo? Estou me interrogando até que ponto novos instrumentos de apresentação da informação como os vídeos e blogs podem incrementar as ações populares e aumentar o engajamento.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Tecnologia Móvel

Tenho escrito sobre ciência, mas pouco sobre tecnologia. Pois bem, esta semana tive a oportunidade de dar uma palestra no centro de pesquisas da Nokia em Palo Alto. Fui apresentar umas idéias que estamos desenvolvendo em uma parceira Stanford e UNIFOR. Como se tratava de um trabalho que envolvia o uso de dispositivos móveis (como celulares, tablets, palms, etc.), acabamos por discutir um pouco sobre o futuro desta tecnologia. Um dos pesquisadores que estava assistindo a palestra me contou que no próximo mês a Nokia estará lançando seu celular com GPS (Sistema de Posicionamento Global - Global Positioning System) e que dentro em breve isto será uma característica comum em todos celulares. Para os que não são da área, quando falamos de GPS, fazemos menção a uma constelação de satélites de baixa órbita bem como a antena que capta os sinais destes satélites. No caso da Nokia, quando dizemos que o celular conterá GPS, estamos nos referindo à antena que capta os sinais dos satélites. Estes satélites têm a função básica de enviar para a antena as coordenadas geográficas da antena em um dado momento. Muitos já viram antenas GPS em cima de carros de polícia (Fortaleza, Rio e Natal, por exemplo). É claro que as antenas da Nokia serão bem menores! Espera-se que com essa inovação surja uma nova gama de softwares inteligentes que comecem a compreender o contexto do usuário do telefone. Assim, será possível rastrear o celular e aplicações de localização de pessoas serão vulgares(questões de privacidade à parte). Além disso, pode-se pensar em aplicações onde o celular "deduza" o interesse do usuário ao passar por um determinado local. Por exemplo, vamos assumir que no celular está armazenada a informação de que na residência do usuário do celular está faltando leite (informação que pode ser obtida automaticamente através de sensores na geladeira). O celular vai perceber quando o usuário passar por um supermercado (pois possui as coordenadas a partir do GPS e pode confrontá-las com mapas descrevendo pontos de interesse) e lembrá-lo de que ele precisa comprar leite. Seguem alguns vídeos (postados no YouTube) interessantes da Nokia demonstrando, em cenários hipotéticos, qual será o futuro da computação móvel dentro em breve.
Vídeo 1 : Conectando-se Facilmente
Vídeo 2 : Compartilhando Descobertas
Vídeo 3: O Papel dos Sentidos

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Energia Alternativa: Uma Grande Oportunidade

Um tema recorrente na imprensa Americana, principalmente nos editorialistas do New York Times (NYT) é a necessidade urgente de uma política interna que incentive o uso de energias menos poluentes e alternativas ao petróleo. As críticas à administração Bush são muito fortes só perdendo para a questão do Iraque. Aliás, as duas críticas convergem, pois a guerra no Iraque é por causa do petróleo e assim uma nova política de energia é ainda mais imprescindível. Recentemente Thomas Friedman (autor de O Mundo é Plano: Uma Breve História do Século XXI e editorialista do NYT) escreveu um artigo sobre a solução brasileira com o uso do etanol e conclamando o governo americano a adotar uma estratégia semelhante. Na verdade, os Estados unidos já produzem etanol em larga escala. O que eles precisam fazer é abrir o mercado e deixar de taxar o etanol que vem de fora. Há pressões de todos os lados, uma mudança na direção de incentivos a energias alternativas, como existente na Califórnia, deve estar por vir logo. Creio que neste ponto o Brasil está em uma posição extremamente avantajada, não só pelo etanol, mas também pelo biodiesel, e que podem nos dar vantagens competitivas duradouras. Como se vê, o cavalo está passando selado mas não é tão fácil montá-lo. Cabe-nos buscar quebrar uma tendência natural de que quem é rico fica mais rico. Muita diplomacia é necessária.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Corrupção Enraizada

Atreverei-me a discorrer sobre um assunto complexo e que me intriga há algum tempo: a corrupção no Brasil. Evidentemente corrupção não é exclusividade de nossa sociedade, mas tenho o sentimento que ela é um fenômeno que infelizmente tornou-se enraizado na nossa cultura. Com isso estamos perdendo o poder de nos indignar e de buscar reduzi-la. Tentar encontrar um único fator para explicar um fenômeno tão complexo é por demais reducionista. No entanto, quero me concentrar em alguns aspectos que considero relevantes ao tema. Primeiramente vou olhar para o fenômeno da corrupção focando no papel do corruptor, que considero o agente mais importante no processo. Segundo queria dizer que vejo a corrupção em todos os lugares e em todos os setores (por isso a considero enraizada). Não é “privilegio” de políticos, funcionários públicos, empresários ou quem quer que seja. Dito isso, quero me concentrar neste artigo no impacto que o enfraquecimento (ou mesmo o desconhecimento do papel) das instituições democráticas e de seus organismos pode ter na corrupção. Tomemos o conceito de governo, por exemplo. O governo é uma entidade criada pela sociedade com o objetivo de buscar o bem comum. Numa democracia, o governo se baseia na maioria, mas zela pelos direitos individuais e das minorias. A distribuição de renda e o atendimento aos mais carentes só é possível se houver um governo para coletar as contribuições (impostos) e gerenciar e atender às demandas. Independentemente de ser bem gerenciado ou não, o governo é a forma legítima escolhida pela sociedade para os fins supramencionados. Pois bem, o que tenho visto muito frequentemente é que os cidadãos brasileiros têm sentido repulsa pelo governo (não me refiro a um governo especifico, mas a noção geral de governo). Tornou-se uma entidade etérea a quem toda culpa se atribui e com quem não se possui nenhuma identificação. Várias formas de corrupção como a sonegação fiscal estão sendo justificadas por este sentimento. Não é muito difícil encontrar pessoas que recebem um bom salário, têm boa escolaridade e se prestam a “molhar a mão” de um guarda de trânsito para não serem multadas. Justificam: “Prefiro dar para o guarda do que para o governo”. “Ainda por cima eu ganho um amigo que poderá me fazer mais favores quando eu precisar”. Ações similares com outros agentes públicos como auditores fiscais, delegados ou mesmo membros do judiciário seguem a mesma lógica. Infelizmente, essa é a lógica perversa que tem prevalecido no País e que não se tem conseguido combater. Tenho a impressão que esta lógica não tem sido bem percebida por nós. Essa é a lógica que corrói cada vez mais as Instituições públicas e vai fazendo a sociedade viver dependendo de troca de favores. Se você conhece alguém em algum lugar importante, você consegue resolver seu problema. Senão, vai sofrer com a má qualidade dos serviços. E finalmente, é a lógica que gera falta de recursos financeiros suficientes para atender às demandas e prover qualidade nos serviços públicos, pois os valores a serem coletados não são nunca suficientes (fortemente em razão da corrupção/sonegação). Está criado o ambiente perfeito para alimentar o ciclo vicioso. Com a falta de recursos os governantes decidem por aumento de impostos, fortalecimento da fiscalização e ficam cada vez mais impopulares (aumentando a repulsa e fertilizando o terreno para mais corrupção). Creio que buscar quebrar este ciclo deveria ser prioridade para qualquer governante. Este é o verdadeiro pacto nacional que necessitamos.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Ensino Fundamental e Ensino Médio Americano – Opinião de Quem Está Perto

O pertinente comentário de Rubens no texto “Ensino Médio e Ensino Fundamental” deste blog sobre a idéia preconcebida que muitos brasileiros têm da escola americana, me motivou a escrever minha opinião sobre o tema. Eu também sempre escutei comentários de que o ensino médio americano não era muito exigente e que o nosso era melhor. Como acredito que a educação é a razão básica do desenvolvimento de uma sociedade, sempre desconfiei dessas afirmações. Note-se que este debate só tem sentido de ser feito quando se fala da escola privada brasileira!
Nossa experiência americana tem nos mostrado que as coisas não são bem da forma como pensamos. Acredito que essa percepção desvirtuada se deve a flexibilidade do sistema de ensino aqui, que busca atingir o interesse (e adequar-se ao perfil) dos alunos em diversas dimensões. Por exemplo, aqui é possível escolher as disciplinas que se quer fazer (mais ou menos como a Universidade no Brasil). Desta forma se não se quiser estudar muita matemática basta não fazer as disciplinas de trigonometria, geometria e outras relacionas. Faz-se somente o básico. É possível, por exemplo, optar por uma só ciência (ou biologia, ou física ou química). Não é obrigado fazer tudo. No entanto, quando se opta por essa ciência tem-se a possibilidade de vê-la com mais aprofundamento do que no Brasil. Para se ter uma idéia, Lara na disciplina de Informática esta aprendendo a programar em C++. Para os que não são familiares com o “infortimaquês”, basta saber que é algo que alunos de Computação na universidade no Brasil vêem no 2º ou 3º semestre. Nas aulas de biologia ela realiza experimentos, os valida usando técnicas estatísticas que também só são vistas na Universidade. O que percebemos é que os alunos que fazem intercâmbio normalmente preferem fazer escolhas de disciplinas mais fáceis. Escolhem sempre esporte, artes e coisas que são mais lúdicas. Assim o estudo mais aprofundado vai ficando para depois. Desse jeito é realmente bem menos exigente do que no Brasil. É possível, por exemplo, ganhar “créditos” fazendo trabalhos sociais como campanhas de solidariedade e ajudas aos idosos ou mesmo fazendo “tutoring” (auxiliar os alunos que estão com mais dificuldade em uma matéria). Creio que isto pode esclarecer um pouco mais o porquê dessa nossa imagem preconcebida. Como Lara disse na sua entrevista no texto supramencionado, no Brasil como se é obrigado a estudar tudo, tem-se uma visão mais abrangente, mas aqui eles têm uma visão específica, mais profunda. Creio que ambos os sistemas tem seus prós e contras. Creio, por exemplo, que essa estrutura de ensino americana explica porque temos uma percepção (que me parece mais fidedigna) de que os americanos não têm uma cultura muito diversificada e nem conhecem o resto do mundo. Esta visão abrangente sobre diversas coisas (como a geografia e a historia mundial) não são obrigatórias e muitas vezes são sacrificadas por outras matérias mais “interessantes” e que estão na moda, parecendo serem mais promissoras em termos de desenvolvimento profissional. Vale a pena ainda ressaltar que, comparando com outros países desenvolvidos, os alunos americanos não são os melhores, na verdade vêm piorando ano a ano, o que vem provocando muito debate aqui sobre a necessidade de mudanças no sistema educacional.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Nova facilidade para Comentar os Artigos

Caros leitores. Configurei o blog para que comentários aos textos passem a ser feitos de forma mais simples. Agora não há necessidade da pessoa que quer fazer o comentário se identificar. Só percebi que havia esta restrição depois que o blog passou a funcionar. Desta forma, espero que isto facilite e aumente as interações.

Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico: Por um Pecém do Conhecimento

Tenho escrito muito sobre ciência e tecnologia (C&T), pois é o assunto que mais me envolve nesta minha experiência Americana. Quero aqui dar um depoimento mais otimista sobre o contexto da C&T no Brasil. Os últimos 10 anos tem sido alentadores para o setor. Parece que os governantes e a classe empresarial começaram a perceber a real necessidade do setor e realizaram uma série de ações de fomento. A criação dos fundos setoriais (embora ainda contingenciados em boa parte) que direcionam recursos do orçamento federal para investimentos em C&T, a lei de inovação que promove a criação de tecnologia e a realização de pesquisas nas Empresas e a lei de informática que promove o investimento de recursos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em Informática são exemplos destas iniciativas. Muito ainda há por ser feito, mas pode-se perceber que o caminho começa a ser pavimentado. Um dos passos que ainda não demos, em particular no Estado do Ceará, refere-se à percepção (e à concretização dessa percepção) pela sociedade de que a política de C&T deve ser encarada com uma política de desenvolvimento econômico. Recentemente acompanhei pelos jornais a mobilização da sociedade cearense em clamor para que o plano da siderúrgica no Pecém pudesse ser concretizado. Percebi o quanto setores da mídia, da classe política e da classe empresarial se mostraram atuantes, buscando pressionar a Petrobras para que o contrato de fornecimento de gás fosse mantido nas circunstâncias definidas em acordos prévios. Esta ação demonstra implicitamente a percepção geral do quanto este projeto tem relevância no desenvolvimento industrial do Estado. Creio que precisamos atingir esse nível de sensibilização da sociedade no que concerne a importância de C&T como desenvolvimento econômico. Embora seja louvável a busca por crescimento industrial, pois esta atividade econômica pode beneficiar cidadãos sem qualificação especializada, é consenso que se vive na era do conhecimento. Atividades profissionais ligadas à produção de conhecimento são as que permitirão o incremento significativo dos indicadores econômicos, principalmente se as empresas que as realizam possuírem a capacidade de inserção no mercado mundial. Evidente que isso não se faz da noite para o dia e que correlato estão os investimentos em educação superior e tecnológica, mas temos que começar logo. Nossos vizinhos pernambucanos, por exemplo, já acordaram para o fato e desenvolvem há algum tempo uma política agressiva na área.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Os próximos 50 anos

Alguns colegas que sabem de meu vício por livrarias têm me solicitado sugestões de livros. Não me sinto confortável para sugerir livros de ficção, pois os acho muito pessoal. Vou arriscar uns não-ficção de vez em quando. Um que acabei de ler e achei interessante faz uma coletânea de ensaios de 25 cientistas sobre como será o futuro da ciência daqui a cinqüenta anos (“The Next Fifty Years: Science in the first half of the twenty-first century”, Editado por J. Brockman, Vintage Books, 2002). Diferentes assuntos como genoma humano, astro biologia, computação quântica, inteligência artificial são tratados em ensaios por biologistas, psicólogos, físicos, químicos, neurocientistas e cientistas de computação, entre outros. É uma tarefa desafiadora e arriscada, pois por melhor que seja o cientista, as bolas de cristal não são distribuídas nas Universidades. J No entanto, a maioria dos textos é muito instrutiva, pois o linguajar é simples e didático. Permite-nos compreender onde está a ciência hoje e quais são os desafios para o futuro. Para os professores, sugiro em especial o capítulo escrito por Roger Schank, um pesquisador em Inteligência Artificial, que tem focado suas pesquisas em computação para educação. Ele tem uma visão muito crítica do processo educacional atual e acredita que uma mudança radical tem que ocorrer (mais do que uma previsão, ele faz uma conclamação). Com a computação ubíqua (computador em todo canto e a todo o momento), ele acredita que mesmos as paredes vão poder responder perguntas. Por conseguinte, a educação deve ser focada na realização de perguntas e não no provimento de respostas. As respostas, as máquinas poderão dar. Em suma, ele diz que os professores tem que deixar de fazer perguntas e exigir que os alunos as façam.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

O Ensino Fundamental e o Ensino Médio na Califórnia: Opinião de quem está vivendo

Quando cheguei aqui uma das coisas que mais me preocupava era a escola onde iria colocar minhas filhas. Afinal com tanto filme e noticiário que nos mostram uma realidade violenta, não tem pai que não fique preocupado. A escola é gratuita, mas não se tem direito de escolhê-la fora da área onde se mora (distrito escolar). Decidi morar em uma cidade pequena onde a maior parte da comunidade é asiática (chineses e indianos) e onde se encontram algumas das melhores escolas dos EUA. A avaliação das escolas é feita por uma prova realizada por todos os alunos do País. Depois destes meses, tenho uma opinião formada sobre a escola americana (evidentemente com base nas escolas de minhas filhas e, por isso mesmo, um pouco tendenciosa). Ao invés de descrever minha opinião, resolvi fazer uma pequena entrevista com Lara e Lia e perguntar a opinião delas. Lia está no ensino fundamental (3º ano) e Lara no ensino médio (2º ano).
Lia, o que você prefere na escola americana em comparação com a brasileira?
Aqui tem computer class (ela mistura inglês com português todo o tempo!) toda quinta. Em Fortaleza só tem de vez em quando. Ano passado só fui duas vezes, pois era numa sala em outro prédio e quase sempre tava ocupada. Aqui tem aula de artes que é muito legal. Gosto de ajudar a professora na hora do lunch, pois com isso ganho dinheiro (todo dia a professora escolhe ajudantes para auxiliá-la no almoço. Os ajudantes podem almoçar de graça. É assim que Lia economiza o dinheiro do pagamento (o almoço não é de graça)).
O que você acha melhor na escola de Fortaleza?
Em Fortaleza tem uma professora para cada matéria. Eu gosto mais porque eu conheço mais professoras. Em Fortaleza eu também acho melhor porque almoço em casa. A comida de casa é melhor do que a da escola aqui.
Lara, o que você prefere na escola americana em comparação com a brasileira?
Na maioria das coisas a escola daqui (Califórnia) leva vantagem. Os professores são melhores, os alunos são mais comprometidos e o material disponível é muito melhor. Nas aulas de laboratório usamos equipamentos individuais e o conteúdo é muito mais aprofundado. Em resumo, qualquer aula aqui é mais bem dada do que em Fortaleza. Mesmo uma aula que aparentemente não é muito exigente como artes, todo mundo leva a sério e você acaba aprendendo muita coisa. Em Fortaleza, o comprometimento dos alunos é muito pequeno e os professores têm muito pouco moral.
O que você acha melhor na escola de Fortaleza do que aqui?
O conteúdo da escola de Fortaleza é mais abrangente do que aqui. Acho que o vestibular exige que se dê uma matéria muito ampla. Muita coisa que é vista em Fortaleza não é vista aqui. Ou seja, na Califórnia o estudo é mais aprofundado, em Fortaleza é mais abrangente, mas se aprende menos. Tem matéria demais. Gosto mais dos livros brasileiros, pois têm mais exemplos. Acho que no Brasil há mais incentivo para socialização. Aqui (na Califórnia), os alunos são mais concentrados no estudo e se socializam menos.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Empreendedores Sociais

O editorial de Nicholas Kristof no New York Times de 30 de Janeiro descreve alguns exemplos de um novo tipo de empresário na mesma linha de Muhammad Yunus, o vencedor do Nobel da paz por sua iniciativa de financiamento aos pobres em Bangladesh. Kristof chamou estes empresários de Empreendedores Sociais. Na África onde as crianças morrem de diarréia por falta de saneamento básico, Isaac Durojaiye abriu uma franquia de banheiros públicos. Ele fornece os banheiros para área menos favorecidas e desempregados se tornam os franquiados com a tarefa de educar o povo e coletar uma pequena taxa pelo uso do banheiro. Sessenta por cento do ganho fica com o franquiado e o restante financia a compra de mais banheiros. Na Austrália, um empreendedor social criou a Easy Being Green que distribui gratuitamente luzes e chuveiros elétricos de baixo uso de energia em troca de parte dos créditos na economia que os donos da casa têm em conseqüência do uso desses equipamentos menos gastadores. De posse dos créditos, a Easy Being Green os vende para a indústria que normalmente está no débito (usa mais energia do que tem direito). No final a Empresa ganha dinheiro e ainda ajuda a economizar energia. Kristof cita outros exemplos e conclui que estas iniciativas ilustram que mudanças positivas podem vir muito mais com criatividade do que com poder ou dinheiro. Ajudem-me a relacionar iniciativas de empreendedores sociais no Brasil.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Seu Doutor ou Seu PhD ?

Tenho sempre encontrado pessoas que confundem o significado da abreviação PhD. Uma coisa se sabe: é um termo pomposo para definir alguém com competência em um assunto! PhD significa em inglês Philosophy Doctor. As pessoas que fazem doutorado em países de língua inglesa recebem este título e podem ser chamadas de doutor. No Brasil todo mundo é chamado de doutor (por diversas razões como dinheiro, educação, poder, etc.). Doutor passou praticamente a ser pronome de tratamento como Sr. No resto do mundo os doutores são os médicos e aqueles que fizeram doutorado. Voltando a questão, PhD é a mesma coisa de Dr.( Dr. de quem fez doutorado!). Nos países de língua francesa, ao concludente de um doutorado diz-se ser um Docteur es Science - DSc. Alguns chegam a pensar que PhD refere-se a algo mais importante do que o doutorado e confundem com o pós-doutorado. Não tem nada disso. O pós-doutorado refere-se a um estágio que professores/pesquisadores fazem em Universidades, que não a sua de trabalho, com o objetivo de reciclagem e estabelecimento de colaborações. Corresponde ao que na maioria dos outros países se chama estágio sabático. Alguns países têm a praxe de permitir que professores/pesquisadores tenham um estágio sabático, de 6 meses a um ano, para cada sete anos de trabalho. O objetivo é manter o professor atualizado e motivado.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Orgulho de Ser Brasileiro (O Patriotismo Brasileiro na Copa)

Recebi de meu pai (que é um patriota com P maiúsculo) a sugestão de ler o artigo que saiu no jornal O Povo recentemente na seção jornal do leitor escrito por Humberto Hadad (http://www.opovo.com.br/opovo/jornaldoleitor/664790.html). Nele o autor apresenta várias razões para sermos orgulhosos do Brasil. Ele menciona as nossas belezas naturais e algumas ações tomadas por governos como a política de combate a AIDS e até a quantidade de Empresas que possuem certificado ISO que é maior do que nos outros países latino-americanos. Na parte final do artigo o autor conclama para que sejamos orgulhosos de ser brasileiro da mesma forma que o somos quando nossa seleção participa da copa do mundo.
Mas será que todas essas realizações mencionadas nos dão mesmo razões para sermos orgulhosos da mesma forma que o somos com o futebol? Nosso futebol certamente nos dá motivo de orgulho (embora com algumas decepções momentâneas). Podemos fazer o mesmo exercício que Humberto e relacionar uma série de coisas positivas no Brasil. Não será difícil encontrá-las, pois somos um país grande e inegavelmente com muitas potencialidades. No entanto, creio que poucas coisas representam o nosso país tão bem quanto o futebol. Brasileiros de todas as classes, raça ou credo, se vêem nos Ronaldinhos, Kakás e Romários, pois eles são a cara do Brasil. Possuem origem semelhante a tantos de nós. E é essa imagem do povo brasileiro que representa bem o País com maestria. Neste ponto o futebol serve como válvula de escape para o problema que mais nos aflige e nos leva a este constante estado de crítica: o fato de não termos conseguido ser uma população mais igualitária. O fato de não termos muitas realizações de todos. Quando mencionamos o sucesso que temos em setores diversos não conseguimos passar essa idéia de que é uma realização coletiva. O futebol consegue. Não discrimina ninguém.